Para empresários, burocracia dificulta crescimento internacional; Fieb ajuda

Para eles, apesar de contar com bons produtos, a Bahia e o Brasil ainda têm muito a aprender com os outros países

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  • Gabriel Rodrigues

Publicado em 5 de março de 2017 às 14:15

- Atualizado há um ano

Atuar no mercado internacional parece um bicho de sete cabeças para grande parte dos empresários, mas quem leva a marca para fora do Brasil garante que em muitos aspectos é mais fácil manter o negócio no exterior. Diretor da Próton Sistemas, empresa que vende software de gestão empresarial, Adolfino Neto  afirma que não teve dificuldades para iniciar o seu trabalho na Costa Rica. Ele aponta a complexidade fiscal brasileira como principal problema para quem quer criar um negócio por aqui. “Existe um problema gravíssimo no ambiente de negócio brasileiro que é a complexidade fiscal do país. Ele gera uma série de barreiras para as empresas atuarem fora da região em que elas estão”, afirma ele. “No Panamá, na cidade de Colón, que é uma área de livre fronteira, você abre uma empresa em dois dias, no terceiro já está vendendo produtos”, continua. Adolfino diz que legislação tributária brasileira atrapalha empresários (Foto: Divulgação)Para Adolfino, apesar de contar com bons produtos, a Bahia e o Brasil ainda têm muito a aprender com os outros países. “Temos bons produtos, mas temos mais a aprender justamente pela burocracia e complexidade fiscal. Esse para mim é o problema. Se você tem um produto pronto, atendendo às necessidades, para colocar lá fora é muito mais fácil do que o monstro que a gente pensa”, afirma o empresário, antes de concluir: “Aqui no Brasil tem a base de cálculo, outras obrigações para entregar ao governo, uma guerra fiscal. O Brasil é extremamente caro por conta da legislação fiscal que existe no país. É complexo atender às exigências de cada estado”.  A reclamação dele é a mesma de Raimundo Primo Macedo. Produtor da Cachaça Limoeiro, com atuação em países como Bélgica e Alemanha, Raimundo afirma que a burocracia brasileira ainda dificulta para os empresários. “O Brasil é muita taxa, muito imposto. Na Europa, a taxa é sobre o teor de álcool, isso nos dá condições de negociar melhor”, afirma ele. “Aqui a condição para os pequenos é a mesma das grandes produtoras de cachaça, estão tentando mudar, mas temos dificuldades”, aponta.Para Raimundo Macedo, porém, a alegria dos baianos é um ponto positivo dos nossos produtos e faz diferença no mercado externo. “Temos essa questão da alegria, energia, que a Bahia tem como diferencial”, diz ele, complementando: “Além de levar a chachaça, estamos produzindo um produto de primeira qualidade, mostrando que temos requinte e tecnologia. Hoje, nós temos alambiques na Bahia com tecnologia de ponta, mostrando que a chachaça baiana está no mesmo nível de qualquer outra cachaça brasileira”. Responsável pelo projeto de levar a  Acqua Aroma para o exterior, Lua Serafim aponta que muitos países são favoráveis ao empreendedorismo, o que facilita a entrada. Ela lembra, no entanto, que é importante ter suporte antes e consultoria para entender a legislação vigente em alguns países e os hábitos dos consumidores de fora do Brasil.“Começamos da mesma forma no Brasil, tornando nossos produtos presentes em lojas multimarcas e conhecidos pelos consumidores. Os 12 anos de mercado antes de aderir ao franchising foram fundamentais para conhecer melhor o consumidor, fortalecer nossos diferenciais e preparar nossa estrutura empresarial. Agora, podemos afirmar que estamos prontos para expandir”, garante. (Foto: Divulgação)

ENTREVISTA: Patrícia OrricoGerente do Centro de Internacionalização de Negócios da Fieb, Patrícia Orrico explicou a atuação do órgão que já ajudou 73 empresas baianas a levar suas marcas para fora do Brasil. Segundo ela, é importante pesquisar e montar uma estratégia antes de atacar novos mercados.   

Como é o programa no Centro de Internacionalização de Negócios?Na realidade, o programa faz parte de uma rede formada e conduzida pelo Centro de Internacionalização de Negócios e cada estado tem sua atuação e forma política de conduzir o processo. Quando a gente melhora a competitividade da empresa, ela é capaz de vencer em qualquer estado, seja internacional, ou mesmo no nosso.

O que as empresas precisam fazer para participar do CIN?As empresas interessadas em participar do Centro de Internacionalização de Negócios da Fieb precisam apenas realizar um cadastro e participar das atividades desenvolvidas. 

Existe um perfil de empresa buscado pelo CIN?A gente não exclui uma empresa do processo. É um processo próprio do grupo que vai poder acompanhar no ritmo que ele atua. Tem empresa no estágio preliminar, inicial, que a gente dá o apoio para a melhoria da gestão, do protegido. Existem outras empresas que já absorvem mais rápido a situação de atuação e só precisam de algumas intervenções e apoios para colocar a marca no exterior.

Quais são os serviços oferecidos pelo centro?As competências do centro são questões ligadas à melhoria das empresas no mercado internacional e competitividade para enfrentar o mercado local. Além da parte estruturante, temos um setor de inteligência para  identificar mercados e  conhecer suas regras, como o mercado se movimenta para o produto, adequação e as formas, já que cada mercado tem a sua dinâmica.

Qual o retorno esperado pela Fieb nesse processo?Nosso retorno principal é atender as empresas baianas para que sejam competitivas, interajam com o mundo, além de abrir novos mercados.