Para ministro do Meio Ambiente, críticas são 'desinformação'

Ricardo Salles afirmou que o Brasil quer "desmistificar" que houve flexibilização da legislação ambiental

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  • Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2019 às 08:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Antonio Cruz/Agência Brasil

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o Brasil quer "desmistificar" para a comunidade internacional, durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), que houve uma flexibilização da legislação ambiental durante o governo Bolsonaro. Segundo ele, é preciso esclarecer a situação da Amazônia e exaltar as oportunidades de investimento no País."(Queremos) Desmistificar essa falsa ideia de que houve um desmonte do sistema ambiental, de que houve flexibilização da legislação ou da fiscalização, de que o Brasil não se importa com meio ambiente. Não é verdade. Temos que esclarecer tudo isso para que essas mentiras ou desinformações não continuem a ser repetidas", disse o ministro, que recebeu o jornal O Estado de S. Paulo em um café no hotel onde está hospedado em Nova York.A presença do ministro coincide com a greve do clima, que mobilizou milhares de jovens em 130 países na sexta-feira, e permeia a Cúpula do Clima, que acontece nesta segunda-feira, 23, e a Assembleia-Geral das Nações Unidas, que será aberta na terça-feira (24), com discurso do presidente Jair Bolsonaro.

Neste domingo, 22, um grupo de empresários brasileiros e organizações não governamentais promoveram em Nova York um evento no qual lançaram um desafio para construir o que chamam de "Amazônia Possível". O evento, voltado para pedir que o setor empresarial se comprometa a combater crimes ambientais em suas cadeias - a fim de conter o desmatamento na Amazônia - teve a presença de Salles. O ministro pediu para participar da discussão.

A presença do governo federal não estava prevista, mas Salles pediu para participar. Por uma hora e meia, escutou e tomou notas do que disseram pessoas como o empresário Guilherme Leal, cofundador da Natura e integrante do Conselho do Pacto Global da ONU, Marcello Brito, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), e o cientista Carlos Nobre, da USP.

'Monalisa'. Ao final do evento, Salles foi convidado a se pronunciar. André Guimarães, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e facilitador da Coalizão Brasil Clima Florestas e Agricultura, que mediou o diálogo, pediu mensagens "inspiradoras" do ministro. Salles lembrou declarações dos participantes, mas não chegou a se comprometer com soluções.

"Vamos salvar a Monalisa como fazer mais, melhor", disse em referência a uma fala de Denise Hills, diretora de Sustentabilidade da Natura. Ela afirmou que o País está "queimando" sua "Monalisa", ao dizer que a Amazônia é o tesouro do Brasil. O ministro também disse que a chave é conseguir ambas as coisas: proteção do ambiente com desenvolvimento.

Durante sua manifestação, alguns participantes chegaram a sair da sala em protesto e dois jovens da organização Engajamundo fizeram uma manifestação silenciosa com máscaras no rosto que diziam: "Salles, ecocida".

Salles disse ao Estado que se tivesse espaço, gostaria de poder falar na Cúpula do Clima da ONU. O programa não inclui o Brasil entre os países que terão direito a discursar. A cúpula foi convocada pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, para que os países sejam mais ambiciosos nos projetos de preservação.

O presidente Jair Bolsonaro desembarca na segunda-feira às 16h40 (horário de Brasília) em Nova York. Até o momento, a agenda do presidente está limitada à realização do discurso, marcado para as 10h de terça. A indígena Ysani Kalapalo, moradora de uma aldeia no Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, irá acompanhar a comitiva brasileira. Ela foi convidada pelo presidente para viajar com a comitiva do governo aos EUA.

De acordo com o Itamaraty, ainda não está na agenda oficial um jantar com o presidente americano, Donald Trump, anunciado por Bolsonaro. O americano receberá chefes de Estado em um jantar na noite de segunda-feira.

O presidente brasileiro ainda se recupera de uma cirurgia feita no último dia 9. A equipe médica do Planalto acompanhará Bolsonaro na viagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.