Paralisação: 900 ônibus de Salvador atrasam a saída das garagens

Confira os locais onde os coletivos só vão sair das garagens a partir das 8h

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  • Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2018 às 05:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto Mauro Akin Nassor/CORREIO

Os ônibus do consórcio OT Trans (cor verde), do sistema Integra, que fazem linha na região do Miolo da cidade estão sem circular na manhã desta quarta-feira (16). Cerca de 900 coletivos estão nas garagens e só devem sair por volta das 8h. De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, quatro garagens participam da paralisação. A frota total na cidade é de cerca de 2.500 coletivos.

Um grupo de rodoviários está reunido em uma das garagens, na Avenida San Martin. Outro grupo está bloqueando a frente de uma garagem no bairro de Granjas Rurais, na região da Estação Pirajá, desde as 4h30, segundo informações do Centro Integrado de Comunicação (Cicom), da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Os ônibus da OT Trans contemplam as áreas entre Mussurunga e Pernambués, incluindo Cajazeiras e Pau da Lima. Os bairros do Cabula e Narandiba também foram afetados com a paralisação.

Já os coletivos dos consórcios Plataforma (amarelo), que circulam no Subúrbio, e Salvador Norte (azul), que circulam no Centro/Orla, estão circulando normalmente."Pedimos desculpas por chegarmos em uma situação dessa, mas não tem mais diálogo. Não temos outra alternativa ao não ser protestar", disse o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Hélio Ferreira, em entrevista à TV Bahia.Algumas linhas dos outros consórcios estão sendo remanejadas para atender a população. 

Cerca de 200 motoristas permanecem de braços cruzados na garagem G2 da empresa de transporte OT Trans, na Avenida San Martin, desde as 4h. De acordo com a categoria, os ônibus só devem voltar a circular por volta das 8h.

O motorista Edmilson Silva, 56 anos, explica que além de reivindicar um reajuste nos salários, a categoria é contra a reforma trabalhista. 

Ainda segundo ele, a intenção da empresa é mudar a data de pagamento dos profissionais. Eles, ainda segundo o motorista, recebem 60% do salário no dia 1º de cada mês e 40% na primeira quinzena. Com a mudança anunciada pela empresa, a primeira parte dos salários passaria a ser paga no dia 20 e a segunda parcela oito dias depois. "Não podemos aceitar porque temos compromissos a acertar, como,  por exemplo, contas fixas. Caso isso aconteça, vou ter que arcar com juros de contas que não vou ter condições de pagar", explica Edmilson, que faz a linha Doron/Barra.Paralisação De acordo com a categoria, a paralisação é uma forma de pressionar o sindicato patronal para negociar os salários da categoria. Há uma rodada de negociação entre representantes da categoria e dos empresários prevista para ocorrer às 10h desta quarta-feira, no Ministério Público do Trabalho (MPT). 

O secretário municipal de Mobilidade, Fábio Mota, informou que se os ônibus não cumprirem o horário previsto em contrato, as empresas serão multadas.

O diretor adjunto do departamento jurídico do Sindicato dos Rodoviários, Pedro Celestino, afirmou que esta medida foi a única saída encontrada. "Até agora, tivemos a habilidade de fazer uma campanha sem atingir a população direta ou indiretamente. Mas chegamos ao dia 15 e não há nenhum movimento dos empresários em negociar. Essa preocupação só surge quando atingimos a população. Infelizmente, esse é o único mecanismo que temos para chamar a atenção do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público e dos empresários. Esgotaram todos os calendários de negociação", alegou.

Ele informa que o sindicato não quer conceder nenhum aumento e que a categoria reivindica um reajuste de 5%. "Eles alegam que estão com dificuldades de operar, que tiveram um prejuízo de R$ 280 milhões no período de um ano", explica Celestino. O número foi corrigido pelo Consórcio Integra.

Procurado pelo CORREIO, o assessor de relações de trabalho do Consórcio Integra, Jorge Castro, explicou que, de fato, não foi feita nenhuma proposta à categoria até agora por conta dos prejuízos que, segundo ele, as empresas estão tendo. "Foram R$ 334 milhões em um ano e só esse ano já foram R$ 113 milhões. Como se negocia assim? Vamos ver se amanhã (quarta), no Ministério Público do Trabalho, surge alguma luz", afirmou.

Fábio Mota informou que está acompanhando o impasse entre os rodoviários e as empresas e que a Semob está mediando para evitar que haja uma greve de ônibus na cidade. "Já instalei mesas de negociação e estamos evitando que haja um greve", concluiu.