Paralisia cerebral: tratamento multidisciplinar é o segredo para uma vida ativa

Terapias devem começar a partir do momento em que a doença for diagnosticada

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  • Do Estúdio

Publicado em 9 de novembro de 2018 às 20:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Shutterstock

A disposição de Roberto Sabino, mais conhecido como Sulinha, 44 anos, surpreende todos os colegas do clube de corrida o qual ele integra em Recife, Pernambuco. Vítima de paralisia cerebral, também é um dos mais assíduos. “Ele ama ir para o treino com o Hapvida +1K. Se dependesse dele, ia todo dia. Faz várias amizades e não tem preguiça. Faz tudo que a professora pede”, conta Rosa, irmã de Sulinha.

Desde que passou a integrar à equipe, há dois anos, muita coisa já mudou. “Ele não está tão estressado, dorme melhor, come bem, está mais sereno e mais calmo. Diminuiu a agitação que ele tinha antigamente. Melhorou a autoestima e a coordenação motora”, comemora a irmã, que cuida de Sulinha desde quando ele foi diagnosticado com a doença, aos dez meses de vida.

 

Os resultados positivos vão muito além da percepção de Rosa. Aparecem nos exames periódicos e são até motivos de elogios de alguns médicos. “Foi para o cardiologista e ganhou parabéns, porque a pressão está boa e os demais exames em perfeito estado”, conta Rosa.

Se manter ativo, praticando uma atividade física, é mesmo um importante passo para quem tem paralisia cerebral. Mas “é um tratamento complexo que precisa de múltiplos profissionais”, como ressalta Marcos Almeida, ortopedista pediátrico do Hapvida. E quanto antes se inicia o tratamento, melhor o resultado.

Isso porque a paralisia cerebral é uma lesão que acontece no cérebro da criança, entre 0 e 2 anos, na região que é responsável pela motricidade, interferindo nos movimentos. Por conta disto, a criança terá uma deficiência na musculatura e não conseguirá se desenvolver no ponto de vista ortopédico. Os músculos, além de ficar fracos, ficam muito contraídos.

“A gente só consegue evitar que as deformidades agravem se estivermos acompanhando o paciente desde o início do diagnóstico. Os músculos vão produzindo as deformidades gradualmente. Quando o ortopedista vê os primeiros sinais da deformidade, pode fazer cirurgias musculares ou aplicação de toxina botulínica e evitar que a deformidade progrida, se transformando em óssea. Quando se transforma, são cirurgias mais graves e complexas”, explica o ortopedista. Rosa Sabino vive com o irmão Sulinha: "Ele é um guerreiro e nunca desistiu. Sempre foi um exemplo de superação” (Divulgação) Superação Não é regra, mas em alguns pacientes a paralisia cerebral compromete a parte cognitiva. É o caso, por exemplo, de crianças que nascem como microcefalia. Nestas situações, há mudanças comportamentais e é necessário, também, acompanhamento de psicólogos e psiquiatras. Na maioria das vezes, no entanto, dá para ter uma vida ativa como qualquer outra pessoa tem.

“Pode dirigir com carros adaptados, casar, ter filho. Depende do grau de lesão e do quanto foi habilitado quando pequeno. Por isso é necessário que na infância tenha um arcabouço terapêutico e familiar bom para que a criança possa se habilitar. Você dando um suporte legal, ela vai ficar bastante autônoma. Vai saber se virar”, salienta Renata Episcopo, neuropediatra do Hapvida.

Sulinha é a prova disto. Estuda, faz esporte e vez ou outra vai sozinho comprar alguma coisa que falta em casa. “É mito achar que eles não são capazes, que não têm capacidade de evoluir. Pelo que eu vejo dele, tem capacidade sim e muita. Não tem total discernimento das coisas, mas é capaz de comprar algo que eu quero. Basta eu dar a quantidade de dinheiro certo e o que eu quero comprar”, conta Rosa, ao ressaltar que boa parte do desenvolvimento dele é resultado de inúmeras terapias que faz desde bebê.

O resto ela atribui à força de vontade de viver e ser feliz. “Sulinha é um guerreiro e nunca desistiu. Sempre foi um exemplo de superação na nossa casa”, diz.

Principais causas da paralisia cerebral - Privação de oxigênio - Infecção congênita - Prematuridade - Trauma craniano - Consequência de doenças como icterícia, meningite e microcefalia - Fator RH incompatível entre mãe bebê

Quem deve acompanhar uma pessoa com paralisia cerebral Neuropediatra – Diagnostica e analisa o desenvolvimento cognitivo e motor da criança;Ortopedista - Trata as deformidades, com aplicações de toxinas botulínicas e cirurgias, e acompanhamento do desenvolvimento motor;Fisiatra - Auxilia a restabelecer as funções que foram prejudicadas pela doença. Planeja as órteses ou próteses;Fisioterapeuta - Ajuda a tornar a criança mais capaz e independente;Terapeuta ocupacional – Auxilia a se desenvolver melhor nas atividades diárias;Fonoaudiólogo – Ensina a falar melhor;Psicopedagogo - Ajuda no ensino, aprendizado;Psiquiatra e psicólogo - Casos de alteração comportamental importante, geralmente quando há perda cognitiva;Profissionais de atividades recreativas - Artes marciais, dança e natação ajudam a estimular coordenação motora

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