Parecia Carnaval: torcida celebra 30 anos do título de 88

Levada Tricolor contou com pelo menos 70 mil torcedores nas ruas de Ondina e Barra

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 17 de fevereiro de 2019 às 21:14

- Atualizado há um ano

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. por Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Muita coisa mudou na vida de Omar Bispo Machado, 43 anos, desde aqueles 15 e 19 fevereiro de 1989, quando o Bahia disputou as finais do Campeonato Brasileiro de 1988 contra o Internacional. Para começar, o torcedor fanático tinha apenas 13 anos e quase nenhum autonomia para ir sozinho ao estádio. Outra coisa que mudou foi o amor pelo clube, que só cresceu a partir dali.

Após o Bahia vencer na Fonte Nova por 2x1 e segurar o empate no Beira-Rio, Omar teve a oportunidade de ver seu time ser campeão brasileiro pela primeira e única vez. Na próxima terça-feira (19), todo esse sonho completa 30 anos de realização. Nada mais justo do que uma comemoração à altura do feito. Como estamos falando de Bahia, nada mais justo do que uma missa na Igreja do Senhor do Bonfim seguida de uma festa comandada por um trio elétrico. A missa aconteceu na sexta-feira (15). Já neste domingo (17) o trio batizado de Levada Tricolor saiu no circuito de Carnaval.

Coincidência ou não, tanto o Bahia quando Omar passaram por muitos dramas em suas vidas nos últimos 30 anos. Enquanto o tricolor já chegou a bater na Série C e passou pela queda da Fonte Nova, o torcedor sofreu um acidente quando tinha apenas 23 anos e ficou sem o movimento das pernas. Um dos seus maiores refúgios em sua recuperação foi justamente o amor pelo Bahia.“Aquele foi o dia mais feliz de minha vida. Na Fonte Nova, eu fui com meu tio e uma galera de Simões Filho, onde moro. Todo o mundo amontoado no carro e a gente dava um jeito. No jogo de volta, assistimos por aqui mesmo e foi lindo, cara. Até hoje tenho guardado o pôster da revista Placar com a foto dos campeões”, relembra Omar.Frequentador assíduo da Fonte Nova, ele teve a companhia de seu amigo, vizinho e escudeiro João Anastácio para acompanhar a folia da Ondina até o Farol da Barra. Omar cantou todas as músicas, desde os sucessos da axé music puxados por Ricardo Chaves, que comandou a festa no trio, até os cânticos da torcida do Bahia. Sem contar, é claro, com o hino do Bahia que era cantado a cada dez minutos.

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Presidente da Associação dos Campeões Brasileiros de 88 (ACB 88) e principal organizador do evento, João Marcelo foi o primeiro a chegar ao trio. Ele contou que durante as comemorações uma série de fotos e vídeos estão sendo realizados para o lançamento de livro, documentário e memorial sobre a conquista. Muito emocionado, o ex-zagueiro afirmou que ainda não caiu a ficha sobre o título e, às vezes, parece que tudo é um sonho.“Foi uma grande conquista para o futebol do Nordeste. Com certeza a maior de todas. Essa comemoração é para preservar a nossa história e dar um presente para o torcedor”, afirmou João Marcelo.Com exceção do goleiro Sidmar, todos os jogadores que participaram do bicampeonato estavam no trio. Nomes como Bobô, Zé Carlos e até o técnico Evaristo de Macêdo, aos 85 anos, participaram da folia. No trio, além de Ricardo Chaves, o cantor Tonho Matéria marcou presença e ajudou a puxar aqueles que costumam roubar o protagonismo de toda história que envolve o Bahia: os torcedores. Pelo menos 70 mil deles, segundo números da Polícia Militar, estavam por lá cantando e pulando orgulhosos da própria história. Desde aqueles que viveram a emoção, como Omar, àqueles que nem sonhavam em estar vivos na época, como João Anastácio, que hoje tem 25 anos.

Conhecido como PC da Corneta, o militar Paulo César de Oliveira afirmou que a grande graça do Bahia é que o time tem tudo a ver com o seu próprio hino, que tem todas as suas estrofes cantadas na segunda pessoa do plural. Como se o time não caminhasse sozinho ou apenas fizesse sentido a partir da união de seus torcedores. “Vamos serás o vencedor/ Vamos, conquista mais um tento”.“É uma torcida tão incrível que está abrindo o maior carnaval do mundo!”, exclamou o folião-torcedor antes de se perder no meio da muvuca. "PC da Corneta" anima a torcida do Bahia há mais de 30 anos (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) A agenda de comemorações segue até terça (19), quando o título de 88 completa seus 30 anos efetivamente. Nessa segunda (18), os jogadores realizam uma visita ao Fazendão e na próxima terça-feira (19) o elenco campeão vai até a Arena Fonte Nova para um café da manhã. Neste evento, o Bahia vai anunciar algumas novidades sobre o museu do clube que será construído no próprio estádio.

*Com supervisão do subeditor Ivan Dias Marques