'Parecia o casal perfeito', diz amiga de professora morta pelo marido em escola

Major dos Bombeiros entrou na escola onde a mulher dava aula e a matou. Ele alegou que agiu por ciúmes

Publicado em 14 de maio de 2016 às 08:00

- Atualizado há um ano

A sexta-feira havia começado sem surpresas para a professora Sandra Denise Costa Alfonso, 40 anos. Por volta das 7h50, ela chegou à Escola Municipal Alegria de Viver, em Castelo Branco, onde trabalhava como vice-diretora e professora do Ensino Fundamental I, acompanhada do marido, o major Valdiógenes Almeida Junior, 45, subcomandante do 3º Grupamento de Bombeiros Militar, no Iguatemi. Mas pouco mais de três horas depois, um crime chocou alunos, professores, pais e vizinhos da escola.Professora era casada há 21 anos com bombeiro (Foto: Reprodução/Facebook)De acordo com a polícia, Valdiógenes voltou ao local por volta das 11h. “Ele entrou na escola e ela estava na sala da diretoria. Quando ela viu,  abraçou e ele puxou ela para a sala dela, que estava vazia, e executou ela lá dentro”, disse o delegado Alberto Schramm, do Departamento de Homicídios e Proteção (DHPP). Valdiógenes, que fugiu da escola após o crime, se apresentou ao órgão no início da noite, quando, segundo a assessoria da Polícia Civil, assumiu a autoria do assassinato e alegou como motivação ciúmes, “depois de uma discussão conjugal por possível traição”. Os dois eram casados há 21 anos.Ele foi autuado em flagrante por homicídio qualificado.SurpresaTestemunhas disseram aos policiais da 47ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Pau da Lima) que não ouviram gritos ou discussões entre os dois, apenas três estampidos. A sala onde o crime aconteceu fica próxima à diretoria. Ao ouvir os tiros, os professores correram, mas Valdiógenes já estava pulando o muro da escola e fugindo.Só o Departamento de Polícia Técnica (DPT), para onde a pistola foi encaminhada para perícia, poderá dizer quantos disparos atingiu a vítima, mas Sandra tinha seis ferimentos a bala: dois na cabeça, dois na clavícula, um na coxa e outro na perna. Ela  morreu no local. A arma usada foi uma pistola .40, que foi entregue à polícia. À tarde, o delegado Marcelo Sansão, da 2ª DH, colheu depoimentos de pessoas que estavam no local do crime. Todas confirmaram a versão do major, de que ele atirou na mulher quando os dois estavam sozinhos numa sala, sem a presença de alunos ou professores.  Apesar disso, muitas crianças estavam em aulas. “Minha filha de 4 anos chegou em casa transtornada, chorando. Tive que levar ela para o hospital”, disse um homem, que preferiu não se identificar.Escola foi cenário de crime (Foto: Evandro Veiga/CORREIO)Entrada livreMoradores das imediações da escola disseram que Valdiógenes era conhecido na região porque levava e buscava a esposa com frequência. Por isso, ele entrou pelo portão da frente, sem resistência, entes de cometer o crime. Um funcionário da escola disse não ter notícias de discussões entre o casal e acrescentou que não havia sinais de tensão entre os dois instantes antes do crime. “Foi normal. Ele chegou e ela abraçou ele, como se abraça alguém que você gosta. De manhã, ele trouxe ela e até trocaram beijos”, lembrou. A doceira Eline Pereira, 29, amiga da vítima, disse que todos que conheciam o casal estavam perplexos. “Parecia o casal perfeito”, contou. 

[[saiba_mais]]ComoçãoA notícia do assassinato da professora se espalhou. Logo após o crime, pais de alunos e vizinhos da escola, que tem cerca de 140 alunos de 4 a 6 anos, se aglomeraram em frente ao prédio. “Meus dois filhos estudaram aqui,  foram alunos dela. Ela era amiga da minha família, uma pessoa maravilhosa. A ficha ainda não caiu. Como eu vou contar para os meus filhos?”, disse Eline. Ela ainda precisou amparar uma funcionária da escola, que desmaiou após saber do crime.

Quando o Departamento de Polícia Técnica (DPT) levou o corpo de Sandra do local, a comunidade aplaudiu e gritou por justiça. A vítima, que era paraense, deixa uma filha de 14 anos, também filha do major.

Valdiógenes ficará preso no Batalhão de Choque da PM, em Lauro de Freitas.

* colaborou Maria Landeiro, da 10ª turma do CORREIO de Futuro