Parentes de estudante baleado são ameaçados por PMs: 'marcaram nossos rostos'

Garoto foi atingido em quadra de escola; família acusa PMs de terem atirado

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  • Nilson Marinho

Publicado em 14 de setembro de 2018 às 11:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: 'Estamos marcadas', diz tia do menino - Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Familiares do estudante de 12 anos baleado em uma quadra poliesportiva utilizada por alunos da Escola Municipal Dr. João Pedro dos Santos e do Colégio Estadual de mesmo nome, na Avenida Bonocô, voltaram a receber ameaças de policiais após realizarem um protesto nesta quarta-feira (12).

Em contato com o CORREIO, nesta sexta-feira (14), uma das tias do garoto, informou que após os manifestantes desocuparem uma das vias da Avenida Bonocô, onde permaneceram à noite por alguns minutos em sinal de protesto, policiais do Pelotão de Emprego Tático Operacional (Peto), aproveitaram o pouco movimento e a saída da imprensa que acompanhava o ato para voltar a ameaçar a família do estudante. 

O grupo de manifestantes acusava que os dois disparos que acertaram o menino foram feitos por um dos policiais do batalhão da Peto durante uma ação policial no interior da instituição de ensino. 

Ainda segundo a tia, depois do grupo se dispessar, uma viatura parou próximo a alguns familiares e um PM, que estava dentro do veículo, fez a ameaça. "Disse que nós estávamos 'marcadas', que já tinham memorizado nossos rostos. Estamos assustadas", denuncia a familiar. 

Testemunhas e a família do menino afirmam que, na noite desta terça-feira (11), após perceberem que haviam baleado o estudante, segundo eles, os PMs o induziram a relatar que o crime foi feito por membros de uma facção criminosa. Os policiais, segundo a família, teriam ainda agredido o garoto antes de colocá-lo no fundo da viatura e encaminhá-lo para o Hospital Geral do Estado (HGE). 

No entanto, de acordo com a polícia, o próprio garoto teria dito aos PMs do Peto que o disparo foi feito por suspeitos integrantes da facção criminosa Bonde do Maluco (BDM).  De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), os policias da Peto faziam rondas nas imediações da Avenida Bonocô quando foram solicitados por populares para atender uma vítima de arma de fogo que estava no interior de uma escola. 

A família, que mora bem próximo de onde aconteceu o crime, estuda a hipótese do garoto mudar de endereço. "Ele ainda continua assutado e não sabemos como vai ser", afirma a tia. 

O estudante deve receber alta ainda na tarde desta sexta-feira (14) conforme informou à família um dos médicos do HGE. Ele sofreu duas lesões da nádegas. Um projétil passou de raspão causando um ferimento e um outro ficou alojado no corpo. A orientação médica passada para os familiares é que ele retorne para casa, mesmo sem realizar o procedimento de retirada do objeto. "Não sabemos como vai voltar neste estado", questiona. 

A denúncia sobre ação policial ainda não foi formalizada na Corregedoria de Polícia. A família espera coletar assinaturas de estudantes das instituições de ensino e moradores do bairro para endossar a acusação contra os PMs.

Questionada sobre as ameçadas relatadas pela família,  a Secretaria da Segurança Pública informou através da assessoria de comunicação, que 'solicita que a família formalize a denúncia na Corregedoria'.

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier