Parque Marinho inspira população a preservar o mar da Barra

​​​​​​​Decreto assinado pelo prefeito prevê, ainda, preservação de resquícios históricos 

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  • Tailane Muniz

Publicado em 13 de abril de 2019 às 13:31

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

A ideia é que, a partir de agora, os baianos e turistas visitem a Barra com outros olhos. O novo Parque Municipal Marinho da Barra, que corresponde a uma área de  701.799,48 m², quase 100 campos de futebol, entre os fortes de Santa Maria (Porto) e Santo Antônio (Farol), passa existir para inspirar os frequentadores a enxergarem o local com o olhar de quem reconhece que há, ali, além de beleza, também muita história. A informação sobre o novo parque foi antecipada esta semana pela Coluna Satélite.

As ações de preservação ambiental, que envolvem o monitoramento de embarcações que se aproximam na região, controle de pesca, e descarte de lixo na areia ou no mar, estão previstas no decreto de criação do parque natural, assinado na manhã deste sábado (13) pelo prefeito ACM Neto.

O gestor definiu a criação do parque tende a transformar e inspirar as pessoas a cuidarem da região da praia, a que ele definiu como a melhor praia do Brasil. "Vamos ter um cuidado todo especial, para garantir a preservação da maneira mais completa possível do Parque Marinho da Barra. Acompanhar todo cuidado dos banhistas, das pessoas que andam aqui de bairro", disse. Idealizador do projeto, Bernardo Mussi disse que a área de preservação é a realização de um sonho (Foto: Tailane Muniz/CORREIO) Neto acrescentou, ainda, que a maior preocupação da prefeitura é o descarte de resíduos sólidos. "A gente quer trazer uma cultura nova para a Barra, mudar a cabeça das pessoas, porque é algo que não depende só do poder público, mas também do cidadão", destacou o prefeito, acrescentando que a nova fomentar o turismo ecológico. Todo acompanhamento do parque natural, para evitar qualquer impacto negativo ao ecossistema marinho, será acompanhada e coordenada pela Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis). Titular da pasta, André Fraga, afirmou que é previsto, também, a preservação dos resquícios históricos do local, a exemplo dos vestígios de três naufrágios, ocorridos na região da Barra, nos séculos XIX e XX: o Bretagne (1903), Germânia (1876) e o Miraldi (1875).

Preservação  Banhistas, responsáveis por embarcações, e até os turistas, de acordo com o prefeito ACM Neto, passam a ter o compromisso de prezar pela praia Barra e preservação das espécies predominantes na região, obedecendo, por exemplo, o controle de pescados."Como engenheiro ambiental, asseguro que é um passo muito grande. Com o parque, garantiremos a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica, além da beleza cênica que não podemos negar que tem essa região de águas cristalinas. Teremos estratégias de turismo náutico e o fomento de pesquisas científicas", explicou o secretário de sustentabilidade. Fraga comentou, também, que há a intenção de instalar corais artificiais no parque natural. "É uma conquista que veio a partir de uma mobilização social de pessoas que se preocupam com este lugar, que engloba a Baía de Todos os Santos, a maior do país e segunda maior do mundo", concluiu, considerando a bagagem histórica do local. 

A ideia de cuidar das praias do Farol e Porto da Barra, uma das mais frequentadas da capital, surgiu em 2016, quando a organização Fundo da Folia, liderada pelo mergulhador e pesquisador Bernardo Mussi, e composta também por moradores e frequentadores das praias, resolveu que o local precisava de regras de utilização. Prefeito assinou decreto neste sábado (13) (Foto: Tailane Muniz/CORREIO) "É a realização de um sonho. A gente entende as dificuldades do poder público, e por mais que algumas pessoas não vejam sentido, eu tenho convicção de que é algo grandioso. Só temos a agradecer pelo cuidado e intenção", comentou Mussi,  que se referiu às praias da Barra como um lugar "emblemático".O projeto de implantação da área de conservação foi elaborado com base em estudos desenvolvidos em conjunto pelo Fundo da Folia, Universidade Federal da Bahia (Ufba), representada pelo professor de Oceanografia Francisco Barros, pela Universidade Salvador (Unifacs) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IFBaiano).

Moradores do bairro, o casal de arquitetos Alina, 39 e Félix Rodrigues, 42, afirmaram que a população só tem a ganhar. "O melhor disso tudo, é que não há nada além de fazer a nossa obrigação, como cidadão, que é cuidar e prezar por um monumento natural e um dos mais importantes pontos turísticos de nossa cidade. A Barra é Salvador e nossa capital é do mundo", apontou Félix, que nasceu e cresceu no bairro.

Em concordância com o marido, Alina disse que os cuidados com a praia serão refletidos em ainda mais beleza. "Nós só ganhamos, com atos simples. É educação ambiental, é cultura e, sobretudo, amor ao nosso bairro".

Pesquisadores defendem que um dos resultados esperados com a criação do parque, previsto no PDDU e Louos, é o repovoamento da área por espécies de peixes que deixaram de existir no local ou que estão cada vez mais raros. O aumento dessas espécies, de acordo com os especialistas, vai beneficiar, ainda, regiões adjacentes. 

Todas as regras específicas para banhistas e embarcações, atribuídas ao plano de conservação da área, ainda serão decididas por um conselho formado por pesquisadores envolvidos, moradores, frequentadores, representantes do 2º Distrito Naval da Marinha e Secis.