Parte de fachada de edifício despenca e atinge pedestre na Carlos Gomes: 'Não aguento de dor'

Atendente de 51 anos foi atingido na cabeça quando esperava ônibus; área em frente ao Edifício Saga foi isolada

Publicado em 14 de fevereiro de 2017 às 11:25

- Atualizado há um ano

Atendente de Junta Comercial, Carmerindo Santos recebeu primeiros socorrosem ambulância do Samu (Foto: Bruno Wendel/CORREIO)Parte da fachada de um prédio se desprendeu e atingiu ao menos uma pessoa na manhã desta terça-feira (14), na Rua Carlos Gomes, Centro de Salvador, próximo a um ponto de ônibus.Pedaço de fachada que caiu fica sobre janela do segundo andar (Foto: Bruno Wendel/CORREIO)Morador do Dois de Julho, o atendente Carmerindo Manoel dos Santos, 51 anos, aguardava a condução para o trabalho, na Junta Comercial da Barra, quando acabou atingido na cabeça e ombro. “Partiu minha cabeça e não aguento de dor na clavícula. Não consigo nem mexer o pescoço”, disse ele, enquanto recebia atendimento de uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em frente ao Edifício Saga, onde o incidente aconteceu.

Uma mulher, ainda não identificada, seria a segunda vítima. Segundo testemunhas, ela foi levada por populares para o Hospital Geral do Estado (HGE). No entanto, nenhuma vítima de acidentes do tipo deu entrada na unidade até as 11h45 desta terça.Um paramédico do Samu informou que o estado de saúde de Carmerindo é estável, e que ele também seria encaminhado para uma unidade de saúde. Há suspeita de fratura.

Carmerindo contou ao CORREIO que não lembra bem de como tudo aconteceu, e que só sentiu uma pancada forte na cabeça. Recorda também que houve correria na hora do incidente, mas não soube confirmar se outra pessoa ficou ferida.

AvaliaçãoA área de circulação de pedestres em frente ao prédio foi isolada pela Defesa Civil do Salvador (Codesal). A parte que se desprendeu do edifício fica no segundo andar. “Houve desprendimento de fachada e há risco de novo acidente”, disse o engenheiro Paulo Passos, da Codesal, ao justificar o isolamento do local.

Segundo o superintendente de Fiscalização Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Sedur), Everaldo Freitas, o que houve no local foi o desprendimento do reboco da fachada, provavelmente causado por falta de manutenção predial. Uma empresa foi acionada pelo condomínio e foi ao local retirar o restante da parte que se soltou. Os responsáveis pelo imóvel foram notificados por fiscais da Sedur e da Codesal para fazer os reparos necessários ao edifício. 

Os elevadores do prédio também foram interditados no início da tarde por fiscais da Sedur, pois a administração do condomínio não apresentou o laudo de manutenção dos mesmos. O síndico do edifício tem um prazo de 48h para apresentar o documento tanto referente aos elevadores quando ao prédio sob pena de multa.

Segundo o superintendente, toda edificação residencial, comercial de serviços ou institucional, tem que apresentar à Prefeitura o laudo de manutenção predial a cada cinco anos, obedecendo o que determina a Lei Municipal 5.907/2001. O documento é obtido após realização de vistoria técnica no local feita por engenheiro ou arquiteto habilitado, em que são diagnosticadas as irregularidades no equipamento e providências a serem tomadas para corrigi-las. 

Os estabelecimentos comerciais que funcionam no térreo do prédio – entre eles, um restaurante, lojas de utensílios, eletrônicos e bijouterias – continuam funcionando normalmente. A reportagem tentou falar com os moradores – nos andares acima, há apartamentos – e comerciantes, mas um homem que se identificou como síndico do edifício proibiu as pessoas de falar sobre o ocorrido.

Fiscalização 

A Codesal e a Sedur estão fiscalizando todos os imóveis que estão dentro e no entorno dos circuitos do Carnaval. Somente este ano, 39 proprietários de imóveis já foram notificados por conta da falta de manutenção em marquises. A assessoria da Codesal informou que não há outros imóveis que ofereçam risco de desabamento no centro da capital e a maioria das ocorrências estão ligadas a bocas de lobo e pedras portuguesas soltas. 

Segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura de Salvador, as vistorias realizadas nos circuitos já identificaram as possíveis situações geradoras de risco e os órgãos competentes foram acionados para tomarem as devidas providências. A Sedur também tem orientado os proprietários para evitar a sobrecarga de pessoas e objetos nas marquises durante o Carnaval. Agentes da Codesal isolam área de circulação de pedestres para evitar novos acidentes (Foto: Bruno Wendel/CORREIO)