Participantes do Hackathon superam 24 horas sem dormir para elaborar projetos

Apresentação dos resultados da maratona acontecerá neste domingo. Três equipes serão premiadas por ideias para solucionar problemas do Centro Histórico

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  • Luan Santos

Publicado em 16 de julho de 2017 às 16:39

- Atualizado há um ano

Após virarem a noite debruçados sobre notebooks e sustentados por café e energéticos, os participantes do Hackathon+Salvador: Soluções de Impacto Social para o Centro Histórico já começam a tirar do papel suas ideias, que serão apresentadas à tarde. Divididos em dez equipes temáticas (governança, cultura, turismo, vida empreendedora -economia criativa - e mobilidade), eles buscam soluções para dinamizar o Centro Histórico. 

Na área do turismo, por exemplo, uma das equipes vai propor a criação de um guia de roteiros personalizados, que pode ser usado em diversas plataformas. A ideia é proporcionar aos visitantes a criação dos seus próprios roteiros. Os cinco participantes propõem, ainda, a implantação de tótens com informações (a exemplo dos utilizados em shoppings). 

Na área da mobilidade, os participantes pontuaram alguns desafios, como a implantação de um transporte de menor porte para o trajeto no Pelourinho, sinalização mais clara e transporte exclusivo para o Centro Histórico. A criação de um circuito de mobilidade sustentável é outro desafio. Um problema identificado por eles foi a presença de estacionamentos de valor elevado e fraca infraestrutura. 

Os projetos serão apresentados às 15h30, e serão julgados por três juízes especialistas nos temas. Antes, às 14h30, uma equipe de juízes especializados em tecnologia da informação vai avaliar a aplicabilidade das plataformas desenvolvidas pelos participantes. As três melhores equipes serão premiadas. (Foto: Roberto Abreu/CORREIO)Noite insone e intensaA maioria dos participantes passou a noite em claro trabalhando nos projetos. Alguns deles conseguiram dormir por uma ou duas horas em colchões espalhados pela Faculdade de Medicina da Ufba, no Terreiro de Jesus, onde ocorre a competição. 

O engenheiro eletricista André Luiz Souza, 44, foi um dos que não pregou os olhos durante a noite. A equipe dele, que trabalha no tema turismo, está desenvolvendo uma plataforma que permite a criação de experiências no Centro. A ideia do grupo é reunir na plataforma roteiros, palestras, relatos e experiências dos chamados anfitriões (especialistas e pessoas que conhecem a história da região). 

"A plataforma vai ter uma breve descrição e biografia, com uma base de informação para as pessoas. Não será algo estático, os visitantes também poderão propor sugestões, mudanças, novos roteiros", conta André, que decidiu participar da ação pelo desafio proposto. "Já morei em outros lugares com um legado histórico. Então, decidi usar minha experiência de vida e conhecimento técnico para propor alguma solução", conta. 

Quem também não dormiu foi o estudante de engenharia da computação Micael Mota, 20, que, assim como André Luiz, decidiu participar da ação para buscar uma solução para problemas do Centro Histórico. Na equipe de mobilidade, ele trabalha com mais quatro colegas no desenvolvimento de uma plataforma chamada Cidade Acessível.  Inicialmente, o aplicativo é voltado para pessoas com dificuldade de locomoção e visa mapear informações com as melhores rotas e espaços com acessibilidade para este público. "Dentro da plataforma, queremos criar o selo de acessibilidade, como forma de incentivar que estabelecimentos da região adotem práticas acessíveis. É notório que raramente se vê pessoas com dificuldade de locomoção no Pelourinho", diz Micael. 

E eles não paravam nem na hora das refeições. Enquanto tomavam o café da manhã, debatiam as ideias e seguiam projetando suas plataformas. O cansaço físico, contudo, fez com que os participantes dispensassem a atividade física marcada para o início da manhã e preferiram concentrar os esforços no processo criativo. Divididos em dez equipes, eles se revezavam nos poucos instantes de descansos em colchonetes ou banquinhos. Mesmo deitados, eles não largavam os notebooks.

No decorrer da manhã, monitores chegaram à Faculdade de Medicina para orientar as equipes no desenvolvimento das plataformas. Os participaram aproveitaram as monitorias para tirar dúvidas e ajeitar os últimos detalhes no desenvolvimento dos projetos.

AnfitriãoO diretor da Faculdade de Medicina da Bahia, Luis Adan, foi acompanhar o desenvolvimento das propostas durante a manhã. Ele contou ser, também, um desafio da universidade participar desse processo de apresentação de soluções para a área onde a instituição está inserida.

"O tripé da universidade é ensino, pesquisa e extensão. E a extensão é justamente isso aqui, a faculdade abrindo as portas para um projeto dessa monta", disse. Adan ressaltou que a faculdade, com seus 208 anos, tem participado desse processo de interação com a comunidade, conhecendo e propiciando que as necessidades da população sejam conhecidas.

"Entendemos que não poderíamos ser apenas um oasis de conhecimento e não nos inteirarmos com a comunidade do Centro Histórico. Então,  temos procurado desenvolver diversas atividades de interação com a comunidade. Quando apareceu a proposta de participar desse projeto, ficamos com medo de não ter condições de albergar uma coisa desse porte. Mas, para mim, é muito bacana ver que aconteceu bem", afirmou.

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