Patrícia Melo aborda o feminicídio no livro Mulheres Empilhadas

Autora vai lançar nesta terça (12) em Salvador seu novo romance

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  • Roberto Midlej

Publicado em 12 de novembro de 2019 às 10:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Kyrhian Balmelli

Autora conhecida e premiada por livros como O Matador (1995) e Inferno (2000), em que aborda a violência num universo predominantemente masculino, Patrícia Melo se debruça agora pela primeira vez numa temática feminina: a violência contra a mulher.

Em seu mais recente livro, Mulheres Empilhadas (Leya/ R$ 40/240 págs), a escritora paulista de 57 anos conta a história de uma jovem advogada que, depois de ser agredida por um namorado, decide mudar-se para o Acre, onde vai acompanhar um mutirão de julgamentos de casos de mulheres assassinadas na maioria das vezes por homens conhecidos, como o namorado, o marido ou um tio.

Patrícia está em Salvador para o lançamento deste seu 11º romance, que acontecerá hoje, às 19h, no Largo Tereza Batista, no Pelourinho, onde a autora participará de um debate sobre a violência contra a mulher, com a presença da escritora Paloma Amado, da percussionista Mônica Millet e da líder indígena Solange.

Feminicídio Patrícia diz que a escolha do tema de Mulheres Empilhadas foi resultado de um pedido da Leya, editora que está lançando o livro: “Minha literatura de fato tem um protagonismo masculino, mas nunca tinha trabalhado especificamente a questão da violência na realidade feminina. Por isso, esse desafio foi interessante. E olhando para a realidade do Brasil, achei que a questão do feminicídio é um assunto urgente”.

A estrutura do livro é em três partes: na primeira, estão relatos de crimes reais, colhidos em pesquisa; na segunda, está a história da protagonista; e na terceira, que tem um tom onírico, a autora cria uma sociedade imaginária de icamiabas, mulheres indígenas que vão se vingar dos criminosos que escapam da justiça na vida real.

Para escrever Mulheres Empilhadas, Patrícia realizou uma intensa pesquisa e, para isso, teve apoio da jornalista Emily Sasson Cohen. “Pela primeira vez, tive a ajuda de uma pesquisadora profissional. Ela entrevistou juízes, membros de ONGs e fez levantamento de dados. Além disso, viajou para o Acre e conheceu aldeias indígenas”, lembra Patrícia. “O curioso é que quando Emily viajou para o Acre, eu já estava escrevendo o terço final do livro. Embora tenha a floresta e o calor que caracterizam o Acre real, o que está ali é o Acre que eu imagino”, diverte-se a autora.

A pesquisa mostrou também as sequelas - físicas e emocionais - que a violência contra a mulher deixa nas vítimas. “Percebi que a violência, sobretudo a doméstica, é muito desintegradora de ego para a vítima, provoca uma ‘implosão’ do seu ego. A violência doméstica desorganiza a mulher internamente”, afirma a autora. Largo Tereza Batista (Pelourinho).

Serviço

Terça-feira (12), 19h Bate-papo com a presença de Patrícia Melo, Paloma Amado, Mônica Millet (Gantois) e Solange (liderança indígena do Recife). Entrada gratuita Preço do livro: R$ 40