Paulo Leandro: A morte do Vitória 1899

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  • Paulo Leandro

Publicado em 5 de junho de 2017 às 11:10

- Atualizado há um ano

O sistema mercantil-totalitário destrói fronteiras e impõe ao mundo os interesses de grupos sociais controladores não só das riquezas mas principalmente das mentalidades.  Esta dominação se espalha em redes de poder e produz grandes, médios e pequenos senhores.O resultado é uma servidão jamais vista. Os escravos escolhem os senhores a quem precisam servir para vender sua força de trabalho. Consomem, compram, pagam, financiam, curtem, promovem e compartilham cada produto ou serviço dos próprios senhores que os oprimem. No futebol, não é diferente: torcemos por nossos senhores! Vibramos por conquistas que não são nossas! Os escravos torcedores, ao aceitarem a dominação, passam a lutar por aquele clube amado de tal forma a alienar-se de si próprios. Passam a não enxergar o ululante.Colocam-se antolhos para ver uma versão da realidade imposta pelos mecanismos de dominação simbólica que produzem esta ilusão. Os servos pós-modernos do futebol, aos quais chamamos ‘torcedores’, passam a definhar seu principal atributo: a capacidade de pensar.No Vitória, observa-se claramente esta dominação cultural, pois os servos torcedores não mais percebem que as revelações das categorias de base, antes um celeiro internacionalmente respeitado, viraram contra-peso na contratação de jogadores caríssimos e inúteis.Os gastos com contratações exorbitantemente vultosas, em abismal desproporção custo x benefício, ocorrem naturalmente, como se fossem aceitáveis. A transparência seria prejudicial aos interesses do clube. Não se tem a necessária clareza.A feira livre se observa com a movimentação de empresários, agentes, assessores, formais e informais, entre outros tipos. O clube-fundador do desporto da Bahia pode ser tratado como uma vitrine de uma loja qualquer tipo Riachuelo, Ricardo Eletro ou Marisa.Os projetos de poder visam manter esta estrutura, sem se questionar em que medida os interesses da instituição são preservados e que grupos sociais saem, realmente, campeões, neste contexto.Há uma produção de consenso para idolatria de agentes midiáticos que impõem a ideologia da servidão, em espetacularizações irracionais de veiculação de conteúdo, à base de gritos, performances e pantomimas diversas, como forma de inibir a possibilidade de pensamento.Perderam-se os princípios, valores e critérios relacionados ao ideário neo-olímpico fundador do desporto moderno, o que permite pensar na morte da proposta para a qual o Vitória foi fundado em 1899.  O consumo e o descarte de jogadores imperam, não o leão.Um dos autores mais influentes, por fazer seguidores há mais de cinco séculos, o florentino Niccollo Machiavelli, escreveu em 1513: “é muito perigoso tentar libertar um povo que prefere a escravidão”.Paulo Leandro é jornalista, prof. Dr. e estudante de Filosofia