Paulo Leandro: Eternamente Bahia

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  • Paulo Leandro

Publicado em 22 de maio de 2017 às 11:40

- Atualizado há um ano

Quarta tem decisão da Lampions entre Bahia e Sport. Tem este jogo de agora e tem os jogos que estão no coração. O mundo é com o futebol dentro e, toda vez que tem um jogão importante desse, logo podemos curtir a alegria de voltar a vibrar com os jogos eternos. Cada partida vai sedimentando na afetividade histórica da torcida a noção do devir incessante, no qual selecionamos momentos que nos permitem sentir a divina e sublime eternidade. Um jogo, portanto, não é só agora, mas uma sucessão de ‘antes’ reativados.Somos sujeitos ativos dentro desta lógica de tempo duplo. É por acreditar na eternidade de nossos times, que construímos a idealidade deste tempo controlado, uma sucessão de instantes pingando, um por um. Uma linha do tempo edita esta vida eterna do Bahia.Um destes jogos, ou melhor, três deles, eternizados pela linha do tempo tricolor, correspondem ao mata-mata da Taça Brasil de 1959. O Bahia ganhou em Salvador, 3x2, e levou 6x0 lá. Teve jogo-desempate, pois saldo de gols não era critério naqueles idos.O placar da Ilha do Retiro ficou registrando aquele número monstruoso nos dias seguintes ao jogo. Quando foi treinar, o Bahia sentiu a humilhação. E o campeão avançou, assim, ferido na alma, fazendo 2x0 na ‘negra’, gols de Biriba e Leo Briglia, lá mesmo no Recife.‘Negra’ é vestígio do tempo que os senhores disputavam alguma jovem escrava nos jogos de salão comuns à época de vigência desta selvageria que a civilização explicava com o discurso de necessidades econômicas até hoje reveladoras de nossa maldade.Também pertence ao eterno tempo da afetividade a eliminação do Sport, no título de 1988, que eu cobri quando jovem repórter. Já havíamos perdido o goleiro Sidmar e o zagueiro Pereira, na virada do ano, porque não renovaram para a fase final em 1989.Pois foi o substituto de Sidmar, nosso Ronaldo, quem fechou aquele gol no jogo realizado na Fonte Nova. Na ida, Charles marcou para o Bahia no empate de 1x1. O Bahia passou porque fez melhor pontuação em toda a campanha. Brilhou a segunda estrela.O Sport também traz ótimas recordações para eternizar a final da Copa do Nordeste de 2001. O Bahia daquele tempo tinha Preto dando raça e Nonato alegrando a torcida. Alegria repetida ao infinito na lembrança estendida do torcedor e no maravilhoso YouTube. Mais adiante, quando Bahia e Sport Recife voltarem a enfrentar-se em algum jogão histórico, vamos sentir, uma vez mais, como sentem os deuses, ao experimentarem a doce ilusão da eternidade. O Bahia escalado com Javé, Maomé, Olorum, Zeus, Vishnu e Tupã.Eternidade que só presta se vier junto com vigor, alegria, conquistas, potência, energia chamando energia, torcida lotando arena, jogadores comemorando gols, diretoria pulando junto com conselheiros, cronistas narrando com entusiasmo, vida ‘tricolorsendo’ a vida!Pois nada pode ser mais cruel que viver em eternidade entediante, buscando amparar-se em pequenas alegrias para manter o amor no desejo e na ausência, já que os encontros com o mundo seriam escassos em riso e fartos em tristeza. Nem se pode morrer!Este Bahia x Sport será outro daqueles jogos eternos, que junto aos Bahia x Sport de 1959, 1989 e 2001, vai fazer parte do mundo dos imortais, onde perpetuam-se os tricolores devido a esta bênção de torcerem eternamente entre glórias e conquistas.A Torcida Única comprou tudo que tinha de ingresso e vai buscar os tricolores no ônibus, no meio da rua, como na semifinal. O empate de 1x1 em Recife permite fazer a festa até com 0x0! Mas, considerando o fiel adversário, a realidade produzida na mente tem é bola na rede!Alegre-se! Mais um, mais um Bahia para a eternidade.Paulo Leandro é jornalista, prof. Dr. e estudante de filosofia