Paulo Vieira não cansa de fazer rir

Humorista já fez cinco programas na Globo, incluindo o Fantástico e vai estrear programa no Globoplay

Publicado em 2 de julho de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Ilana Sales/Divulgação

Há dois anos, Paulo Vieira era conhecido somente por quem era mais atento ao universo do humor ou pelos espectadores do Programa do Porchat, na Record, que raramente passava dos cinco pontos de audiência. Ali, ele fazia uma participação praticamente como assistente de palco e por várias vezes correu o risco de deixar a atração, por causa das críticas da imprensa e também por rejeição dentro da própria emissora.

Hoje, no entanto, é uma das figuras mais presentes nas telas do país. Você pode até não associar o nome à pessoa, mas com certeza vai reconhecer o rosto dele, afinal, desde que chegou à Globo, em 2019, Paulo já esteve em cinco programas: em abril daquele ano, estreou no Zorra; em julho, foi para a Escolinha do Professor Raimundo, onde viveu Seu Fininho; em outubro, deu vida ao Se Joga, com o quadro Isso é Muito a Minha Vida; em janeiro deste ano, protagonizou o Fora de Hora; e agora está no Fantástico, no quadro Como Lidar?, em que brinca com o confinamento consequente da pandemia.

Pensa que acabou? Na internet, ele também não para: está no podcast do Fora de Hora, da Globo, e nas redes sociais publica o Diário do Coronga, onde simula conversas em áudio novamente fazendo piadas com o isolamento. E, com toda essa agenda, ele encontrou tempo para fazer mais um programa, que estreia amanhã no Globoplay e terá um episódio inédito toda semana.

Na nova atração, Paulo Vieira e Fernando Caruso  vão receber, a cada episódio, quatro convidados para brincadeiras e uma conversa intimista por aplicativo de encontros à distância. Além do papo bem-humorado, vão rolar brincadeiras em um clima de uma noite de jogos entre amigos."O programa não é uma 'resposta' ao coronavírus, mas é um tratamento para nós mesmos, afinal precisamos ser salvos pelo trabalho", diz Paulo.

Trajetória Nascido em Trindade, no interior de Goiás, Paulo tem 26 anos e viveu em Palmas, no Tocantins, onde estudou teatro desde os cinco anos de idade. Mas a veia humorística foi revelada mais tarde e ele começou a fazer graça para dar alguma alegria à mãe, que teve síndrome do pânico, como lembra Paulo:"Sempre fui o engraçado da turma, mas fazia teatro numa escola séria, então a professora dizia que teatro de verdade era drama. Por isso, eu não levava a comédia a sério, achava que era uma coisa mais boba, mas mudei de ideia e comecei a fazer humor quando minha mãe teve síndrome do pânico. A psiquiatra falou que quando ela ficasse muito nervosa, precisava distraí-la", disse uma vez no Programa de Porchat.Além de estudar teatro, Paulo foi também produtor cultural em Palmas e um dia levou para a cidade um grupo de humor para se apresentar. Foi aí que Fábio Porchat, que fazia parte daquela companhia, percebeu o talento dele e sugeriu que fizesse um stand up comedy.

Paulo confiou no conselho do já experiente humorista e começou a se apresentar mensalmente em um restaurante de Palmas, na base do improviso. Daí em diante, a carreira engrenou. Começou a ganhar confiança e se inscreveu em concursos de comédia. Venceu um no Multishow, outro no Faustão e também ganhou um prêmio no Risadaria, importante festival de comédia. Foi naquela época, em 2015, que foi contratado pela Globo.

Mas ficou "na geladeira": recebia o salário, mas não era escalado para programa algum. Mais tarde, finalmente, apareceu a Record, onde, depois de muita insistência, conseguiu finalmente estrear um quadro no Programa do Porchat, o Emergente como a Gente, em que brincava com os dramas da vida dos pobres. 

No entanto, ao contrário do que costuma ocorrer com esse tipo de piada, Paulo conseguia fazer graça sem ser ofensivo nem preconceituoso. E isso provavelmente ocorre por causa de suas origens, já que sua família era pobre. Como ele mesmo lembra, "vivia na roça" e acordava de madrugada para ajudar os pais a fazerem coxinha."O povo gosta de se ver e de se ouvir, de ter sua vida contada na TV, onde sempre viu a vida dos outros. Sei falar da minha vida, da minha mãe, da minha realidade, da minha infância...", disse o humorista em uma entrevista recente ao UOL.Emergente como a Gente repercutiu tão bem que, quando o Programa do Porchat acabou, Paulo foi novamente contratado pela Globo. E o quadro que ele protagonizava na Record acabou inspirando sua participação no vespertino Se Joga, na nova emissora. Com algumas mudanças, passou a se chamar o Isso é Muito Minha Vida, mas com a mesma essência: brincar com os perrengues que as classes mais pobres vivem. Com a ótima repercussão do quadro, dentro de um programa mal recebido pelo público e pela crítica, Paulo finalmente ganhou o destaque que merecia. Fernando Caruso e Paulo Vieira Cada um No Seu Quadrado

Depois de quase quatro meses de confinamento, já se tornaram comuns programas de TV produzidos em casa. Mas Fernando Caruso e Paulo Vieira, que estão à frente do Cada um No Seu Quadrado, garantem que vão sair do lugar-comum. “No nosso caso, o formato não é o mais importante. Nosso conteúdo poderia ser exibido fora da quarentena e a gente quer continuar fazendo após a pandemia”, defende o humorista.

Na nova atração, Caruso e Paulo vão jogar à distância com seus convidados e realizar alguma brincadeira enquanto batem papo com eles. Os primeiros participantes serão Bruno Mazzeo, Débora Lamm, Fabiula Nascimento e Lúcio Mauro Filho.

Ontem, os apresentadores deram à imprensa uma demonstração de uma das brincadeiras que farão: primeiro, eles escolhem alguém para ser o protagonista do jogo. Essa pessoa fecha os olhos e os apresentadores mostram uma foto de uma celebridade aos demais participantes. Em seguida, será simulada uma entrevista coletiva com essa celebridade e, com base nas perguntas feitas pelos participantes, o convidado que estava de olhos fechados terá que adivinhar quem é a personalidade. Jogos populares, como Verdade ou Consequência, também vão fazer parte do programa.

“Nossa intenção não é revolucionar um formato. A diferença do nosso programa em relação aos outros gravados na quarentena é que ele é feito por nós”, argumenta Paulo. “Caruso vem de um universo geek, completamente diferente do meu. Não sou da geração de videogame. Sou da roça e nunca tive games. Essa sede de modernidade não me pega”, diz Paulo.