Pedra de Xangô: Um lugar especial que vale uma visita

Localizada em Cajazeiras, monumento natural sedia hoje abertura do Festival Utra de Capoeira Regional

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  • Ana Pereira

Publicado em 4 de agosto de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mônica Silveira/Divulgação

Ela está ali há 2 bilhões de anos. É isto mesmo, a Pedra de Xangô, localizada nas imediações da Avenida Assis Valente, em Cajazeiras, é um patrimônio geológico já reconhecido nacionalmente e tombado  pela Fundação Gregório de Mattos.  No entanto, quase não escapa de ser implodida, em 2005, quando as obras da avenida estavam em andamento.  

Foi nesse momento que a comunidade do entorno se juntou para lutar pela preservação da pedra, que tem grande valor simbólico para adeptos das religiões de matriz africana. Desde então, uma série de atividades tem acontecido no local, chamando  atenção para sua importância  religiosa, cultural e turística.    Pensando nessas articulações, os organizadores do   Festival Utra de Capoeira Regional resolveram iniciar a oitava edição do evento, hoje (4),  lá na  Pedra de Xangô.

 Com o tema A Capoeira em Defesa dos Territórios Negros, o encontro  tem largada  às 8h  e segue até o próximo domingo, com atividades em vários espaços da cidade.           “O local é um marco de luta, de resistência do povo negro da cidade de Salvador, é um símbolo de representatividade”,  afirma o Mestre Jegue, que está à frente da  Escola de Capoeira Regional Remanescentes (Cajazeiras XI), realizadora do evento. A ideia, diz, é atrair ao local  crianças e jovens da região, além dos participantes de fora - o festival está recebendo 20 capoeiristas do exterior.  

O evento é também uma boa oportunidade para quem tem curiosidade de ir ao local.   A Pedra de Xangô, explica a pesquisadora Maria Alice Silva, está numa área remanescente de Mata Atlântica e guarda memórias de ocupações quilombolas e indígenas. “Precisamos mostrar ao Brasil e ao mundo este lugar histórico, que sofre várias pressões”, afirma  Maria Alice, citando a ocupação informal e a intolerância religiosa como fortes ameaças à Pedra de Xangô.    Integrante do grupo de EtniCidades da Faculdade de Arquitetura da Ufba,  Maria Alice é uma das  articuladoras do processo de criação do Parque em Rede Pedra de Xangô e da APA Municipal Vale do Assis Valente - que está em tramitação - e será um passo importante para a preservação e divulgação dessa preciosidade  da cidade. Mais informações sobre a Pedra de Xangô no Instagram(@pedra.de.xango).

Agenda do domingo (04)

Roda  - Às 8h, na Pedra de Xangô,  tem a abertura oficial do Festival, com roda de capoeira 

Palestra -   Em seguida, a partir das 11h, no Terreiro Mutalombo Yê Kaiongo, em Cajazeiras XI, o Tata Mutá Imê profere a palestra Mitologia e Ritmos Africanos