Pega fogo, cabaré! Muquiranas levam a zoada e irreverência de sempre à Barra

Léo Santana comandou retorno do bloco de travestidos ao Circuito Dodô

Publicado em 5 de março de 2019 às 22:43

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Foto: Arisson Marinho/CORREIO O quengaral estava indócil, nesta terça-feira (5), na Barra. A cafetina, que atendia pelo nome de Léo Santana, ainda nem tinha aparecido pra botar fogo na casa, e a galhofaria já corria pelo ar a cada gaiatice na concentração do bloco mais irreverente do Carnaval de Salvador. De volta ao circuito da orla (local em que desfila pela terceira vez em mais de cinco décadas), As Muquiranas desceram pra causar.

No meio das pistolas d’água (que ejetavam líquidos com cheiros duvidosos), as que traziam réplicas gigantescas de pênis eram as que mais chamavam a atenção de quem passava, e despertavam o riso até em quem não tava no espírito da brincadeira. “Que zorra é essa?”, comentou uma senhorinha, ao lado da filha ruborizada. Foto: Arisson Marinho/CORREIO O pedreiro Jeanderson Brito, 29, explica o que eram aqueles troços extravagantes (três réplicas de pênis de 30 cm a 2m) que davam o tom de despudor e deboche que são marcas registradas dos travestidos. “Os nomes delas são Teca, Tereza e Nenhuma”, aponta ele, citando uma brincadeira da 5ª série.

E como todo menino grande, na sua quinta vez desfilando no bloco, apareceu de galera: além dos amigos, o nutricionista Lucas Barbosa, 30, e o vigilante Claudio Santana, 46, também trouxe o filho, Jean Brito, 9, que seguiu o bloco do lado de fora, com o tio, o funcionário público Sandro Pereira, 40. As Muquiranas Jeanderson, Claudio e Lucas desfilam juntas há cinco anos (Foto: João Gabriel Galdea/CORREIO) “Esse é o espírito do bloco. Reunir os amigos, a família, e se divertir”, define Jeanderson, que veio com a turma de Simões Filho, origem também das ‘obras de arte’, assinadas pela artista plástica Gele Santana.

Cheios de arte Mas a arte de fazer rir não é de hoje, como explica o dono do cabaré, Léo Santana. “A irreverência mora aqui nas Muquiranas, que é o maior e melhor bloco do Carnaval do Brasil, e me sinto honrado de participar mais um ano desse bloco”, disse ele ao CORREIO, antes de iniciar o desfile, vestido de Dama do Cabaré, e cantando Alô Tchan.

A irreverência também foi o que arrastou uma renca de marmanjos do bairro de Tancredo Neves pelo oitavo ano seguido. O empresário Ueslen Assis, 29, o conferente, Valdir Souza, 29, o bombeiro civil Maromaro André, 39, o cabeleireiro Gilvan Santana, 29, o mecânico Anaildo dos Santos, 35, e o funcionário público Douglas Nunes, 28, já chegaram no tom dos dias anteriores: perturbando todo mundo. Os seis amigos de Tancredo Neves desceram pra avenida, pela quinta vez, de Muquiranas (Foto: João Gabriel Galdea/CORREIO) “O bloco é isso aí. É pra se divertir, dar risada, reunir os amigos. As Muquiranas é o melhor bloco”, comentou Anaildo, ou melhor, Nenga Bagaça, seu nome de guerra.

Não é não! Falando em guerra, uma das encampadas pelo bloco, este ano, foi contra o assédio na folia. Para reforçar isso, o servidor público Nilvan Lopes, 29, estampou no peito, com pintura à la Timbalada, a inscrição “Não é não!”

“Acho isso importante mostrar isso, porque é preciso respeitar as mulheres”, comentou ele, que deixou a mulher em casa, injuriada, para curtir mais um dia de festa ao lado do amigo, o eletrotécnico Tiago Silveira, 28. É o terceiro ano que os dois moradores de Plataforma chegam pra curtir junto. Nilvan e Tiago encamparam a luta contra o assédio na avenida (Foto: João Gabriel Galdea/CORREIO) Solteiro, Tiago garante que pra chegar junto nas folionas, tem que rolar abertura. “Sem consentimento, nada feito. É importante falar isso porque o bloco tem essa imagem ruim, da questão do assédio”, concluiu. Foto: Arisson Marinho/CORREIO O único momento em que a animação baixou um pouco, no desfile desta terça, foi ainda na primeira hora do desfile, quando o gerador do trio apresentou um problema, segundo a assessoria de Léo Santana. Quinze minutos depois, problema resolvido e alegria retomada.

Arrastão E pra concluir o Carnaval, nesta quarta-feira (6), tem o Gigante de novo. Às 10h, Léo Santana dá início ao Arrastão, que marca o encerramento da folia. O trio comandado por ele sai do Farol e segue até Ondina. 

O cantor promete receber amigos para cantar com ele, mas ainda não revelou quem são os convidados. No ano passado, Lincoln Sena e Compadre Washington cantaram com ele. Foto: Arisson Marinho/CORREIO Danniel Vieira também vai participar do arrastão, em outro trio. O músico, que já participa da festa na quarta de cinzas pela quarta vez, receberá Tayrone, Hiago Danadinho e Zé Felipe (filho do sertanejo Leonardo). Haverá ainda a participação de Valshow, um motoboy que é cantor amador e sonha em cantar num trio pela primeira vez.

Nesta terça, houve rumores de que Psirico, Kannário e Bruno Magnata participariam da festa. O Psi, no entanto, não poderá fazer o arrastão por questões logísticas, já que segundo sua assessoria, há um outro show marcado e não há tempo para fazer as duas apresentações. 

Kannário seria convidado de Márcio Victor e, por isso, também não vai. A assessoria do Magnata – da banda La Fúria – informou que a participação do cantor nunca foi anunciada e trata-se de boato. Fake news, pivete!

*Colaborou Roberto Midlej.