Pela digitalização dos periódicos já publicados na Bahia

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  • Nelson Cadena

Publicado em 26 de outubro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Uma das grandes lacunas de nosso acervo cultural é a falta de um projeto de digitalização de nossas coleções de periódicos: centenas deles, que resistem ao tempo, às pragas, à má conservação ou inadequação dos espaços em que são arquivados, resistem ainda ao descaso dos órgãos governamentais que nada fazem pela sua preservação. A importância das coleções de periódicos é tão relevante quanto a documentação primaria para qualquer pesquisa histórica. A  ela recorrem cada vez mais pesquisadores de todas as áreas do conhecimento. Preservar esses acervos tornou-se imprescindível e a digitalização é o caminho.

Ao longo dos 207 anos de imprensa escrita na Bahia já circularam mais de cinco mil títulos, o número é estimado, já que não há nenhum catálogo de referência. Quando Alfredo de Carvalho e João Nepomuceno Torres elaboraram (em 1911) os Anais da Imprensa da Bahia, registraram 1.758 jornais e revistas, naquele tempo já um número significativo. Os números absolutos não importam, o que vale é saber quantos desses títulos existem fisicamente e quantos foram digitalizados e disponibilizados aos pesquisadores.

A Hemeroteca Digital Brasileira da Fundação Biblioteca Nacional digitalizou 339 periódicos baianos, sendo que apenas 32 do século XX. E  esse é nosso ponto fraco. A relação de publicações do século XIX é bem razoável, há poucas lacunas. A  do século XX, porém,  é um desastre, quantitativamente falando, e pior ainda na relevância dos títulos. Faltou digitalizar as principais revistas: Revista do Grémio Literário, O Papão, Revista do Brasil, A Paladina do Lar, Bahia Ilustrada, Artes e Artistas, Semana Sportiva, Renascença, Samba, Arco & Flecha, Jornal de Ala e Única, entre as antigas: Panorama, Viver Bahia, Revista da Bahia, Neon, entre as contemporâneas.

O mais grave é que não há nenhum grande jornal diário do século XX digitalizado, com exceção de A Tarde, porém, este não disponível na internet, a não ser em três terminais: dois existentes da Biblioteca Pública e um no centro de documentação do próprio jornal. Se não está na rede, não existe. A Hemeroteca Digital disponibiliza apenas dois títulos de relevo: O Imparcial e O Momento, ambos com poucas edições. Falta digitalizar o Diário da Bahia, Diário de Notícias, Estado da Bahia, Jornal da Bahia, Tribuna da Bahia, Bahia Já, Correio da Bahia, Bahia Hoje, e entre as publicações semanais o IC e Esporte Jornal. Entre os alternativos O Inimigo do Rei. E muitos outros que omiti por falta de espaço.

Percebe-se que há um longo caminho a percorrer. Parece desanimador diante do tamanho da empreitada, mas, se não dermos o primeiro passo, não há como preencher essa lacuna editorial e sabemos que, quanto mais tempo transcorrer, assumimos o risco de algumas das coleções de periódicos citadas não estarem mais em condições de digitalização. Será necessário restaurar antes e isso implica em tempo e custos.

Temos dois grandes acervos de periódicos em Salvador: o da Biblioteca Pública dos Barris e o do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, o segundo inferior na relevância e quantidade de títulos, mas, com um acervo em melhor estado de conservação. Contamos ainda com acervos menores, complementares, para um projeto de digitalização de grande porte como o aqui proposto: os da Associação Baiana de Imprensa-ABI, o da Universidade do Recôncavo (acervo Clemente Mariani), Arquivo Público do Estado e Ufba.

A digitalização de acervos dessa natureza é hoje menos complexa e onerosa do que foi no passado. É possível fazer, se houver boa vontade, um plano de trabalho, metas, captação de recursos e um objetivo a cumprir. “Digitalizar já” e uma questão de honra e deveria ser um mantra.