Perícia da Nicarágua atesta morte de brasileira por tiro

Governo de Ortega ignora pedido de explicação de Itamaraty e de organizações de direitos humanos

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  • Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2018 às 00:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

De acordo com a perícia feira pelas autoridades forenses da Nicarágua, foi confirmada nesta quinta-feira (26) a morte da estudante de medicina brasileira Raynéia Gabrielle Lima, de 30 anos, por perfurações de bala no tórax e abdome, após um ataque supostamente realizado por paramilitares.

“Ficou determinado que a causa da morte foi um ferimento por projétil de arma de fogo no tórax e abdome", atesta o boletim do Instituto de Medicina Legal (IDM), que entregará o corpo da estudante à embaixada do Brasil em Manágua.

O presidente Michel Temer, disse no mesmo dia que o Brasil não pode admitir a morte da estudante sem tomar providências a respeito. “Não é possível que nós admitamos simplesmente a lamentável morte de uma brasileira, sem que tomemos providências. Providências estão sendo tomadas diariamente”, disse Temer após reunião com o presidente da China, Xi Jinping, pouco antes da abertura oficial da 10ª Cúpula dos Brics, na África do Sul. “Estamos tomando todas as providências anunciadas pelo nosso embaixador e ministro das Relações Exteriores para solucionar (o caso) o mais rápido possível”, pontuou.

O Itamaraty cobrou explicações do presidente Daniel Ortega, alvo de uma série de protestos nos últimos meses. Os atos têm sido reprimidos por forças de segurança leais ao governo, entre oficiais e paramilitares, além de partidários do mandatário.

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Apesar disso, o governo da Nicarágua ignorou nesta quinta (26) as instituições locais de defesa dos direitos humanos e a diplomacia brasileira, que pedem informações básicas sobre o assassinato. O governo diz que Raynéia foi morta por um segurança privado, porém não detalha o calibre da arma e o número de tiros que a atingiram.

Segundo o defensor do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (CENIDH), Gonzalo Carrión, foi estranha a pressa com que foi anunciado pela polícia na última terça que teria sido um vigilante que atirou na estudante. “A polícia desqualificou apressadamente qualquer hipótese que vincule os paramilitares ao fato, indicando que o alvo da investigação é um vigia. Mas há várias perguntas soltas. Que guarda, de que empresa, que tipo de arma tinha? Dentro do atual cenário de insegurança, há leis que impedem seguranças de trabalhar armados”, avaliou Carrión.