Personagem: Philippe Coutinho é o '11' que o Brasil mais precisa

Corrida da meia-lua e chutinho de 'bicuda' para o gol. Lembrou alguém?

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  • Vitor Villar

Publicado em 22 de junho de 2018 às 19:49

- Atualizado há um ano

. Crédito: Christophe Simon / AFP

Cinco centímetros, apenas. É essa a diferença – de altura – que separa Philippe Coutinho de outro baixinho que usou a camisa 11 e foi decisivo para o Brasil na Copa do Mundo.

Mas, para os mais apaixonados, essa diferença – ainda mais com a distância do campo para a câmera da televisão, ou para a arquibancada – passa muito batida. O que importa, mesmo, é que Coutinho, ontem, viveu um dia de Romário.

Diante da Costa Rica e em todas as partidas deste Mundial, a torcida brasileira espera muito mais do nosso camisa 10. Mas, pelo menos desde 1970, o camisa 10 não tem sido protagonista de uma bela campanha brasileira na Copa. Em 1994, ano do tetra, foi o 11. Em 2002, quando veio o penta, foi o 9.

Coutinho poderia ser o camisa 10, sem problemas. O caso é que, em ambas as equipes em que joga, o meia tem companheiros geniais e que fazem questão de vesti-la. Ele, apenas um ‘muito acima da média’, tem o dever de fazer a diferença quando o craque está apagado. Sua reserva de talento fica lá, estocada, para aparecer quando for necessário.

Bom, foi tudo isso o que aconteceu nesta sexta-feira (22), na primeira vitória brasileira na Rússia. O talento de Coutinho ficou contido, trabalhando pelo time, dando espaço para o camisa 10 brilhar. Só que Neymar apanhou, reclamou do árbitro, perdeu a cabeça com os costa-riquenhos e insistiu em jogadas individuais. Não sobrou tempo para ser craque em campo.

Sobrou, então, para o camisa 11 decidir. Aquele talento que estava represado explodiu numa arrancada de 12 metros em linha reta, da meia-lua até a pequena área. Com as pernas curtas, aquela corrida já lembraria alguém. Mas o toque de “bicuda” na bola, entre as pernas do goleiro, é quase a assinatura daquele camisa 11 mais famoso.

O gol teve uma contribuição dos camisas 9 – o que veste o número, de fato, e o reserva. Após cruzamento, Firmino escorou de cabeça e Gabriel Jesus disputou a bola na área. Acabou ajeitando para Coutinho chegar de trás chutando para o gol.

Foi um jogo nervoso, com o Brasil pressionado para ganhar e encaminhar a classificação. Cobrança que começou após um empate na estreia, diante da Suíça – jogo em que Coutinho, por sinal, também resolveu. No fim, deu tudo certo: 2x0. 

Fica assim, Brasil: quando não tiver seu 10 – que, aliás, até fez gol na Costa Rica – fica tranquilo: você tem um baita camisa 11.