Pescador é executado na frente de colégio estadual no bairro da Liberdade 

Esse é o segundo crime em um intervalo de 24 horas próximo de escolas da região

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  • Tailane Muniz

Publicado em 28 de março de 2018 às 12:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Tailane Muniz/CORREIO

O pescador Manoel do Espírito Santo, 39 anos, foi morto a tiros dentro de um carro - modelo Fox, placa OZS 0269, com licenciamento de Salvador -, na manhã desta quarta-feira  (28), em frente ao Colégio Estadual Duque de Caxias, na Avenida Lima e Silva, principal do bairro da Liberdade. Dentro do carro onde Manoel estava, foram encontrados pela polícia produtos de feira, a exemplo de quiabos.

O crime aconteceu por volta de 10h30, segundo a Polícia Militar, e congestionou a Estrada da Liberdade e adjacências. Testemunhas relataram ao CORREIO que muitos tiros foram ouvidos no momento do ataque. A companheira da vítima, que não foi identificada, conseguiu fugir e se abrigar no colégio.

Esse é o segundo crime que acontece em um intervalo de 24 horas próximo de escolas da região. Ontem (28), às 10h30, um estudante foi baleado na porta do Colégio Estadual Getúlio Vargas - antigo Carneiro Ribeiro Filho -, na Ladeira da Soledade. A distância entre a escola da Soledade e a da Liberdade é de menos de 2 km. 

"Eu estava saindo da feira [do Japão], só ouvi as rajadas. Mais de dez tiros, com certeza. Pânico geral e todo mundo correndo louco", disse uma mulher, sem se identificar. Ainda conforme a testemunha, dois homens em uma moto, emparelharam o carro de Manoel, efetuaram os disparos e fugiram sentido Barbalho.

Até por volta de 13h o corpo ainda permanecia no local. Na cena do crime, algumas pessoas comentavam que uma briga de trânsito teria motivado o homicídio. "Eu não vi, mas é o que algumas pessoas estavam falando", disse o aposentado Gerson Carneiro, 55, que mora em uma rua ao lado da escola.  Foto: Leitor Correio/WhatsApp "Eu nunca vi isso, está cada vez pior. Antes bandido saía pra matar de noite, agora é qualquer hora, assim, à luz do dia", completou ele. Populares não souberam informar se Manoel é  morador da Liberdade.

O local do crime foi isolado pela Polícia Militar, que aguarda a chegada dos peritos do Departamento de Polícia Técnica  (DPT), para que o corpo possa ser removido.

Uma equipe da Superintendência de Trânsito de Salvador  (Transalvador) está no local para ordenar o tráfego de veículos. 

O crime vai ser investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). "Ainda não temos indícios se foi ou não uma briga de trânsito, mas sabemos que o crime foi cometido por dois motociclistas, sim. A esposa dele estava com ele no momento e não ficou ferida na ação", disse a delegada Marilene Lima, que acompanha o levantamento cadavérico. Foto: Tailane Muniz/CORREIO Ainda segundo Marilene, uma sobrinha e um sobrinho da vítima estiveram ao local, mas ainda não foram ouvidos. No lado carona do veículo, onde estava a sobrevivente, a perícia encontrou apenas sacolas plásticas contendo legumes, verduras e outros aumentos. Na mala não foi encontrado nada além de caixas de som.

Sobrinho da vítima, o promotor de vendas Lenício Moreira, 29, comentou que o tio tinha um barco que deixava na ilha de Taipoca, na região de Itaparica, onde a família costuma passar períodos festivos e parte do Verão, e tinha a pesca como uma de suas fontes de renda. "Ele mesmo pescava, na maioria das vezes, e vendia esse pescado lá mesmo na ilha", conta.

"Nós não fazemos ideia do que pode ter acontecido, agora é esperar o andamento das investigações mesmo, não tem jeito. Ele não tinha inimigos. Não que saibamos", disse à reportagem, acrescentando que o tio morava com a esposa no bairro de Pau da Lima.

Lenício acredita que o tio estava fazendo compras com a mulher na Feira do Japão, próximo ao local onde foi morto, porque sacolas com verduras e legumes foram encontrados no carro.

"Nós sempre passamos a Semana Santa juntos, toda família. Já estava tudo certo, por isso acho que ele veio fazer a feira", completou. A maior parte da família, ainda segundo Lenício, mora no bairro da Fazenda Grande. 

Vendedora ambulante, Dilma Silva, 61, trabalha na Liberdade há 30 anos e disse que achou que fosse ser atingida. "Como eu estava muito perto, tive que me jogar no chão, dentro da barraca, achei que ia morrer. Foram muitos tiros", disse.

Já a estudante Andréa Pinto, 23, disse que se preparava para sair do colégio, quando foi surpreendida pelos disparos. "Estava descendo os degraus do portão de saída, dei meia-volta e corri. Uns dois minutos depois, vi a moça entrar desesperada ", disse ela ao CORREIO, em referência à companheira de Manoel.

Os estudantes do Duque de Caxias foram liberados imediatamente após o crime, segundo um funcionário. Uma câmera da Secretaria da Segurança Pública  (SSP), instalada em um poste posicionado bem em frente ao local, pode ter filmado toda a ação, segundo policiais militares.

Ainda não há informações sobre horário e local de sepultamento da vítima.