Pesquisadora baiana fala em Harvard sobre Pedra de Xangô

Localizado em Cajazeiras, o monumento é considerado sagrado pelo Candomblé

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  • Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2019 às 10:12

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/Arquivo CORREIO

Nesta quinta-feira (03), a pesquisadora baiana Maria Alice Silva sobe ao palco do colóquio e exposição Sacred Groves and Secret Parks, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, para falar sobre a Pedra de Xangô. Das 14h às 16h ela participa, junto com outras autoridades e pesquisadores de vários países, do painel “Casos em conservação: bosques sagrados, santuários e paisagens de devoção de orixás na África Ocidental e na América Latina”.

O painel irá abordar as necessidades futuras dos bosques sagrados à luz das pressões para o redesenvolvimento e conta com a participação de autoridades como a embaixadora cultural do Alaafin de Oyo na Nigéria - Paula Cristina Gomes e Dominique Juhé-Beaulaton do Museu Nacional de História Natural de Paris.

Os palestrantes compartilharão conhecimentos sobre a materialidade, conservação, design e formas espaciais manifestadas nas paisagens de devoção do orixá no Brasil e na Nigéria. O colóquio irá traçar ainda um novo território nos estudos espaciais e materiais de bosques, particularmente aqueles conhecidos na Nigéria como santuários e no Brasil como terreiros.

A doutoranda Maria Alice Silva, que integra o Grupo de Pesquisas EtniCidades da Faculdade de Arquitetura da UFBA, irá falar sobre o Parque em Rede Pedra de Xangô, localizado no bairro de Cajazeiras. O monumento, uma formação rochosa de 8m de altura e aproximadamente 30m de diâmetro, é considerado sagrado pelo Candomblé, mas estava esquecido pela cidade até a pesquisa de mestrado de Maria Alice, que trouxe à tona a história e o valor dele para a comunidade.

Recentemente, a doutoranda publicou o livro sobre a pesquisa: “Pedra de Xangô: um lugar sagrado afro-brasileiro na cidade de Salvador”. Além de analisar a importância da Pedra de Xangô enquanto elemento cultural para os terreiros de Cajazeiras, bem como para cultura afro-brasileira, o estudo também investiga a utilização da Pedra em festas públicas, dentro do calendário litúrgico dos terreiros e no cotidiano das religiões de matriz afro-brasileira.

A dissertação subsidiou a criação da Apa Municipal Assis Valente e o Parque em Rede Pedra de Xangô, no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de 2016, bem como a instrução do processo de tombamento da Pedra de Xangô junto à Fundação Gregório de Mattos.

“Para mim é uma grande alegria poder levar para um evento que tem alcance mundial, a nossa Pedra de Xangô. Isso só comprova sua importância, que agora ganha uma ampliação muito maior: vamos chamar a atenção do mundo para o nosso monumento, que se encontrava ameaçado pelo descaso do poder público e que agora começa a receber a atenção que merece”, reflete Maria Alice Silva.