Pestana Rio Vermelho fecha hospedagem na segunda-feira

Ainda não se sabe que tipo de negócio irá ocupar o espaço

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  • Juliana Montanha

Publicado em 27 de fevereiro de 2016 às 08:01

- Atualizado há um ano

A partir de segunda-feira, não haverá mais hospedagem no Hotel Pestana Bahia, localizado no Rio Vermelho. Com o fechamento de todos os quartos, apenas o serviço de apart-hotel Pestana Lodge continuará em operação. O fim das operações levou o empreendimento a transferir hóspedes que chegaram ontem à capital baiana para a outra unidade do grupo, no Centro Histórico.

No entanto, a principal queixa não é dos turistas, e sim dos empresários do setor, que vêm no encerramento das atividades do hotel um reflexo das dificuldades  enfrentadas pelo setor, causadas, principalmente, pelo Centro de Convenções, importante equipamento para o turismo de negócios e eventos. O primeiro hotel cinco estrelas da Bahia não conseguiu resistir aos efeitos da crise econômica. Mais 43 funcionários serão demitidos em março (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)O Pestana Rio Vermelho ocupa uma das áreas mais nobres da orla de Salvador e ainda não se sabe que tipo de negócio irá ocupar o espaço. O Pestana informa apenas que realiza um estudo de viabilidade para a implantação de um novo projeto. Mas o diretor de operações do hotel, Paulo Dias, disse que,   mesmo com a desativação dos quartos, as atividades hoteleiras na unidade não serão suspensas.

“No momento, estamos na fase de desenvolvimento do Master-Plan (estudo de viabilidade). Nossa ideia é uma proposta integrada às transformações do Rio Vermelho. Continuamos apostando na força do turismo da Bahia”, assegurou. “A crise nacional não está poupando ninguém. No caso de Salvador, há ainda o agravante do fechamento do Centro de Convenções e das precárias condições do aeroporto, cujas obras nunca terminam”, completou.

O Pestana Rio Vermelho ocupa um prédio de 23 andares e dispõe de 433 leitos. Foi o  primeiro hotel cinco estrelas da Bahia (na época com a bandeira Le Meridien). O imóvel é um marco da orla de Salvador, e o Rio Vermelho é conhecido pelo charme e pela noite agitada.

Ainda assim, turistas cuja estadia  terminará depois do dia 29, não estão reclamando da transferência para outra unidade do grupo, no Carmo. Pego de surpresa no check-in, o casal Thaís e Emílio Silva até gostou da mudança. “Nos disseram que seria melhor que já mudássemos para o outro hotel, para não passar pelo  transtorno de ter que trocar durante a estadia”, contou Thaís. O casal de turistas teve que trocar o Rio Vermelho pelo Pelourinho(Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)Trade turístico lamenta fechamento do Hotel PestanaApós 30 anos de operação hoteleira, o encerramento das atividades na torre hoje operada pelo grupo Pestana causa um impacto negativo para a cidade, segundo afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis-Bahia (ABIH-BA), Glicério Lemos. “Salvador é uma cidade turística. É muito ruim ver um hotel do porte do Pestana fechando as portas, mesmo que seja temporariamente. Toda a cidade perde quando isso acontece”, lamentou. Lemos atribui a situação à falta de eventos e turismo de negócios.

Mesmo com o fechamento dos 430 leitos que o hotel possuía, o valor das diárias em Salvador não deve ser impactado, uma vez que existe uma grande oferta de quartos disponíveis. Para o presidente da Salvador Destination, Paulo Gaudenzi, o fechamento do Pestana agrava a situação durante a baixa estação quanto ao turismo de negócios, uma vez que o hotel tinha um espaço de convenções com capacidade para 2,5 mil pessoas. “O Pestana é um ícone que marca o início dos grandes hotéis e do boom turístico na Bahia. Seu fechamento é péssimo”.

O grupo Pestana, de Portugal, assumiu as operações hoteleiras no Rio Vermelho em 2001, um ano após o prédio fechar por conta de dívidas da ordem de R$ 1,2 bilhão da empresa anterior - que usava a bandeira Le Meridien. O imóvel foi adquirido pelos portugueses por R$ 17 milhões. Outros R$ 20 milhões foram investidos em uma reforma do espaço, que, no início usou a marca Carlton.

* Colaborou Priscila Natividade