Petfriendly? Dono de pizzaria na Chapada expulsa dois cães e seus tutores depois de permitir suas entradas

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • D
  • Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Benjor: expulso de pizzaria na Chapada Diamantina (Foto: Acervo Pessoal) O foco desta budega, como vocês sabem, é mapear os melhores locais para levar o seu cachorro, seja pousadas, parques, praias e restaurantes Petfriendly. Aqui costumamos divulgar onde os cães são bem recebidos! Infelizmente, hoje vamos fazer o contrário. Recebemos a denúncia de que uma pizzaria na Chapada Diamantina expulsou dois casais de clientes que estavam com seus cães em uma das mesas, depois de permitir que eles entrassem normalmente no estabelecimento. 

Os buldogs franceses Benjor e Belleti foram para o Vale do Capão, na Chapada, no último feriadão da Proclamação da República. Tudo muito bom, tudo muito 'zen', até que, em uma das noites, eles acompanharam seus tutores, os psicólogos Fabiana Torres e Bruno Oliveira (pais de Benjor) e um casal de amigos (a mãe de Belleti e seu namorado), em um jantar num dos mais famosos restaurantes da região: a pizzaria Capão Grande. Relato completo da pisicóloga Fabiana Torres (Foto: Reprodução) Fabiana, que fez a denúncia nas redes sociais, explicou que, antes de entrar no estabelecimento, questionou a uma funcionária sobre a presença de cães na casa. Ela respondeu que cachorros eram, sim, permitidos, e estabeleceu duas condições: a primeira seria entrar e sair por uma porta lateral. A segunda seria ficar em uma mesa específica em área aberta.  Fabiana, Bruno e Benjor desfrutando das belezas do Vale do Capão (Foto: Acervo Pessoal) A psicóloga afirma que tanto Benjor quanto Belleti são cães treinados e ficaram quietos o tempo inteiro debaixo da mesa. Luciana, a mãe de Belleti, inclusive é educadora de cães, além de advogada. "Nossos cães são treinados, acostumados a frequentar esses ambientes. Logo que a gente senta eles já deitam As pessoas passavam e nem viam que tinha cachorro ali", contou Fabiana ao CORREIO. O problema aconteceu logo após o jantar, quando Bruno levantou-se para pagar a conta. "A gente ficou no meio do caminho, entre a mesa e o lugar de pagar a conta esperando meu marido", conta Fabiana. 

Foi quando um senhor se aproximou e, de acordo com o relato de Fabaiana, começou a bradar: "Saiam daqui com esses pulguentos!". "Ficamos inicialmente em choque e depois questionamos: 'porque sair se vocês liberaram a nossa entrada?'. Ele respondeu: 'saiam porque no meu restaurante não pode ficar com pulga'. Ele começou a gritar muito transtornado", narrou a pisicóloga. Fabiana então se aproximou de uma funcionária e pediu para reclamar com o dono do restaurante. "Foi aí que tive a notícia de que ele era o dono. Ou seja, ele autoriza a entrada de cachorros, mas não gosta de cachorros e não quer cachorros no restaurante".

Quando Fabiana disse que não iria sair porque aguardava o marido pagar a conta, o proprietário do estabelecimento pegou um balde de água e começou a jogar na psicóloca e em Benjor. "Ele expulsou a gente de uma forma muito arrogante. Os outros cllientes levantaram. A pizzaria estava lotada. O pessoal ficou do nosso lado, todo mundo contra ele", afirma Fabiana.

Em nota enviada ao CORREIO, a pizzaria Capão Grande disse que um "desencontro de informações" ocasionou o incidente. O restaurante observou que, ao se retirarem do estabelecimento, os clientes permaneceram ao lado do forno onde se realiza o corte das pizzas. Por isso, o proprietário teria solicitado que se retirassem do espaço. "O que foi totalmente ignorado", destacou a pizzaria, que confirmou receber animais, sim, mas observou que "a relação com animais passa por seus donos e condutores" (leia a nota completa no pé dessa página). 

Esta coluna e e o perfil do Instagram @lugarbompracachorro, como se sabe, defendem que os cães possam estar nos mesmos ambientes dos seus tutores, seja lá quais forem esses ambientes. Mas, para que isso aconteça sem problemas, os estabelecimentos devem ter regras claras. Já os tutores precisam ter bom senso e seguir essas regras, além de treinar os cães para isso. 

"Muito mais do que a questão Petfrindly, o que houve aí foi uma questão de educação. E obviamente uma falha de comunicação entre os funcionários e o dono. Acontece muito de alguns funcionários mais simpáticos a cachorros permitirem coisas que vão contra as regras do estabelecimento. Não sei se foi o caso, mas se tivesse estabelecido as regras desde o início, não teria esse problema. Tem que ver se o estabelecimento tem condições de estrutura e espaço para receber esses cães", pondera Larissa Rios dos Santos, da Turismo Quatro Patas, empresa que há 11 anos atua no mercado pet e oferece serviço de consultoria, treinamento e certificação de estabelecimentos Petfriendly.

Larissa afirma que os estabelecimentos precisam se atualizar e estar preparados para esse novo público. Do contrário, problemas como esse vão continuar acontecendo. "É preciso conhecer bem o perfil do público, as expectativas dos tutores que tiram os animais de casa para acompanharem eles nas viagens. Qual a melhor forma de atendê-los? Tem que treinar as equipes. A gente vê funcionários de hotel, por exemplo, que atende você e está em pânico porque está perto do cachorro", critica Larissa, que atua principalmente em Sao Paulo, mas em dezembro vem a Salvador para realizar um evento justamente sobre o tema.

Graduado em veterinária, o treinador de cães e educador canino da Cão De Ouro, Rafael Ramos, elaborou um texto esclarecedor sobre o assunto. Rafael atua no mercado de certificação de estabelecimentos Petfriendly de Salvador e defende que os estabelecimentos se adequem à onda Petfriendly. Leia abaixo:

Cães em estabelecimentos comerciais:  pode ou não pode?

Por Rafael Ramos 

Os donos de cães têm muitos motivos para reivindicar a presença dos seus pets em pizzarias, hamburguerias, shoppings e outros estabelecimentos. Pensando nisso, um sem número deles passou a aceitar cachorros. A maioria, porém, ainda não se preparou para isso ou não consultou quem entende para ajudar na adequação. Sim, falo em adequação porque trata-se de um animal de outra espécie que estará frequentando o ambiente.  Sendo assim, algumas mudanças deverão ser feitas.

Seja no quesito de estrutura física e/ou de pessoal, o estabelecimento precisa ter regras claras de áreas de circulação para cães, sob pena de causar constrangimentos aos clientes. Na verdade, só o fato de haver restrições já pode ser considerado constrangedor para alguns. Principalmente se isso não ficar claro antes de o cliente adentrar o estabelecimento. As chances de o visitante ficar exposto a uma situação desagradável aumenta consideravelmente.

Os donos de estabelecimentos precisam entender que, como o próprio nome diz, o ambiente Petfriendlys te coloca em um patamar de amigo dos cães, dos gatos, enfim, dos pets. Por isso, você deve pensar no conforto desse amigo e não coloca-lo sempre na pior mesa, no lugar mais afastado e escondido. Não! Você precisa adequar-se para coloca-lo em um lugar que ele se sinta bem, mas que esteja em segurança e não incomode os outros. 

Por outro lado, os donos de cães devem entender que o fato desses locais se denominarem Petfriendly não quer dizer que 100% do espaço seja liberado. Por isso, os tutotes conscientes levam seus cães apenas para locais que os animais se sintam bem. Isso se ele realmente estiver preparado para frequentar o ambiente público. Se não for assim, fique certo que não é dentro de um restaurante lotado que você vai prepará-lo. O comportamento ruim de um cão pode atrapalhar o livre acesso de vários outros que se comportariam bem.   

Nota completa da pizzaria Capão Grande

A Pizzaria Integral Capão Grande lamenta profundamente o ocorrido, não por assunção de culpa, mas pelo desencontro de informações que ocasionaram o incidente. Como dito pelos próprios clientes, a pizzaria, através de funcionária eventual, autorizou a entrada com os animais, desde que pela porta lateral e para permanência em mesa específica. No entanto, ao se retirarem do estabelecimento, os clientes permaneceram ao lado do forno, onde também se realiza o corte das pizzas que são servidas aos clientes, razão pela qual o proprietário pediu para que se retirassem daquele local específico, o que foi completamente ignorado.

É importante que se diga que Pizzaria é reconhecida como um espaço democrático, por isso a aceitação de animais, com condições, no sentido de agradar, também, aos que não tem relação com animais. A pizzaria preza por atendimento de qualidade. Essa é sua marca! A história e relação de fidelidade travada com os clientes, muitos frequentadores de anos e anos, falam por si. No entanto, a relação com animais passa por seus donos e condutores. Consternados pelo incidente, seguimos aqui receptivos, zelando por um atendimento de qualidade, contribuindo socialmente com o melhor de nós!