PF diz que navio grego é principal suspeito de derramamento de óleo

Dois mandados de busca estão sendo cumpridos hoje na sede da empresa responsável pela embarcação

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  • Da Redação

Publicado em 1 de novembro de 2019 às 09:57

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho / CORREIO

Um navio grego é o principal suspeito pelo derramamento de óleo no mar. De acordo com O Globo, a Polícia Federal está investigando a embarcação que seria a responsável pela contaminação de mais de 250 praias no Nordeste.

Segundo a investigação, a embarcação atracou na Venezuela em 15 de julho e o derramamento teria ocorrido a 700 quilômetros da costa brasileira entre os dias 28 e 29 de julho. A 'Operação Mácula' foi deflagrada nesta sexta-feira pela PF em conjunto com a Interpol.

Com base nestas informações, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão nesta sexta-feira (01) no Rio em sedes de representantes e contatos da empresa grega responsável pelo navio. Os mandados foram expedidos pela 14ª Vara Federal Criminal de Natal/RN, em sedes de representantes e contatos da empresa grega no Brasil.

Segundo o Ministério Público Federal, o inquérito Policial teve acesso a imagens de satélite que partiram das praias atingidas até o ponto de origem. O relatório de detecção de manchas de óleo indicou uma mancha original, do dia 29 de julho, e fragmentos se movendo em direção à costa brasileira.

Com informações da Marinha, a Diretoria de Inteligência Policial da PF concluiu que "não há indicação de outro navio (…) que poderia ter vazado ou despejado óleo, proveniente da Venezuela". Ainda de acordo com a Marinha, esse mesmo navio ficou detido nos Estados Unidos por quatro dias, devido a "incorreções de procedimentos operacionais no sistema de separação de água e óleo para descarga no mar".

As investigações foram realizadas de forma integrada com Marinha, Ministério Público Federal, Ibama e as universidades Federal da Bahia (UFBA), de Brasília (UnB) e Universidade Estadual do Ceará (UEC). Também houve apoio de uma empresa privada do ramo de geointeligência.

De acordo com as investigações, após atracar na Venezuela, onde ficou por três dias, o navio seguiu para Singapura, tendo aportado apenas na África do Sul. O derramamento teria acontecido durante esse translado.

Para os procuradores da República Cibele Benevides e Victor Mariz, "há fortes indícios de que a (empresa), o comandante e tripulação do navio deixaram de comunicar às autoridades competentes acerca do vazamento/lançamento de petróleo cru no Oceano Atlântico." Para eles, "a medida de busca e apreensão mostra-se necessária e de urgência", para a coleta de documentos que auxiliem no esclarecimento dos fatos.

Segundo a corporação, o navio grego está vinculado, inicialmente, à empresa de mesma nacionalidade, mas não há ainda informações sobre quem seria o responsável pelo petróleo abastecido na Venezuela. Foram solicitadas diligências adicionais à Interpol para buscar dados adicionais sobre a embarcação, tripulação e empresa responsável.

As investigações ocorreram em ação integrada com a Marinha do Brasil, o Ministério Público Federal, o Ibama - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, a Agência Nacional do Petróleo, a Universidade Federal da Bahia, a Universidade de Brasília e a Universidade Estadual do Ceará - além do apoio espontâneo de uma empresa privada do ramo de geointeligência.

A Polícia Federal indicou ainda que solicitou diligências em outros países pelo canal Interpol a fim de obter dados adicionais sobre a embarcação, tripulação e empresa responsável

A PF informou que, paralelamente, realiza exames periciais no material recolhido em todos os Estados brasileiros atingidos, bem como exames em animais mortos, já havendo a constatação de asfixia por óleo, assim como a similaridade de origem entre as amostras.

De acordo com a corporação, a operação foi denominada "Mácula" pois a palavra significa sujeira e impureza.

A investigação é pelo crime de poluição e por um artigo da legislação brasileira que pune o fato de não ter havido comunicações às autoridades sobre o incidente ocorrido em alto mar. O óleo que contamina as praias nordestinas desde 30 de outubro deste ano já atingiu 286 localidades em 98 municípios nos nove estados do Nordeste.