PF prende envolvidos em fraudes de prêmios das loterias da Caixa Econômica

Um baiano, ex-jogador da seleção brasileira, está envolvido no esquema. Operação cumpre mandados na Bahia e outros 4 estados

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  • Louise Lobato

Publicado em 10 de setembro de 2015 às 09:11

- Atualizado há um ano

Uma operação da Polícia Federal prende integrantes de uma organização criminosa que fraudou o pagamento de prêmios das loterias da Caixa Econômica Federal nos estados da Bahia, Goiás, Sergipe, São Paulo e Paraná, assim como no Distrito Federal.

Uma fonte ouvida pelo CORREIO informou que Edílson da Silva Ferreira, ex-jogador da seleção brasileira conhecido como Edilson Capetinha, é um dos suspeitos de envolvimento no esquema de fraude. PF faz operação contra fraudes em prêmios das loterias da Caixa(Foto: Marina Silva/ CORREIO)Em Salvador e Lauro de Freitas, a Operação Desventura, que teve início nesta quinta-feira (10), cumpriu 3 mandados de prisão temporária, um de prisão preventiva, 6 mandados de busca e apreensão e 8 conduções coercitivas.

Apenas um dos mandados foi cumprido na Região Metropolitana, enquanto o resto foi cumprido em Salvador. Cinco carros de luxo foram apreendidos pela Polícia Federal - um Hyundai Vera Cruz com placa de Sergipe, um Fiat Freemont, um Ford Fusion, um Audi A5 e uma Mitsubishi L200.  Cinco carros de luxo foram apreendidos pela Polícia Federal em Salvador (Foto: Marina Silva/ CORREIO)Os presos na Bahia serão transferidos para a Cadeia Pública de Salvador, na Mata Escura. Já as pessoas conduzidas coercitivamente prestarão depoimento na sede da Polícia Federal na Bahia, sendo liberadas em seguida.

O esquema de fraudes da quadrilha realizava a validação de bilhetes premiados falsos, de prêmios que não tinham sido sacados por ganhadores, com a ajuda de gerentes da Caixa Econômica Federal.

Através das suas senhas, os gerentes disponibilizavam o pagamento valores dos prêmios auxiliados por correntistas do banco que têm grande movimentação financeira. Entre os envolvidos no esquema está o baiano Edílson da Silva Ferreira, ex-jogador da seleção brasileira, e um primo dele.

O CORREIO entrou em contato com o advogado de Edílson, Thiago Phileto, mas ainda não obteve um pronunciamento oficial do representante do jogador sobre o caso. 

Em coletiva na manhã desta quarta-feira (10), em Goiás, a Polícia Federal revelou que, além do recrutamento de gerentes da Caixa, a quadrilha também se utilizava de hackers e programas maliciosos na internet para roubo de senhas. 

Morte de integrante e outros crimesUm outro integrante da quadrilha chegou a ser preso durante as investigações da operação, ao tentar aliciar um gerente da Caixa para sacar um prêmio no valor de R$ 3 milhões de reais. Alguns dias após ter sido liberado pela polícia, ele foi executado.

As circunstâncias do crime ainda estão sendo investigadas. Além disto, a investigação também identificou a atuação de doleiro na quadrilha, fraude na utilização de financiamentos do BNDES e do Construcard, além da liberação irregular de gravame de veículos.

Ao todo, os 250 agentes da Polícia Federal cumpre 54 mandados judiciais - cinco de prisão preventiva, 8 de prisão temporária, 22 conduções coercitivas e 19 de busca e apreensão. Os envolvidos no esquema de fraude vão responder pelos crimes de organização criminosa, estelionato qualificado, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, falsificação de documento público, evasão de divisas. 

Os valores dos prêmios da Mega-Sena, Loteca, Lotofácil, Lotogol, Quina, Lotomania, Dupla-sena e Timemania não sacados seriam destinados ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Somente em 2014, R$ 270,5 milhões em prêmios deixaram de ser resgatados por ganhadores de loteria da Caixa. 

Ainda de acordo com a PF, a investigação conta com o apoio do Setor de Segurança Bancária Nacional da Caixa Econômica Federal. Em nota,  a instituição informou que está abrindo processos disciplinares para investigar internamente as responsabilidades e o envolvimento dos empregados do banco.

Leia abaixo a nota completa enviada à imprensa pela Caixa Econômica:"A Caixa Econômica Federal informa que já vem colaborando com as investigações da Operação Desventura, deflagrada hoje (10) pela Polícia Federal, e que manterá cooperação integral com as investigações em curso. 

A CAIXA está tomando todas as providências de abertura de processos disciplinares, apuração de responsabilidades e afastamentos, nos casos de envolvimento de empregados do banco.Assessoria de Imprensa da CAIXA".