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Placas de palanque do Corpus Christi são roubadas no Campo Grande


 

Dom Murilo critica ladrões: 'são pessoas de pequenos espíritos'

  • Bruno Wendel

Publicado em 31/05/2018 às 17:05:00
Atualizado em 18/04/2023 às 11:42:06
. Crédito: Foto: Bruno Wendel/CORREIO

Palanque que teve peças roubadas sendo adaptado às pressas (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Por essa, nem os católicos mais fervorosos esperavam. Dez placas de alumínio foram roubadas do palanque montado no Campo Grande, em Salvador, como parte da celebração da missa e procissão de Corpus Christi na manhã desta quinta-feira (31).

O sumiço das placas, que sustentavam parte do palco, aconteceu na madrugada, mas só foi percebido momentos antes de o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, chegar à praça para o encerramento da solenidade. Ele criticou a ação criminosa (veja mais abaixo). 

A constatação do roubo veio por volta das 10h40. O supervisor da Stick Som, empresa responsável pela instalação do palanque, caminhava no Campo Grande quando resolveu conferir, despretensiosamente, a instalação da estrutura erguida para suportar o peso 30 pessoas – o arcebispo e outros membros da igreja.“Fiquei surpreso. Tive que ver para acreditar. Retiraram as 10 placas que eram a base de sustentação do palco”, disse Paulo Alves, 34 anos.  A montagem do palco foi iniciada às 8h dessa quarta (30) e finalizada às 20h do mesmo dia. Paulo Alves acredita que as placas foram roubadas por usuários de drogas. “Muito provavelmente levaram por que eram de alumínio e tem mercado paralelo que vive disso. Devem ter sido essas pessoas que vivem perambulando aqui na praça. Inicialmente, achei que tivesse desabado, mas isso dificilmente cede. Depois que dei por falta das dez placas”, declarou. 

Ainda segundo ele, o material que sumiu está avaliado em pouco mais de R$ 500. “Eles não devem nem ter noção do valor. Devem vender as peças por mixaria”, finalizou Paulo. Até as 14h desta quinta, a situação não tinha sido comunicada à polícia.

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Reduzido Por conta do acontecido, foi preciso planejar uma nova forma de Dom Murilo encerrar a celebração de Corpus Christi. A princípio, seria no chão mesmo. Tanto que a decoração que estava no palanque foi trazida para a frente da estrutura: flores e símbolos do catolicismo foram armados sobre uma mesa providenciada às pressas.

Mas a solução acabou vindo na redução do tamanho do palco. “O palanque inicialmente tinha 4 por 4 metros, onde cabia confortavelmente 50 pessoas. Então, foi necessária uma redução da estrutura para 4 por 2 metros, com a capacidade para suportar o peso de 15 pessoas. Mas, por uma questão de segurança, apenas cinco pessoas terão acesso, entre elas o arcebispo”, explicou Paulo.

Por volta das 11h, o palanque já estava pronto. Pouco depois, o arcebispo chegou junto com a procissão. Depois de abençoar todos da celebração, Dom Murilo comentou o sumiço das placas.“É triste a falta de cumplicidade para com o outro. O roubo não é permitido. São pessoas de pequenos espíritos e cabe a nós perdoarmos”, declarou o arcebispo, fazendo referência ao fato de as placas terem sido roubas.Missa Quem chegou às 8h10 no Terreiro de Jesus, no Pelourinho, tinha que se contentar com a pregação vinda dos alto-falantes espalhados no entorno da Igreja São Pedro dos Clérigos. Isso porque às 8h o templo estava lotado – tinha fiéis espremidos nos bancos, corredores, escadaria para a Celebração Eucarística.

Quem ficou do lado de fora, usou guarda-chuva como proteção – engana-se, desta vez, quem achou que foi a chuva a vilã dos fiéis. “Não, essa sobrinha é mais para nos proteger do sol, até mais do que a própria chuva”, disse o marceneiro Crisélio Santos, 52, que estava na companhia da esposa, a professora da rede municipal Efigênia Santos, 49. O casal é membro da Comunidade Católica Shalom do Rio Vermelho há 25 anos.

E quem tem fé, vai até de bike. Foi o que fez o assistente de saneamento da Embasa Alberto de Oliveira Roxo, 61. Morador da Barra, ele pedalou pouco mais de 7 km. “Acordei cedo. Fiz meu exercício e depois vim de lá para cá. Cheguei a tempo de pegar o início da missa”, disse ele, encostado na bike. 

Procissão Logo após a celebração eucarística, os fiéis saíram em procissão com o Santíssimo Sacramento e seguiram até a Praça do Campo Grande, onde houve a Bênção com o Santíssimo – o encerramento da celebração.

Ao som de dois trios elétricos, os fiéis saíram do Centro Histórico, passaram pela Praça Municipal, Rua Carlos Gomes, até chegar à praça do Campo Grande, onde foi dada a bênção final. Durante todo o percurso, Dom Murilo carregou o ostensório com o Santíssimo Sacramento.

Tradição No dia 31 de maio, a Igreja Católica celebra a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo (Corpus Christi).

Uma das tradições e atrações da festa em todo o país são os tapetes de serragem. No entanto, eles não são feitos no Centro da cidade há alguns anos. Segundo a assessoria da Arquidiocese de Salvador, a tradição foi se apagando. Porém, em igrejas menores, as comunidades continuam com o costume.

Os tapetes são encontrados ainda na Paróquia da Lapinha, na Paróquia Santa Rosa de Lima, no Costa Azul, na Igreja Nossa Senhora da Conceição, no Imbuí, mas dentro da nave das igrejas, e não na rua, como é tradicional no interior do estado.

*Colaborou Carol Aquino.