Planet Hemp coroa comemorações dos 25 anos com show no Festival de Verão

Banda carioca é última atração do sábado, primeiro dia do evento

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  • Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2018 às 06:10

- Atualizado há um ano

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O Planet Hemp está de volta a Salvador e se apresenta no sábado de Festival de Verão, nesta que é a quarta passagem do grupo carioca pelo evento - a última foi em 2016.  Se daquela vez o gostinho era todo especial, por ser a primeira apresentação da banda na cidade desde o retorno aos palcos, agora os fãs continuam tendo motivos para aguardar ansiosos pelo show.  É que a banda comemora 25 anos de formação e da criação do seu maior hit até hoje, Legalize Já. Além deste, não vão ficar de fora do repertório outros grandes sucessos do grupo, formado por Marcelo D2 e BNegão (vocais), Rafael Crespo (guitarra), Formigão (baixo) e Pedro Garcia (bateria), como: Mantenha o Respeito, Queimando Tudo, Fazendo A Cabeça e Dig Dig Dig.

 

Segundo BNegão, desde que voltaram a fazer shows, em 2012 (após um hiato de 11 anos), é de Salvador de onde mais partem as cobranças pela presença do grupo. Tanto assim que D2 fez questão de incluir a cidade na turnê do retorno, ainda em 2012. No entanto, o desejo (dos fãs e dos integrantes) teve de aguardar cerca de quatro anos.  Foi no FV16, o primeiro na Arena Fonte Nova, que o grupo finalmente deu o ar da graça depois de passar 13 anos sem passar pelo evento. Por onde passa, a ex-quadrilha da fumaça segue mostrando que seu discurso continua o mesmo e com questionamentos atuais, seja nas letras autorais escritas há mais de 20 anos, ou nas releituras. Um dos exemplos é a música Crise Geral, do grupo Ratos de Porão, que o Planet tem tocado em seus shows. “Essa música tem 40 anos e parece que foi escrita ontem”, pontua BNegão.  História O fato de dizer o que sempre disseram transformou o Planet Hemp em uma causa. Pela legalização da maconha, mas não só. Para o jornalista Pedro de Luna, autor da biografia Planet Hemp: Mantenha o Respeito, a luta do grupo que revigorou o rock e o rap nacionais nos anos 1990 sempre foi pela liberdade de expressão. “Isso bateu muito forte em mim, de que eu estava fazendo um livro certo na hora certa. Estamos enfrentando uma onda de conservadorismo, de repressão, que muito me lembra tudo que o Planet já dizia há 25 anos. Naquela época, o D2 já cantava que político não prestava, que o povo sofria, enquanto meia dúzia se fartava. O Planet Hemp segue atual e vai muito além da pauta da legalização da maconha, eles falam da liberdade de expressão”, comenta o jornalista que lembra em quase 500 páginas muitas das histórias do grupo, em suas diversas formações. Formação original   Skunk (de chapeu), em 1993, com os companheiros da banda. D2 lembra que sonho do Planet Hemp nasceu com o amigo, que morreu um ano antes do grupo lançar primeiro disco Prisões, shows cancelados, músicas proibidas de tocar na rádio, clipes censurados (em 1995, “Legalize Já” só podia ser exibido na televisão após as 23h), CDs recolhidos e muito tumulto fazem parte da trajetória do Planet Hemp, que, depois da prisão, acabou ganhando notabilidade e vendeu ainda mais discos.   “A história da banda é um documentário vivo da cena cultural brasileira do meio dos anos 1980 até os dias de hoje”, conclui Pedro de Luna. Por isso, para escrever o livro ele conversou com mais de 40 pessoas, entre eles o saudoso produtor Carlos Eduardo Miranda e Elza Cohen, dona do selo SuperDemo, que lançou o álbum de estreia da banda, Usuário (1995). A polêmica prisão em Brasília por apologia à maconha ganha um capítulo à parte, bem como a primeira turnê pelo Nordeste - incluindo o primeiro show em Salvador, ocorrido no dia 10 de janeiro de 1996. Telonas Lançado em outubro, filme Legalize Já - A Amizade Nunca Morre mostra a relação entre D2 (Ranato Góes) e Skunk (Ícaro Silva), criadores do Planet Hemp “Um dos públicos mais quentes do Planet sempre foi o de Salvador, sem sombra de dúvida”, elogia BNegão. O lançamento da biografia, que acontece amanhã, em São Paulo, é uma das muitas ações comemorativas dos 25 anos de banda. Esse ano, o álbum de estreia foi relançado em fita K7 e um filme estrelado por Renato Góes (Marcelo D2) e Ícaro Silva (Skunk) resgatou a amizade que deu origem à banda. No que depender da realidade, há ainda muito material para trilhar história. “Empreiteiras corrompendo, políticos corrompidos, péssima distribuição de renda, péssima saúde pública, descaso total com a educação pública”, lista BNegão. “ São 516 anos de um país pensado e gerido como uma colônia extrativista...”, critica BNegão. Daí vem a ideia de produzir letras que, além do desabafo, “provoquem reflexões, debates e mudanças”. Relíquia  Uma das mais importantes fábricas de discos de vinil da América do Sul, a Polysom lançou uma fita k7 de Usuário (1995), álbum de estreia do Planet Hemp  Recordação O jornalista Pedro de Luna assina a biografia Planet Hemp: Mantenha o Respeito (Ed. Belas Letras, 496 pág.). Lançamento acontece amanhã, na SIM São Paulo