Playing For Change transforma Praça Municipal em palco ao ar livre

Banda formada por músicos de diversas nacionalidades fez pocket show gratuito antes da apresentação na Concha Acústica, nesta sexta (30)

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  • Naiana Ribeiro

Publicado em 28 de novembro de 2018 às 21:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr./CORREIO

Foi só o som de Stand By Me, de Ben E. King, ecoar pela Praça Municipal, nesta quarta-feira (28), por volta das 17h30, para todos os que estavam no Centro Histórico de Salvador pararem tudo o que estavam fazendo para ouvir a banda Playing For Change tocar. 

Em Salvador pela segunda vez – eles fizeram um show aqui em 2014 - o fenômeno na internet formado por músicos de diversas nacionalidades retornou para uma apresentação única nesta sexta-feira (30), na Concha Acústica do TCA. Mas, antes, nove artistas do grupo deram uma prévia do que será a apresentação para fãs e trabalhadores que passavam pela Praça Thomé de Sousa. Tudo a ver: afinal, foi na rua que eles nasceram, em 2004, com a missão de inspirar, conectar e levar paz ao mundo através da música.

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“O povo brasileiro entende a nossa ideia, a nossa missão e nos acolhe de uma maneira muito especial. Parece que a gente nasceu aqui. Estamos aqui para mostrar que as coisas que nos separam não são maiores do que as que nos unem. A música tem esse poder. Continuem juntos, porque o futuro está nas nossas mãos”, afirmou um dos vocalistas do grupo, Mermans Mosengo, do Congo, que também é guitarrista e percussionista. 

Pela sétima vez no Brasil, ele ressaltou que se sente em casa. Isso porque, assim como a Bahia, o grupo é diverso e mescla gêneros musicais de todo mundo. Disse ainda que tocar no Centro da cidade é sinônimo de muita felicidade. “É um lugar cheio de cultura, que tem uma importância histórica e que respira diversidade”, destacou. Mermans Mosengo até cantou alguns trechos em português (Foto: Betto Jr./CORREIO) De volta a Bahia, o guitarrista italiano Roberto Luti comentou que, em 2014, já havia se identificado com a cultura baiana. Mas dessa vez estão conseguindo interagir com os artistas e pessoas locais: “Estamos vivenciando mais a cidade, as pessoas e a cultura de vocês, que é peculiar. Nada melhor que começar aqui”.

Em cerca de 30 minutos, os músicos apresentaram seus covers de maior sucesso, incluindo o vídeo viral Stand By Me e Three Little Birds, de Bob Marley. “Vi pelos vídeos que eles cantam nas ruas pelo mundo. Adoro! Fiz questão de vir”, afirmou a enfermeira colombiana Andreia Mora, 34 anos, que foi com uma amiga conferir ao pocket show e conhecer a banda de perto. Aproveitaram ainda para ver o pôr-do-sol do alto do Elevador Lacerda. 

Já o servidor público João Sardenberg, 37, aproveitou que estava saindo do trabalho e parou para conferir ao show da banda que é fã há nove anos. “Gosto da iniciativa e da proposta deles, que é justamente intervir na cidade e no espaço público. As canções são boas, a edição e a qualidade do som também. As minhas versões preferidas são Stand By Me e One Love, de Bob Marley”, contou. 

Fã do projeto multimídia que foi criado em 2004 pelo produtor americano e engenheiro de som Mark Johnson, a estudante de humanidades Débora Sales, 20, levou duas amigas para conferir ao mini show do grupo. “Há alguns anos conheci eles pelo YouTube e, além de achar o som muito agradável aos ouvidos, gosto muito do fato deles serem artistas de rua que ganharam visibilidade. Ou seja, são exemplos”, falou.

O vocalista e guitarrista americano Robin Moxey, ressaltou que além de espalhar a arte que veio da rua, o projeto multimídia também trabalha em prol das mudanças globais. “Quem assistir à apresentação de sexta estará ajudando a Playing for Change Foundation, que constrói escolas de música em comunidades carentes pelo mundo”, pontua. Robin Moxey (direita) (Foto: Betto Jr./CORREIO) A identificação com projetos sociais é tanta que, lá pelas 19h, o grupo participou do lançamento da 4º edição do livro Olodum – Carnaval, Cultura e Negritude -1979-2018, na Casa do Olodum, no Pelourinho.

Mais cedo, antes de tocarem na Praça, os músicos passearem pelo Rio Vermelho e pelo Pelourinho. ”A diversidade e a singularidade são surreais. Parece que Salvador tem um pouco de todo o mundo. A comida de vocês é maravilhosa. Amo mandioca, feijão, moqueca e caipirinha”, pontuou Mosengo.

Apesar de ter passado mal e não ter participado da programação do dia, o músico Grandpa Elliot, 74, ícone das ruas de New Orleans há décadas, está em Salvador e confirmou participação no ensaio da banda nesta quinta-feira (28) e apresentação na sexta (30). 

Playing For Change O que começou como um documentário da PBS inspirado pela paixão e energia do músico Roger Ridley e do produtor musical - ganhador do Grammy - Mark Johnson, tornou-se um fenômeno mundial sobre inspiração através da música. Assim, começou uma das jornadas mais incríveis da música: juntar artistas de rua de vários países para que eles tocassem pela paz.

Johnson viajou o mundo gravando e filmando músicos de diferentes fés, passados, etnias e misturou suas contribuições em um único e emocionante show. Ele é quem canta em um dos vídeos mais famosos da banda. Assista abaixo.

Muitos destes artistas nunca haviam se conhecido pessoalmente, mas seus talentos se identificaram através da música. O produto final virou um documentário chamado “Playing For Change: Peace Through Music” e tornou-se um vídeo viral no YouTube, que hoje chega a mais de 90 milhões de acessos.

Alguns dos músicos do documentário se juntaram pela primeira vez para uma apresentação ao vivo para o festival SXSW 2009 como a banda “Playing for Change”. Desde então, eles começaram a excursionar e fizeram uma série de shows esgotados. Além disso, ficaram com o primeiro CD/DVD “Playing for Change – Songs Around the World”, lançado neste mesmo ano, no Top 10 da Billboard.

O segundo trabalho, “Playing for Change Live”, foi lançado no ano seguinte. Em 2014, lançaram o 3º album: “PFC 3: Around the World”, que contou com as participações de Keith Richards, Sara Bareilles, Keb' Mo', entre outros, incluindo 180 músicos de 31 países.

Neste mesmo ano, na turnê de lançamento do disco pelo Brasil, acabaram gravando um DVD. Chamado “Live In Brazil” foi lançado no final de 2015 e foi a base dos shows no Brasil em 2016. Gravado em Curitiba, no Teatro Ópera de Arame, o DVD foi feito em homenagem ao público brasileiro que é um dos mais hospitaleiros do mundo e um dos principais na carreira da banda.

A formação atual da banda tem os seguintes músicos: Mermans Mosengo (Vocal/Percussão/Guitarra - Congo), TIti Tsira - (Vocal - África do Sul), Chantz Powell (Vocal/Trompete - Nova Orleans, EUA), Louis Mhlanga (Vocal/Guitarra - Zimbábue), Robin Moxey (Vocal/Guitarra - Los Angeles, EUA), Roberto Luti (Guitarra - Itália), Mateo (Sax - França), Claire Finley (Baixo - Key West, EUA), Ehssan Karimi (Bateria - Iran/EUA) e Keiko Komaki (Teclados - Japão).

ServiçoO quê: Playing For Change em Salvador;Onde: Concha Acústica do TCA, Quando: Sexta-feira (30), às 19h;Ingressos: R$ 120/R$ 60 (plateia) e R$ 200/R$ 100 (camarote);Vendas: Na bilheteria do TCA ou no site Ingresso Rápido.