PM é indiciado por morte de criança de 6 anos em São Caetano

O policial foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, por ter efetuado um disparo para o alto que acabou atingindo e matando a criança

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  • Da Redação

Publicado em 14 de julho de 2017 às 16:32

- Atualizado há um ano

O soldado da 9ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Pirajá) Aldo Santana do Nascimento foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, pela morte da menina Mirella do Carmo Barreto, de 6 anos, ocorrida em 17 de março deste ano, em São Caetano. Mirella foi morta pela polícia, em março, em São Caetano(Foto: Reprodução)O inquérito, que dependia de resultados de pericias, já foi encaminhado ao Ministério Público (MP), em 30 de junho. Nele, o exame de micro comparação balística revela que o projétil encontrado no corpo da vítima saiu da arma utilizada pelo PM, uma pistola ponto 40, que foi entregue para perícia. Na noite da morte da menina, o PM teria atirado para o alto, por volta das 21h30, em sinal de advertência, durante uma diligência policial na Rua Gomeia, onde a menina residia. 

Na ocasião da morte,  moradores e PMs contam ao CORREIO que os policiais estavam em busca de um celular que tinha sido roubado no bairro. A divergência é justamente no que levou ao desfecho trágico: a polícia alega que, ao chegar na comunidade, foi recebida com tiros. Segundo a PM, inclusive, a guarnição era da 9ª Companhia Independente (Pirajá). Enquanto isso, os moradores afirmam que não houve tiros. Pelo contrário: houve truculência desnecessária. 

Mirela era filha única da auxiliar de serviços gerais Neide Barbosa e do segurança Robenilton de Jesus Barreto. Como toda criança de seis anos, era uma menina alegre e brincalhona. “Só fazia ‘pintar’, como toda criança”, contou na ocasião da morte o despachante Jorge de Jesus, 60, amigo da família e morador da região. A garota não costumava ficar na rua. “Era da escolinha para casa. Tanto era que aconteceu em casa”, contou na ocasião a tia-avó de Mirela, Marinalva dos Santos, 58. 

Segundo os moradores, a atitude dos PMs que deveriam fazer a segurança da região é tudo, menos para dar segurança. Na noite de sexta, a situação teria sido parecida. “Eles chegaram lá, só vi ‘pá, pá, pá, pá’ (barulho de tiros). Pareciam uns doidos e parece que só quem mora lá (na Gomeia) é cachorro. Periferia é isso mesmo. Nem em casa a gente pode ficar mais”, desabafou Jorge. 

O sepultamento da criança foi marcado por pedidos de ‘justiça’. O pai e a mãe de Mirela estavam à base de remédios. Abalada, a avó da menina passou mal e precisou ser carregada por algumas pessoas presentes. Em meio ao choro dos adultos, um grupo de crianças segurava cartazes com dizeres como “Saudades eternas”, “Luto - Mirela” e “Queremos justiça”.