PM morto na BR-324 abordou homem armado em ponto de ônibus

Segundo SSP, não houve tentativa de assalto a ônibus; PM foi enterrado sob salva de tiros

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  • Tailane Muniz

Publicado em 1 de dezembro de 2018 às 18:46

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/CORREIO

O cabo da PM Juvanildo Paulino dos Santos, 46 anos, morto na manhã desta sexta-feira (30), na BR-324, na região da Jaqueira do Carneiro, foi baleado ao tentar abordar um suspeito armado em um ponto de ônibus. Conforme a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), não houve tentativa de assalto a um coletivo, como inicialmente foi divulgado pela própria polícia.

Juvanildo não estava fardado e tinha acabado de sair do plantão quando foi assassinado. A SSP-BA informou que o militar não acertou o bandido - que morreu pouco depois, no Calabetão, segundo a pasta, em confronto com policiais da Operação Gêmeos. A SSP disse, ainda, que não há indícios de que outras pessoas tenham participado do crime. 

Tanto o policial quanto o suspeito chegaram a ser socorridos para o Hospital do Subúrbio, onde não resistiram. O militar era lotado no Batalhão de Guardas, com sede no Complexo Penitenciário de Mata Escura, e costumava passar pelo local para chegar em casa, no bairro de Vila Canária, em Salvador.  (Foto: Reprodução) A Polícia Civil chegou a divulgar que as informações preliminares davam conta que Juvanildo foi baleado ao tentar evitar um assalto que acontecia dentro de um ônibus. A pasta afirmou que após atingir o policial, o bandido fugiu em direção ao Calabetão, onde foi encontrado e morto por equipes da Operação Gêmeos.  O PM, que integrava a corporação há 21 anos, foi enterrado na tarde deste sábado (1º), sob salva de tiros, diante de cerca de 400 pessoas - entre familiares, amigos e colegas de profissão - no Cemitério Bosque da Paz. De acordo com o Departamento de Polícia Técnica (DPT), o corpo do suspeito ainda aguarda por identificação da família no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR).

Amor pela PM Sem se identificar, um policial que trabalhou com a vítima por mais de dez anos comentou com a reportagem que eles costumavam deixar juntos o trabalho."Era pra ele estar comigo, eu não me conformo. Falava tanto para ele ter cuidado. Ele amava ser policial, gostava demais. Era uma pessoa muito feliz com a vida que tinha", disse o militar, em lágrimas.Juvanildo era casado há mais de 15 anos e pai de quatro filhos, de acordo com o amigo. Abalados, os filhos do cabo não quiseram falar com a imprensa. Uma das irmãs da vítima precisou ser tirada do cortejo fúnebre. "Ai, que dor, meu Deus, me devolve meu irmão, por favor. Por quê?", indagava, inconformada, uma das irmãs da vítima,  amparada por outros familiares. Cerca de 400 pessoas participaram de enterro do PM (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Churrasco Há mais de 20 anos no mesmo endereço, um prédio no bairro de Vila Canária, Juvanildo era querido pelos vizinhos. A dona de casa Júlia Gomes, 40, lembra que, pelo militar, todo sábado era dia de churrasco."Pense numa pessoa incrível, maravilhosa? Era ele. Hoje era dia. Ele falava assim: 'vamo armar?', eu já sabia que ele estava falando de churrasco. Amava demais. Mas não gostava de carne, preferia asinhas de frango", revelou Júlia, emocionada.A vizinha disse que o militar era querido por todos no prédio e não economizava nas amizades. "Ele era querido pelo pessoal das caminhadas, do prédio, da rua, não é à toa que tanta gente veio se despedir".

Muitos policiais, tanto do Batalhão de Guardas, e até de algumas especializadas da PM, como Choque e Rondas Especiais (Rondesp), também participaram da cerimônia. Por meio da assessoria, a SSP-BA afirmou que o crime, investigado pelo titular da Força Tarefa, delegado Odair Carneiro, ainda não teve o inquérito encerrado.