PM prende morador suspeito de jogar ovo em manifestantes bolsonaristas em BH

Deputado do Novo acompanhava polícia; suspeito foi solto sete horas depois

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  • Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2021 às 15:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: Herbert Cabral/TV Globo

Três policiais militares prenderam um homem sob suspeita de ter atirado ovos contra uma manifestação bolsonarista no sábado (1º), em Belo Horizonte. A prisão aconteceu na casa do suspeito, o analista de segurança de informação Filipe de Fonseca Cezário, 32 anos. Um deputado estadual bolsonarista, Bartô (Novo-MG), acompanhava os policiais.

Filipe disse à Folha de S. Paulo que os policiais chegaram à sua porta sem nem tocar o interforne. "Bateram na porta. Eu disse que não abriria. Vi pelo olho mágico que eles foram para outro apartamento. Decidi abrir a porta e chamá-los para entrar, mas avisei para o deputado ficaria do lado de fora, explicou.

UM PM identificado como tenente Oliveira pediu que Filipe entregasse o celular à namorada, Andreza Francis, 33, que estava no apartamento. Pelo telefone, Filipe falava com uma amiga advogada. O analista pergunta ao PM por qual motivo está sendo preso.

Depois que ele sai, Bartô discute com Andreza, dizendo que uma moradora viu quando Filipe jogou os ovos. Andreza rebate que o edifício tem câmeras e que ela vai solicitar as imagens.

Filipe disse que estava acompanhando o ato da janela e que chegou a gritar "Fora, Bolsonaro" quando um grupo de pessoas apontou para seu apartamento. Logo depois, a PM chegou com o deputado.

Ele foi levado na traseira de um camburão para a Central de Flagrantes, onde foi ouvido. Sete horas depois da prisão, foi liberado. Os policiais não tinham mandado, necessário para entrar na casa de Filipe, mas alegaram se tratar de um flagrante, já que haveria imagens mostrando o morador jogando ovos da janela, além de testemunhas. 

O advogado que defende Filipe, Rafael Pitzer, classifica a prisão de arbitrária e diz que houve abuso de poder. Segundo ele, trata-se de uma ação política e não de prisão em flagrante.

A PM informou em nota que um procedimento administrativo foi instaurado "para verificar às circunstâncias que ensejaram a prisão em questão”. o deputado Bartô diz que só acompanhou o trabalho dos PMs e das testemunhas para "orientar e dar tranquilidade na ação".

Deputados pedem explicação Doze deputados estaduais mineiros do PT, Rede Sustentabilidade, PSOL, PCdoB e PSB cobram posicionamento da Corregedoria da PM. O requerimento solicitando explicações foi encaminhado à Comissão de Direitos Humanos e precisa de aprovação dos integrantes do grupo para ser remetido à PM-MG.

Para os parlamentares, Filipe pode ter sofrido violações de Direitos Humanos. “É possível que tenha ocorrido arbitrariedade e que o rapaz tenha sido preso ilegalmente. Inclusive, que a polícia tenha entrado sem mandado judicial, condição para entrar na casa de uma pessoa”, diz Cristiano Silveira (PT).

Filipe disse que vai entrar com processo por danos morais, calúnia e difamação. "Eu temo pela minha vida, a ditadura bateu na minha porta. Foi uma ação política", afirmou, segundo o Estado de Minas.