PM que foi flagrado em assalto no Imbuí tem prisão preventiva decretada

Jesimiel foi preso em flagrante na última sexta (6); ele é um dos PMs envolvidos no caso Geovane

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  • Raquel Saraiva

Publicado em 10 de julho de 2018 às 18:55

- Atualizado há um ano

O cabo da Polícia Militar Jesimiel da Silva Resende, 42 anos, teve decretada a prisão preventiva na manhã desta terça-feira (10). Na tarde da última sexta (6), ele foi preso em flagrante pela Polícia Militar (PM) roubando transeuntes no bairro do Imbuí. 

Em audiência de custódia, a juíza Maria do Socorro Santa Rosa de Carvalho Habib converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva. A Corregedoria da Polícia Militar afirmou que, até o final da tarde desta terça, não havia sido notificada sobre a prisão preventiva do cabo. Jesimiel é um dos PMs envolvidos no caso Geovane.  Policial militar envolvido no sumiço do jovem Geovane teve prisão preventiva decretada após ser flagrado roubando transeuntes no Imbuí (Foto: Leitor CORREIO) Segundo a PM, na última sexta uma guarnição foi acionada via Cicom para verificar uma ocorrência de um homem baleado na Rua João José Rescala, no Imbuí. Quando chegaram ao local, um policial militar em um "veículo oficial" relatou que havia flagrado o cabo assaltando três pessoas e o prendeu. Jesimiel teria reagido à prisão e acabou sendo baleado na perna esquerda e passou por cirurgia no Hospital Geral do Estado (HGE), onde ficou custodiado.

Com o militar, a PM apreendeu três aparelhos celulares pertencentes às vítimas; um revólver calibre 38, além de uma motocicleta com placa clonada e R$ 300. As vítimas e o policial que efetuou a prisão foram encaminhadas para a 9ª Delegacia, na Boca do Rio. Jesemiel é lotado na 98ª CIPM (Ipirá).

Desaparecimento de Geovane Geovane Mascarenhas Santana, 22 anos, foi visto pela última vez com vida no dia 2 agosto de 2014, durante uma abordagem realizada por policiais da Rondesp no bairro da Calçada. O corpo de Geovane foi encontrado carbonizado e degolado no Parque São Bartolomeu, no dia 3 de agosto. Já a cabeça e as mãos foram encontradas em Campinas de Pirajá, no dia 4.

A prisão dos policiais envolvidos no caso aconteceu no dia 15 de agosto, dois dias depois de o CORREIO publicar uma reportagem mostrando o vídeo em que Geovane é colocado no porta-malas de uma viatura da Rondesp/BTS. As imagens foram conseguidas pelo pai de Geovane, Jurandy Silva Santana, que investigou por conta própria o desaparecimento do filho.

Presos, eles foram levados para Batalhão de Choque, em Lauro de Freitas. São eles: o subtenente Cláudio Bonfim Borges, comandante da equipe, e os soldados Jailson Gomes de Oliveira e Jesimiel da Silva Resende – todos lotados na Companhia de Rondas Especiais da Baía de Todos os Santos (Rondesp/BTS).

Durante as investigações, outros policiais que participaram do crime foram identificados. No total, 11 PMs foram denunciados por sequestro, roubo (a moto e o celular de Geovane não foram encontrados) e homicídio qualificado. Além de Cláudio Bonfim, Jailson Gomes e Jesimiel Resende, respondem pelo crime os sargentos Gilson Santos Dias e Daniel Pereira de Souza Santos, e os soldados Cláudio César Souza Nobre, Fábio Nobre Lima Masavit Cardozo, Jocenilton Santos Ferreira, Roberto Santos de Oliveira, Alan Moraes Galiza dos Santos e Alex Santos Caetano.

Como Geovane foi morto O laudo do Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues (IMLNR) apontou que a causa da morte do rapaz foi decapitação. O CORREIO teve acesso ao documento, que abordava ainda que, após a decapitação, o corpo foi carbonizado, além de sofrer mutilações. A ação foi classificada no exame como “dantesca”. Geovane foi “vítima de decapitação seguida de carbonização, ações de extrema violência, associadas a requisitos de característica dantesca com a mutilação e retirada das mãos, dos testículos e do pênis e das tatuagens”, diz o laudo.

O exame também mostrou que não havia fuligem nas vias aéreas do corpo, o que “demonstra que não houve aspiração pela vítima de fumaça enquanto vivo”. Ainda de acordo com o documento, o corpo foi envolto em um plástico antes de ser queimado. Outra constatação é de que não houve fraturas no rosto ou na cabeça, nem lesões em órgãos e ossos, nem hemorragias. De acordo com o laudo, a arma utilizada no crime foi “objeto cortante ou penetrante”. A Polícia Civil já havia revelado que a arma usada para matar a vítima foi uma faca.

Julgamento dos acusados Em 23 de março, o sargento Gilson Santos Dias e os soldados Cláudio César Souza Nobre, Fábio Nobre Lima Masavit Cardozo e Jocenilton Santos Ferreira foram inocentados e retirados do processo. A decisão foi da juíza do caso, Gelzi Maria Almeida de Souza, do 1º Juízo da 1ª Vara do Júri. O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) não recorreu da decisão da Justiça.

Na mesma decisão que inocenta os quatro PMs, a juíza deliberou que vão à júri popular o subtenente Cláudio Bonfim Borges, o sargento Daniel Pereira de Souza Santos, e os soldados Jesimiel da Silva Resende, Roberto Santos de Oliveira, Alan Moraes Galiza dos Santos e Alex Santos Caetano. O soldado Jailson Gomes Oliveira irá à júri popular pelos mesmos crimes, com exceção de ocultação de cadáver.

* sob orientação da editora Mariana Rios