PM tem 96 policiais afastados por suspeita de infecção pela covid-19

Primeira morte por covid-19 na tropa foi do sargento Carlos Alberto Macedo na quarta (15)

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  • Bruno Wendel

Publicado em 17 de abril de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

A Polícia Militar da Bahia, que tem 30 mil homens em sua tropa, registrou até ontem 299 casos suspeitos de PMs infectados pela covid-19 em todo o estado - destes, 96 ainda estão afastados para confirmação de diagnóstico. Além disso, seis testaram positivos, entre eles o sargento da reserva Carlos Alberto Nascimento Macedo, 52 anos, primeiro óbito na corporação causado pela doença. Ele morreu na quarta (15) no Hospital Santa Izabel.

O Hospital Santa Izabel, por meio de nota, disse que "se solidariza com o luto dos familiares do referido paciente e esclarece que segue rigorosamente as recomendações do Ministério da Saúde e da  Secretaria da Saúde do Estado da Bahia".

Apesar da primeira morte da corporação ter sido de um policial da reserva, a Associação dos Policiais e Bombeiros e Bombeiros Militares e seus Familiares (Aspra) da Bahia aponta que a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) entre militares pode provocar problemas de saúde à tropa. "A Aspra tem recebido dezenas de denúncias de entrega de EPIs insuficiente e ingressou com ação junto ao Tribunal de Justiça cobrando proteção para os militares baianos". 

Entre os PMs infectados está um cabo lotado no Quartel Geral da PM, no Largo dos Aflitos. O militar, que não teve o nome revelado, tem 43 anos e está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Aeroporto, unidade particular em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS). O quadro de saúde dele é estável. Um familiar conta que o cabo apresentou os sintomas logo após deixar um plantão no quartel, no dia 9 deste mês, e foi direto para o Hospital Aeroporto. "E de lá não saiu mais".  

O cabo mora com a mulher e o enteado de 14 anos num condomínio de prédios em Lauro de Freitas. Por segurança, ambos estão em quarentena. "O resultado do exame da mulher dele  deu negativo", disse o familiar, que comentou: "Ainda estamos preocupados porque ele (cabo) teve contato com outros parentes que moram no mesmo condomínio".  O sargento da reserva foi a primeira morte pela Covid-19 na PM baiana (Foto: Divulgação) Policiais militares vão às ruas protegidos por máscaras Segundo a Aspra, entidade que representa militares, a ausência de EPIs tem resultado em problemas de saúde na tropa. "Após ação judicial, o Estado providenciou as máscaras, mas, ainda assim, não segue com as recomendações de especialistas de que máscara de pano, como as distribuídas pela PMBA, devem ser trocadas a cada duas horas. Mas os militares recebem apenas duas máscaras para o serviço de 12 e 24 horas". 

Ontem, a equipe do CORREIO foi às ruas e não encontrou policiais militares  sem máscaras nas principais vias de Salvador.  

Ainda assim, um policial da 26° Companhia Independente (CIPM/Brotas), onde dois PMs foram afastados com suspeita de covid-19, relatou que na unidade faltam máscaras, luvas e álcool em gel. Realidade diferente da do Batalhão de Choque. "Aqui, pelo menos, tem de tudo. O comandante proíbe a saída sem os EPI's", declarou um capitão. 

Ex-dirigente da Aspra, o deputado estadual Soldado Prisco ressalta que ‘os policiais estão na linha de frente e é  preciso investir em mais EPIs para que eles estejam de fato resguardados". 

Em nota, a PM informou que assim que iniciou a pandemia, os policiais foram orientados a adotar algumas medidas no cumprimento do expediente para se protegerem do vírus. Além da utilização de máscaras, álcool em gel e dos cuidados básicos de higiene, durante o radiopatrulhamento os PMs foram alertados a abrir os vidros das viaturas; higienizar os EPIs, manter distância das pessoas, lavar as mãos e evitar tocar o rosto.

"O Departamento de Apoio Logístico (DAL) da PM também adquiriu 60 mil máscaras de tecido para todos os integrantes da tropa. A PM tem feito ainda parceria com a Saeb e Sefaz para realizar compras vultosas e garantir o fornecimento e distribuição de materiais de higiene  e EPIs", diz a nota da corporação. "Vale ressaltar que não há como identificar a origem de contaminação, tendo em vista que a Bahia já tem diversos casos de transmissão comunitária", completa o texto.