PMs liberaram ladrões de ar-condicionado porque denúncia era sobre roubo de fios

Policiais que atenderam ocorrência no Centro de Convenções, neste domingo, serão apresentados à Corregedoria

Publicado em 20 de agosto de 2017 às 17:29

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Leitor CORREIO
Apesar de placa com indicação de entrada proibida, isolamento não impede ação de saqueadores por Foto: Marina Silva/CORREIO

Suspeitos são abordados por policiais, mas acabam liberados com produtos de furto (Foto: Leitor CORREIO) Os policiais militares que flagraram três pessoas roubando aparelhos de ar-condicionado do Centro de Convenções da Bahia, em Salvador, na manhã deste domingo (20), serão apresentados à Corregedoria da corporação. Eles foram flagrados, em fotos e vídeos feitos por moradores vizinhos ao equipamento, abordando e, logo em seguida, liberando os suspeitos, que fugiram com o material.

Segundo a assessoria da PM, a justificativa apresentada pela guarnição (viatura 9.3923) da 39ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Imbuí-Boca do Rio), é que a denúncia recebida era referente a um furto de fios para a extração de cobre no local.

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“Por esse motivo que a abordagem foi realizada às pessoas que conduziam as máquinas dos condicionadores de ar, mas não houve a prisão deles, pois os policiais não haviam presenciado a retirada dos equipamentos do interior do imóvel”, explica a nota enviada pelo departamento de comunicação da PM.

Nas imagens é possível ver quando três policiais militares abordam três suspeitos – dois homens e uma mulher –, que estavam transportando os aparelhos em um carrinho de mão. Dois dos militares entram no Centro de Convenções e fazem buscas na área de onde o trio havia saído com os aparelhos.

“Após o momento registrado nas imagens, os policiais se dirigiram ao preposto da vigilância patrimonial que faz a guarda do imóvel e questionou sobre a denúncia recebida e pediram-lhe informações sobre as características físicas das pessoas que estavam cometendo a subtração dos pertences do prédio, no que foi respondido por aquele profissional que eram pessoas jovens, com cerca de vinte anos”, continua a nota da PM.

“Esta informação foi decisiva para afastar definitivamente a suspeita dos policiais sobre as três pessoas abordadas, que aparentavam ter mais idade”, completa o comunicado, justificando a decisão dos policiais de liberar os suspeitos.

Apesar disso, conclui a nota da PM, após a veiculação das imagens, “o comando da 39ª CIPM determinou a apresentação dos policiais militares e do preposto da vigilância patrimonial do Centro de Convenções à Corregedoria Geral da PM-BA e posteriormente o registro do furto na delegacia territorial da área.”

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Furtos constantes Moradores contaram ao CORREIO que os bandidos estão agindo de forma constante no Centro de Convenções, e que a maioria foge no sentido Orla. Segundo um vizinho do equipamento, que está fechado após um desabamento em setembro do ano pasado, os furtos começaram há cerca de uma semana.

Os bandidos se dividem em grupos que variam entre três e oito pessoas, que pulam o muro e entram no prédio. Depois, retornam com fios, cadeiras, mesas, janelas e aparelhos de ar condicionado.

Os produtos furtados são passados por cima do muro para comparsas que esperam do lado de fora. O material roubado é levado nas costas ou em sacolas. O que é grande demais para ser transportado por uma pessoa é colocado em carrinhos de mão e amarrados com corda, como aconteceu neste domingo.

Ainda segundo os moradores, depois que os policiais liberaram os suspeitos, eles seguiram em direção à orla e, minutos depois, voltaram para levar outros produtos do Centro de Convenções.

Futuro incerto Com quase 40 anos de inaugurado, o Centro de Convenções da Bahia, em Jardim Armação, estava fechado para obras de recuperação, quando parte da estrutura desabou, em setembro de 2016. 

Em fevereiro deste ano a Justiça do Trabalho determinou a penhora do imóvel e a suspensão de qualquer obra no local em garantia a uma dívida trabalhista, avaliada em R$ 50 milhões, da Bahiatursa, empresa pública que era ligada ao governo do estado.