Podcast gratuito com Seu Jorge e Mel Lisboa tem suspense e viagem no tempo

A série de ficção científica Paciente 63 estreia quinta-feira (22), no Spotify

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  • Laura Fernades

Publicado em 21 de julho de 2021 às 08:15

- Atualizado há um ano

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O som do aparelho que mede os sinais vitais transporta o ouvinte para o hospital, onde o Paciente 63 está internado. A voz grave e inconfundível de Seu Jorge, que interpreta o tal paciente enigmático, faz com que o público esqueça, por um minuto, que se trata de um podcast. A narrativa passa facilmente pela trilha de um filme. Basta fechar os olhos e escutar a série em áudio original Spotify, exercitando a mente como em um livro.

Com estreia gratuita nesta quinta-feira (22), o podcast Paciente 63 conta também com a atriz Mel Lisboa, que interpreta a psiquiatra Elisa Amaral. Ficção científica, suspense e viagem no tempo prendem o ouvinte em cada um dos episódios roteirizados pelo chileno Julio Rojas. Loucura, delírio e realidade pandêmica também são temas abordados na trama sobre o paciente que alega vir do ano de 2062.

“Esse conteúdo de áudio na ficção se assemelha à literatura nesse sentido, porque incentiva a capacidade imaginativa do ouvinte. O que minha mente cria é único e sua mente vai criar personagens, cores e cheiros totalmente diferentes. Por mais que você conheça o meu rosto e o do Jorge”, enaltece Mel Lisboa. “A gente não tem ideia do quanto é importante que a gente exercite a imaginação, o lúdico”, completa.

Cantor e ator de filmes como Marighella (2021) e Cidade de Deus (2002), Seu Jorge confessa que implicou com sua própria voz no início. “Ainda estou aprendendo”, justifica, sorrindo. Na música, compara, “a voz é importante, mas você tem outras ferramentas: os arranjos e os poetas”. “Nesse nosso negócio, eu tinha a Mel, o texto e o microfone”, conta, sobre o desafio de gravar uma série em áudio.

“A gente se via, tinha nosso texto, a interpretação e as respirações para passar ao ouvinte. Mas o trabalho de pós-produção fez a série ficar ainda mais rica”, elogia o protagonista. “Estou muito feliz de ter participado, aprendi muito. Nunca tinha feito nada parecido, mas sei da memória do público brasileiro das radionovelas”, acrescenta.

Louco? O embate entre o “jaleco branco” da médica Elisa Amaral e o discurso “louco” do paciente que estampa a tatuagem do Coringa cria um ponto de tensão interessante na série. De um lado, a realidade científica, do outro o discurso de um viajante no tempo que tenta salvar o mundo do desgaste progressivo da espécie. Um tenta convencer o outro do seu ponto de vista, diante do confinamento da chamada “geração entre pandemias”. 

“A gente está vendo o reflexo disso hoje, a luta que a ciência está tendo para ter credibilidade, para não ser negada. A gente vai ter que romper com esse desafio, que é de outra ordem. Prestem atenção na mensagem de Pedro Roiter sobre as gerações entre pandemias, porque uma já causou um caos muito grande à outra”, avisa Seu Jorge, sobre o seu personagem.

O paciente 63, que é cinéfilo e fã do Coringa, terá a missão de atacar uma pessoa que pode condenar o mundo inteiro a um triste fim. “Ele traz questões que não vivemos ainda e que podemos viver”, alerta. “Nos aflige não controlar o futuro. A gente quer viajar no tempo, a gente quer saber o futuro. Mas o que digo é: trabalhe hoje para a gente ter mais segurança e certeza do futuro que a gente quer ter”, indica.

Entre ficção e realidade, o paciente Pedro Roiter tenta convencer a médica sobre o que está por vir. Apesar do jaleco branco, Mel destaca que sua personagem é “um ser humano vulnerável que tem o escudo da psiquiatria, da médica”. “Aos poucos esse cara vai trazendo informações e essa muralha vai se dissolvendo”, revela. “O arco dramático da doutora Elisa é muito interessante e ele vai fazendo com que ela perca as bases”, conta.

Pode ser verdade A atriz acredita que a serie é muito poderosa em vários sentidos, principalmente no diálogo com a realidade distópica que o mundo está vivendo. “Se há dois anos alguém me falasse: vai rolar uma pandemia, vai fechar tudo, todo mundo vai ter que ficar em casa, de máscara na rua... Eu dia dizer: não, né gente?”, compara Mel.

“A gente está vivendo uma distopia, todo mundo falando por Zoom, os filhos deixaram de ir para a escola... Isso é coisa de filme. Qualquer ficção científica funciona mais quando de certa forma está dentro do princípio da verossimilhança: não é verdade, mas pode ser. Isso nos causa angústia”, acredita. “Mutação, vacina, mutação, vacina... Pode acontecer!”, constata, dando pistas do que a série apresenta.

Questionada sobre o que esperar de 2062, Mel diz que tudo pode acontecer, inclusive o que o paciente 63 defende. Seu Jorge também não se arrisca a prever o futuro, mas teme que as próximas gerações tenham que voltar a viver de forma rudimentar. “O cara que não sabe para que serve uma romã, um boldo, e tiver que viver disso estará em maus lençóis”, diz. “A sabedoria dos mais velhos é que vai dar o tom das coisas lá na frente”, alerta.