Poderoso chefão da FitDance, Fabio Molejo criou império no Youtube

Marca atingiu 2 bilhões de visualizações; hoje há quem o acuse de monopolizar mercado

  • Foto do(a) author(a) Alexandre Lyrio
  • Alexandre Lyrio

Publicado em 11 de fevereiro de 2018 às 06:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

O gel não segurava mais o cabelo. Sem tempo de dar um tapa no visual, Fabio Duarte, 38 anos, nos atendeu, às 11h, com cara de ontem. Na manhã de segunda-feira (5), tinha vestígios de glitter na barba e bochechas, olhos apequenados pelo sono e estômago vazio. Isso porque, às vezes, não toma café e nem almoça. “Aí sinto um enjoo no final da tarde e lembro que não comi”, diz ele, que, vez por outra, também esquece-se de ir ao banheiro.

Dessa maneira, com tempo para tudo que diz respeito a suas empresas e para quase nada que envolva outras questões, um dos donos da FitDance enriquece na velocidade de boas requebradas de pagode. Não à toa, o dançarino e amigo Hélmgton Pinto, conhecido por todos como Zig, utiliza um provérbio popular para definir Fabio: “Sabe aquela coisa de ‘o rebanho só engorda com o olho do dono’? Foi inspirado em Fabio”, brinca Zig.  

No dia que o acompanhamos, Fabio participou de cinco reuniões, opinou do início ao fim na criação da marca de um novo canal no YouTube, viu detalhes da edição de um clipe institucional e até desenhou à mão um dos looks que serão vendidos na loja virtual. Participa de todas as etapas dos processos de criação. Todas mesmo! Fabio Duarte, 38 anos, no QG do FitDance, na Pituba (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Além de ser um dos dançarinos, agora dá uma de cantor nos clipes das bandas que a FitDance participa. Faz questão de que cada detalhe do império que está construindo passe pelo seu crivo. 

Sim, império! Ágil nas palavras, sem mudar o tom de voz ou a expressão do rosto, Fabio explicou como a FitDance atingiu o mercado mundial a ponto de, recentemente, bater os 2 bilhões de visualizações nos seus cinco canais. Um deles voltado para o mercado internacional, o FitDance Life, e o último criado para o público indiano: o FitDance Channel. 

“A Índia é um país que tem no seu DNA a dança. Percebemos isso e investimos nesse mercado”. Por mês, o número de visualizações dos canais da FitDance muitas vezes é o dobro de canais como Porta dos Fundos, por exemplo. O número de inscritos, em breve, deve bater os 10 milhões.  Sorrindo e 'sarrando': marca criada por Fabio e o irmão vale milhões de reais (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) A FitDance não é só um fenômeno de “views” na Internet, mas também de faturamento. A cada ano, o lucro salta mais alto que uma sarrada de respeito.

Apesar de esse número ser guardado a sete chaves, a quantidade de fontes de receita da empresa e o fato de ela crescer quase duas vezes por ano possibilita cravar: a FitDance é uma marca que vale milhões de reais. Para falar de dinheiro, Fabio convoca seu irmão e sócio, Bruno Duarte, que criou a marca junto com ele.   

Sem apresentar os números, o irmão do Big Boss lista as fontes de receita. A primeira delas está nos cursos de formação de instrutores. Com o sonho de se tornar parte do império, os candidatos pagam R$ 500 para participar de um dos 16 cursos realizados por semana. A mensalidade, caso sejam aprovados, é de R$ 70. Mas há ainda a monetização do Google e do YouTube. Um percentual de publicidade é migrado para o canal.

O valor depende da quantidade de views e do número de inscritos, mas o algoritmo usado pelo YouTube é secreto e é praticamente impossível determinar, com exatidão, qual o peso de cada variável. A FitDance também tem parceiros diretos. Contratos publicitário com Puma, Red Bull e Kontic são uma das maiores fontes de lucro. 

Isso sem falar as marcas que entram em projetos especiais, como a Casa Skol, neste Carnaval. Durante a folia, aliás, a FitDance terá um quartel general em uma mansão na Barra. Do FitDance Space será gerado conteúdo voltado para o YouTube. “Vai ser o polo de criação da FitDance na festa”.  A companhia estará todos os dias no Camarote Haren e na Casa Skol.

Lançando sucessos A FitDance virou uma plataforma de lançamento de música. Por conta disso, a companhia tem parceiras com todos os artistas e gravadoras mais ouvidos do país. Gordos pacotes são fechados com esses parceiros. As coreografias criadas pela FitDance e utilizadas por esses artistas também são cobradas. A FitDance também fatura com os quase 200 eventos que faz por ano. O cachê do show, dos poucos números divulgados, é de R$ 10 mil. 

Mas também há os eventos proprietários: o FitDance Fun e o Super Dance, todo produzido pela empresa. A FitDance também fatura com os mais de 250 produtos licenciados. “Em termos de faturamento total, não abrimos. O que podemos dizer é que crescemos em um ritmo muito elevado. Crescemos entre uma e duas vezes de um ano para o outro”.  Fabio e a equipe de edição dos vídeos da FitDance (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) É possível apenas comparar com outros fenômenos do YouTube, como o canal Porta dos Fundos e a Zumba, este último do mesmo nicho da dança.

“A Zumba, que é uma empresa similar ao nosso negócio está avaliada em 500 milhões de dólares. A Porta dos Fundos, se não me engano, acabou de ser vendida por R$ 60 milhões”, diz o irmão Bruno.

Mente brilhante   Agora é possível entender porque Fabio praticamente não dorme. Na aparência, está longe de ser uma pessoa inquieta. Mas, confirmaram todos os que conhecem o Big Boss de perto, por dentro, sua cabeça fervilha ideias. “Ele é extraterrestre, uma mente brilhante. Consegue pensar em várias coisas ao mesmo tempo e cumprir várias demandas de uma vez”, diz Diogo Pretto, que conhece Fabio antes de a FitDance existir. 

Tanto para o lado da dança quanto do marketing, Fabio Duarte aprendeu quase tudo de forma intuitiva. Nascido em Salvador, filho de uma família de classe média, foi aluno do Colégio São Paulo, chegou a estudar publicidade na Universidade Católica da Bahia (Ucsal), mas não se formou. Parou quando se tornou um dos integrantes da chamada Troup Dance, atração certa em eventos em Porto Seguro e em casas de shows de Salvador. 

Dos calorosos ensaios no Mamagaya, Fabio foi parar no ar-condicionado de um estúdio de uma bela casa na Pituba, de onde gera o conteúdo das coreografias para o YouTube. Hoje, os integrantes da Trupe Dance fazem parte da diretoria e são co fundadores da FitDance, que, além de Fabio e o irmão Bruno, tem mais dois sócios. Na época da Trupe, Fabio, apelidado de Molejo, começou fazendo coreografias para grupos como o É o Tchan.

Trabalhou alguns anos com Ivete Sangalo, com quem teve um rápido namoro. Fabio também criou a banda Meteora, onde arriscou-se como vocalista. Parou um tempo com a banda e com a dança para investir, junto com o irmão, na agência Califórnia, que passou a se destacar no mercado publicitário. Nesse ambiente, quatro anos atrás, foi concebida a FitDance.     

‘Ideia genial’  Ao contrário do que muita gente imagina, a FitDance não surgiu das redes sociais e o projeto original não foi pensado para o YouTube. A companhia é fruto de uma ideia de Fabio e do irmão. Big Boss diz que sempre viu com estranheza o fato de cada grupo de dança ter coreografias diferentes para a mesma música.

“Antigamente, nas festas e shows, havia uma disputa entre os grupos. Não havia troca de experiências entre os professores. Cada um fazia a sua coreografia”, lembra. 

Ele diz que sua ideia fundamental foi unificar a dança através de um plano de aulas. A ideia era treinar um exército de bons dançarinos para que aprendessem e difundissem as coreografias. Tanto que, garante Fabio, o canal no YouTube surgiu um ano depois da criação da empresa.“Primeiro a gente criou o conceito, a metodologia e o programa de aulas. O canal na Internet veio como uma ferramenta técnica para que o instrutor possa aprender a coreografia junto com o aluno”, explica Fabio, que abandonou de vez o apelido Molejo para se assumir Big Boss. Uma das grandes sacadas seria fazer valer o conceito de comunidade. “O diferencial da FitDance é que nós unificamos a dança. Nossa filosofia é a unidade da coreografia. Nosso canal existe para que todos falem a mesma língua com a dança. Hoje milhares de pessoas dançam juntas na mesma festa”. A filosofia seria sempre atrelada à visão empresarial. 

“Nunca pensamos em fazer um grupo de dança. Desde o início, pensamos em criar uma empresa. Não somos professores de dança apenas. Queremos tornar sua vida mais divertida através da dança”, diz ele, falando como o garoto propaganda do seu próprio produto.

Uma curiosidade é que, propositalmente, as coreografias não são fáceis. Outra é que o professor não para de dançar para ensinar ao aluno.  “Se você está em uma aula de dança e para a aula para ensinar o tempo todo, a aula deixa de ser dinâmica. Da mesma forma, desafiamos o nosso aluno a evoluir. Para isso, não fazemos coreografias muito fáceis. A gente quer que ele cresça”.

Por essas e outras, o amigo Zig para de dançar e diz tirar o chapéu para o Big Boss. “Eu tiro o chapéu para Fabio porque ele teve uma ideia genial. Ele tinha tudo para ter um grupo de dança comum na Internet, mas teve a grande sacada de criar um programa de aulas e fazer as pessoas dançarem em vez de apenas assistirem. Essa foi a grande sacada dele. O YouTube é só o canal”, afirma Zig, de 44 anos, um dos antigos professores de dança de Salvador, que junto com Fabio montou o primeiro plano de aulas da companhia. “Ele criou o programa de aulas e, a partir daí, passou a treinar pessoas para serem instrutores daquelas coreografias, daquela marca. Tirou o coelho da cartola. Matou a pau!”. 

Números impressionantes da FitDance 2 bilhões de visualizações no YouTube Quase 10 milhões de inscritos 5 mil instrutores (400 deles em Salvador) 22 mil academias pelo país 250 produtos licenciados  R$ 10 mil: cachê do show  R$500: valor médio do curso de instrutores R$ 70: valor pago por cada um dos 5 mil instrutores para usar a marca FitDance   'A dança não é um monopólio', critica dançarino que rompeu com a FitDance Há quem critique a unificação das coreografias tão apregoada por Fabio Duarte. Antigo dançarino da FitDance, Victor Almeida saiu magoado da companhia e rompeu com a FitDance em agosto de 2015. Se sentiu injustiçado por não ser recompensado pelo trabalho que fazia. Hoje, Vitor criou o grupo V2D (Vem Viver a Dança) e acredita que a FitDance quer o monopólio da arte de dançar. 

“Por trás desse discurso de unidade há a intenção de monopolizar. A palavra unificar é uma maquiagem. A dança é uma arte e não um monopólio”, diz Victor, que junto com outros dois dançarinos também grava vídeos e posta no YouTube. A opinião de Victor é a mesma de outros ex-instrutores e até de atuais instrutores ouvidos pelo CORREIO e que preferiram não se identificar. “Não estou aqui falando mal. Mas é a minha visão. A FitDance atrapalha o meu trabalho e o de muita gente”.

Para Fabio, a esses críticos falta a visão da profissionalização. “A gente, com a profissionalização e a unificação, está quebrando com o preconceito. As pessoas já reconhecem na dança uma atividade como as outras. Antes as pessoas perguntavam: ‘você trabalha com o que?’. ‘Eu danço’, respondia. E depois ouvia: ‘Não, eu tô falando de trabalho’. Hoje é diferente. Então, a gente está abrindo portas e dando oportunidades e não monopolizando”, defende-se Big Boss. 

Núcleos A empresa parece pensada como um passo de dança. Os setores, diz Fabio estão em sincronia. O poderoso chefão descreve um a um os quatro núcleos que sustentam a FitDance: a FitDance Academy, a FitDance Network, a FitDance Style e a FitDance Entreteinment (ver quadro).

Esses setores fazem as ideias de ambos, que têm perfis diferentes, funcionar na prática. “Bruno tem um perfil mais administrativo e marketing. A parte artística fica mais comigo, mas mexo muito com a parte do marketing também. A gente trabalha junto para criar e se completa no restante”, compara Fabio.

Além da FitDance, Fabio e Bruno são sócios em outras três empresas: a Califórnia, agência de publicidade conhecida por diversas produções no mercado da música nacional; a Califórnia Mídia House, que administra o conteúdo net work e os canais de YouTube da FitDance; e a San Diego, empresa de produção de eventos. 

A ‘Equipe Show’ e os instrutores Febre nas academias do Brasil e Argentina, a FitDance administra 5 mil instrutores (400 deles em Salvador). A chamada Equipe Show é formada pelos 14 dançarinos (incluindo Fabio) que aparecem nos vídeos do YouTube. Entre eles, Diogo Preto (ex-BBB), Juliana Paiva e Aline Ramos (ex-Léo Santana), Zig e Thaynah Smith. Dos 14 dançarinos, 13 são baianos. Apenas um, Vini, é paulista, mas mora em Salvador há anos. 

No estúdio de paredes cinza da agência Califórnia, na Pituba, eles gravam entre oito e dez coreografias por dia. Ganham por produtividade: as gravações dos vídeos, os shows, as aulas especiais. “A gente segue correndo atrás, trabalhando muito e fazendo dinheiro”, diz Zig. A maioria hoje tem status de celebridade e dá autógrafos na rua. Aliás... “Autógrafo, não. Hoje é selfie”, corrige Nai Darlen. 

Mas, é nas aulas dadas pelos instrutores, fora do ambiente da Internet, que estaria a mola mestra da empresa, acredita Fabio. A maior base de instrutores está em São Paulo (700), seguido por Bahia e Fortaleza (200). No total, são 5 mil professores credenciados. Em um ano, eles dão mais de 1 milhão de aulas. “A gente se torna ídolos por estar ali na tela, mas temos muito respeito pelos instrutores”, diz Diogo.  

São 80 treinamentos semanais presenciais para quase toda a base de instrutores. “Não conheço empresa no mundo que ofereça a quantidade de treinamento que a gente oferece. Pode até existir, mas não conheço”, afirma Fabio. “Não é ensaio. É treinamento. Treinamos o instrutor a saber conduzir uma aula e desenvolver nosso método. São técnicas de ensino, de condução, palestras de marketing”. 

A entrada na Equipe Show é feita através de convites e concursos como o FitDance Dream, que em dezembro de 2016 selecionou os dois últimos dançarinos a entrar na companhia: Taynah Smith, 21 anos, e Vinicius Melo, o Vini, de 26.

Para entrar na FitDance como instrutor, é preciso passar por um curso de formação e depois ser aprovado ou não. O dançarino paga R$ 500, submete-se, em 12 horas, a duas etapas teóricas com conceitos e métodos, uma aula prática e dinâmicas de avaliação. 

No total, cinco coachs pelo Brasil e mais alguns dançarinos na Equipe Show ministram 25 cursos por mês. O índice de reprovação é alto, de 45%. “Se todo mundo passasse não seria o curso de uma empresa desafiadora”, diz Fabio. Depois, em vez de ganhar um salário, o instrutor paga uma mensalidade de R$ 70 para utilizar a marca FitDance em academias, aulas em condomínios e eventos. 

Então, as parcerias com as maiores redes de academias do Brasil são fechadas diretamente com o instrutor, que recebe uma licença para atuar. “Eles podem dar aulas em qualquer lugar. É ele que ganha o dinheiro da academia. No máximo, fazemos ações de marketing nas academias e prezamos pela qualidade do serviço do professor”. Hoje, os instrutores da FitDance estão em mais de 22 mil academias pelo país. 

Instrutores questionam regras  Mas, há uma série de regras a serem seguidas. Quem não segue o procedimento padrão pode ser descredenciado. Há cinco motivos para um instrutor FitDance ser afastado da empresa:  1 – Não seguir o método ou sair do conceito da FitDance. É proibido dançar coreografias que não sejam da FitDance. 2 – Inadimplência.  3 – Quebrar as regras da comunidade. É proibido aos instrutores, por exemplo, participar de eventos que passem das 15h ou tenham bebida alcóolica usando o nome da Fit Dance.  4 – Associação com marcas que possam ir de encontro às parcerias e patrocínios da empresa 5 – Uso indevido das redes sociais que vá contra os interesses da FitDance.  

Muitos questionam essas regras e até são descredenciados por não cumpri-las. Instrutores ouvidos pelo CORREIO disseram que colegas foram descredenciados por compartilhar nas redes sociais conteúdos de outros grupos de dança, o que fere uma das regras da empresa. 

Lorena Improta No caso da dançarina Lorena Improta, teria havido justamente a quebra de uma das regras. Os dançarinos da companhia não podem se associar a marcas que sejam concorrentes aos parceiros da FitDance. Segundo Fabio, houve uma “incompatibilidade de parceiros”. O CORREIO tentou ouvir a dançarina e enviou perguntas à sua assessoria, mas não obteve resposta.  (Foto: Divulgação) Mas, a maioria dos instrutores enxerga na FitDance uma oportunidade de, finalmente, viver do que ama. O fato de terem a licença da marca FitDance faz valer a pena as restrições, dizem eles. “Ninguém é obrigado a estar na empresa. Eu mudei minha vida. Nunca fui reconhecido nas academias e onde quer que eu vá. Deixei um sub emprego para virar dançarino. É o que sempre sonhei”, disse ele, sem se identificar. Aliás, uma das novas regras da empresa é proibir que os instrutores concedam entrevistas.  

Zig, com larga experiência na dança, diz que a maioria das críticas vem de professores antigos que não aceitam a profissionalização. “Nós modificamos o mercado. Nos nossos cursos já recebi policiais militares, pedagogos, psicólogos, enfermeiras, motoristas de ônibus, gente de todas as profissões que sempre sonharam em viver da dança e nunca tiveram essa oportunidade. Quer maior prova de que criamos um mercado de trabalho? Mas, tem professores antigos que não querem seguir as regras e o padrão da empresa. Entendo eles. A dança mexe com o ego. O artista é um rebelde por natureza”.  

Inversão da lógica Os artistas de música acabam sendo umas das maiores fontes de receita da FitDance. No passado, os grupos de dança procuravam as bandas e ofereciam coreografias que pudessem se encaixar em um clipe ou nos shows. A FitDance inverteu essa lógica. Hoje, os artistas procuram a FitDance e, antes mesmo de gravarem seus clipes próprios, acertam a coreografia. Recentemente, a própria Ivete Sangalo os procurou e gravou a coreografia de No Groove.  Ivete procurou a companhia para elaborar a coreografia de seu hit No Groove (Foto: Divulgação) Assim, Fabio e sua trupe criam novos sucessos musicais, lançam novos artistas e até resgatam do ostracismo cantores e suas composições. “Hoje estamos dentro da estratégia de lançamento de música no Brasil. Muitos artistas já fazem a música pensando na coreografia que a FitDance vai fazer”. Em alguns casos, a FitDance influencia na composição e nas letras. Aliás, essa relação já está tão misturada que Fabio já tira uma de cantor, como no clipe de Papapá, com La Fúria e Felipe Scandurras.  

As músicas são de qualquer ritmo musical. A FitDance praticamente não tem filtros para gravar quem quer que seja. Não existe música que não possa ser dançada. “A gente dança o que o nosso público quer. Aulas que são dadas na Argentina são voltadas para esse mercado. Aulas nos EUA, na Europa e na Índia”.

De Léo Santana em Apaga a Luz e Toma a Aretuza Lovi, Pablo Vittar e Glória Groove em Joga Bunda. De DJ Kevinho e Simone e Silmária em Ta Tum Tum à Popa da Bunda do Psi e Àttoxxá. De Que Tiro Foi Esse de Jojo Todynho à J. Balvin, Anitta e Jeon Machika. “Muitos artistas hoje já fazem composições pensando nas coreografias da FitDance. Eles conversam com a gente antes de compor”, revela Fabio.   Léo Santana e equipe do FitDance (Foto: Lucas Castro/Divulgação) Como funciona o império Tendo como retaguarda outras três empresas, a Agência Califórnia, a Califórnia Mídia House e a San Diego, a FitDance cresce no ritmo de passos de pagode. Conheça como atua os quatro setores da empresa: 

FitDance Academy: trabalha coreografias, métodos de aula as aulas de capacitação, conteúdos didáticos, relacionamentos e cursos para instrutores. São 50 agentes oficiais que cuidam de cada uma das regiões onde há FitDance e mais 20 pessoas no Cef que cuida das coreografias. Dentro do núcleo da Academy, há um local que alimenta a companhia de coreografias. É no Centro de Estudos FitDance (Cef) que as danças são concebidas. “O conceito que a gente apresenta na coreografia não vem do nada. Vem do nosso método de aula”, explica Fabio. “Até a equipe de rede social daqui trabalha em função do Cef, pesquisando tendências, métodos e os melhores momentos de lançar cada música”.   FitDance Network: cuida de todos os canais no YouTube e as questões relacionadas com o marketing. Aí são mais 20 pessoas entre filmakers e produtores. 

FitDance Style: total de 12 pessoas cuida da criação dos produtos, como roupas e calçados. São 50 produtos licenciados e lançados em duas ou três campanhas por mês. “O negócio Style pegou mesmo. O negócio esgota”. Longe de ser padronizadas, as roupas são diversificadas. Fabio acredita ter criado um estilo, muitas vezes looks pensados por ele próprio. “As pessoas usavam roupas de academia para dançar. Hoje em dia são roupas de rua que servem também para a academia. Queremos uma diversidade maior de peças. Vendemos milhares por mês no Brasil e Argentina”.

FitDance Entreteinment: cuida da gestão de eventos. São mais de 200 eventos realizados pela equipe show e milhares de outros eventos com os instrutores. Também há os shows contratados com o cachê de R$10 mil, o Superdance, evento exclusivamente produzido pela FitDance, os aulões, os shows class (aula com integrantes da equipe show) e o FitDance Fã.  

*colaborou Carol Aquino