Polícia Civil: conheça mulheres que sempre sonharam com o concurso

Seleção foi realizada em 48 pontos na capital e teve duração de 5h

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 22 de abril de 2018 às 17:23

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/CORREIO

Dezoito pessoas em um ônibus vindo em direção a Salvador em pleno fim de semana. Parece até passeio turístico, mas a motivação dessa viagem passa bem longe da praia: a primeira fase do concurso público da Polícia Civil, realizada na manhã deste domingo (22), foi o objetivo da excursão.

Ao todo, foram 48.120 inscritos. Entre eles, Poliana Brito, uma das passageiras do ônibus fretado, que veio do Ceará. "Saímos de lá sexta à noite e chegamos ontem (sábado). Estamos indo embora hoje, logo depois da prova. Não vamos curtir nada", garantiu.

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A advogada, de 34 anos, confessa que achou a prova difícil. "Eu estava muito focada nos assuntos diretamente ligados ao Direito, mas tinha muita coisa sobre raciocínio lógico, história e informática. Achei difícil, não me senti muito preparada", lamentou.

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Apesar de estar tentando a aprovação para o cargo de delegada (são 82 vagas), Poliana sonha com a magistratura - sonha mesmo, desde criança. O que a motiva? Antes era o amor, hoje é a insatisfação."São incontáveis motivos para se incomodar. É muita injustiça. Estão rasgando a Constituição. Isso me revolta. Quero tentar mudar essas coisas", desabafou.Assim como Poliana, a advogada Brisa Dourado, 29, sonha com isso faz tempo e também precisou sair de sua terra natal para ir atrás do que deseja. Só que no caso dela, não foi bate-volta: são 10 anos em Salvador, vividos com muito esforço.  Brisa e Poliana buscam um lugarzinho nos quadros da Polícia Civil baiana (Fotos: Evandro Veiga/CORREIO) Nascida em Irecê, no Centro Norte baiano, Brisa se despediu da cidade em 2008. Decidida, fez cursinhos para tentar entrar na graduação de Direito. Conseguiu. Após quatro anos na Unijorge, fez a prova da OAB e passou. Começou a advogar, mas nunca abandonou os estudos."Sempre tive esse sonho de passar em concursos na área penal. Não vou desistir nunca. Se não der certo agora, não tem problema. Não vou parar de tentar até conquistar", garantiu.Além das 82 vagas para o cargo de delegado(a), são 880 vagas para investigador(a) e outras 38 para escrivã(o).

Só pelo salário Bruna Lima, 24, também veio de longe para fazer a prova. Seu ponto de partida foi o município de Macajuba, também no Centro Norte, a quase 300 km da capital. A advogada enfrentou quatro horas de estrada e também vai fazer bate-volta.

Porém, ao contrário das suas concorrentes, ela admite que busca um cargo na Polícia Civil, principalmente, por conta da estabilidade financeira. "Só estou aqui por isso, pelo salário, porque quero me estabilizar. Não almejo essa carreira. Se dependesse de mim, continuaria só advogando", revelou ela, que fez a prova no Colégio Estadual da Bahia (Central), em Nazaré.

As provas A primeira etapa da seleção foi composta por provas objetivas, com questões de conhecimentos gerais e de conhecimentos específicos, totalizando 100 questões – regras válidas para os três cargos. Já a segunda etapa, inteiramente discursiva, teve avaliações diferentes para cada função. Candidatos ao cargo de delegado terão de desenvolver estudos de caso e peça processual; já os inscritos para as funções de investigador e escrivão irão responder questões dissertativas.

De acordo com a coordenadora do concurso na sede localizada na Faculdade Dois de Julho, no Garcia, as provas começaram dentro do horário e nenhum atraso foi registrado na Instituição.

“Nessa unidade, tivemos 1.780 candidatos para diversos cargos e conseguimos iniciar o processo sem nenhuma intercorrência”, completa a representante da Fundação para o Vestibular da Universidade Júlio de Mesquita Filho, Fundação Vunep, responsável pela seleção.

Além da Faculdade Dois de Julho, as provas foram realizadas em 48 outros locais da capital.

As próximas etapas do concurso compreendem a realização de exames biomédicos, teste de aptidão física, exame psicotécnico, prova de títulos e investigação social.

Os aprovados no certame, quando nomeados, terão remuneração inicial para os delegados de polícia de R$ 11.389,96. Já os investigadores e escrivães de polícia terão remuneração inicial de R$ 3.915,85. Em ambos os casos, a carga horária é de 40 horas semanais.