Polícia Civil de Candeias desarticula quadrilha que extorquia funcionários da RLAN

Ao longo da próxima semana, novas prisões deverão ser realizadas. A expectativa é inibir esse tipo de crime naquela região

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 30 de dezembro de 2017 às 13:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Antônio Saturnino/Arquivo Correio

Na última sexta-feira(29), policiais da 20ª Delegacia Territorial (DT), de Candeias, prenderam Antônio Clermo Silva de Assis, o “Bad Boy”, e José Ventura Filho, o “Rasta”, líderes de uma organização denominada “Associação dos Desempregados”. O falso sindicato atuava de modo ilegal e pressionava engenheiros para adquirirem vagas de empregos em prestadoras de serviço da Refinaria Landulfo Alves(RLAN) e, em seguida, vendê-las para terceiros por até R$ 4 mil. Antônio Clermo Silva de Assis, o “Bad Boy”, foi um dos líderes presos na ação da última sexta-feira, em Cadeias(Fotos: Repredução/Polícia Civil)  José Ventura Filho, o “Rasta”, liderava a Associação dos Desempregados atuando como um falso sindicato na Região Metropolitana A história é espetacular e digna de integrar o roteiro de qualquer seriado televisivo, no entanto, uma realidade histórica nas cidades vizinhas de Candeias, Madre de Deus e São Francisco do Conde. No início de dezembro, outra facção criminosa que atuava nessa mesma linha havia sido desarticulada, depois das prisões de Anderson Batista Santana, o “Psirico”, Carlos Vinicius Aragão Santos, o “Papito”, Josevaldo Alves da Conceição e Rafael dos Santos Arcanjo.   

De acordo com as informações do delegado titular Marcos de Castro Laranjeira Carvalho, da 20ª Delegacia Territorial (DT), de Candeias, as vagas de trabalho eram trocadas por segurança de engenheiros e familiares; pelo patrimônio das empresas, que pagavam para não verem suas máquinas e veículos incendiados ou danificados ou ainda para não sofrerem com piquetes repentinos na porta das fábricas, impossibilitando a entrada de funcionários e a paralisação forçada de atividades. Os que compravam pela “sindicalização”, além de pagarem o valor de R$4mil por vaga de trabalho conseguida, ainda precisavam pagar percentuais mensais de 30% sobre o salário recebido.  “Ao longo dessa semana, estaremos realizando outras prisões cautelares. Nossa meta é inibir esse tipo de prática que ocorre nas cidades há, pelo menos, oito anos”, esclarece o delegado. Para ele, o grande problema nesse tipo de delito é que as vítimas ficam fragilizadas diante das ameaças e terminam silenciando, fato que dificulta as investigações e as prisões. “Nesse caso, em particular, a colaboração das empresas envolvidas foi fundamental para que conseguíssemos desarticular o bando de Papito, por exemplo”, completa Laranjeira.

Além dos mandados de prisão, os policiais também cumpriram mandados de busca e apreensão na residência de ambos, nas quais foram encontrados diversos documentos, como currículos, fotocópias de carteiras de trabalho, tudo em nome de terceiros. Nas prisões realizadas no início de dezembro, foram encontrados com os bandidos uma pistola 9mm, municiada, e várias carteiras de trabalho em nome de terceiros.

A atuação dessas quadrilhas começou a ser investigada há dois meses, quando uma vítima procurou a 20ª DT/Candeias para denunciar os crimes.   Segundo uma das vítimas, o bando exigia que fossem reservadas vagas de emprego na empresa onde trabalha, que eram vendidas pelo valor de R$ 4 mil cada, a quem estivesse interessado. Para obrigá-lo a cooperar, os bandidos faziam ameaças a ele e à sua família.