Polícia Civil identifica suspeito de matar indígena em Porto Seguro

Acusado está sendo procurado

Publicado em 15 de março de 2022 às 17:54

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

A Polícia Civil identificou e procura o suspeito de ser o autor dos disparos que tirou a vida do indígena Vítor Braz de Souza, de 22 anos, na última segunda-feira (14). O jovem foi morto dentro da comunidade indígena Ponta Grande, na cidade de Porto Seguro, após ter pedido para que o acusado  diminuísse o volume do som de uma festa feita na região. 

De acordo com a polícia, oitivas de testemunhas e familiares auxiliaram na identificação do autor dos disparos. Além disso, outros depoimentos já estão agendados e diligências são realizadas para localizar o suspeito. A corporação já solicitou a prisão preventiva do homem à Justiça. 

A comunidade indígena fez um protesto, na manhã desta terça-feira (15), em frente ao local onde Vítor morava com a esposa e dois filhos, um deles de apenas um mês de vida. De acordo com a liderança indígena Thyara Pataxó, da Aldeia Novos Guerreiros, que fica dentro do território de Ponta Grande, os manifestantes fecharam a BR-367 e o ato, que contou com a participação de cerca de 250 pessoas, durou até 14h. 

“Nosso intuito é pedir justiça e segurança para nossa comunidade. Nosso território é muito atingido por várias questões que envolvem vários tipos de violências e crimes, como crimes ambientais e violações de direitos. Queremos que nosso território seja respeitado e que a polícia prenda os culpados pelo crime”, afirmou Thyara.  (Foto: reprodução) Entenda o caso

Após um dia inteiro de trabalho em uma barraca de praia, Vitor chegou em casa por volta das 23h e ouviu da esposa a dificuldade da criança em dormir por conta do volume do som de uma festa - feita por não indígenas -  que acontecia dentro do território.  A primeira ação de Vitor foi reclamar em um grupo de WhatsApp formado por outros indígenas e lideranças. Em seguida, dado o nível do incômodo, o jovem decidiu ir até o local, onde fora recebido com hostilidade e atingido pelas costas após um convidado do evento disparar contra ele. O desfecho trágico deixou a comunidade completamente abalada.

Segundo Thyara, o território de Ponta Grande está em processo de demarcação e eventos, inclusive com música, são recorrentes na área nos finais de semana e a orientação do cacique e lideranças é de sempre acionar a Polícia Militar. “O Vitor fez queixas nos grupos da comunidade.  Aqui é todo final de semana a mesma coisa. E toda vez é liga para a polícia, só que até a polícia já está cansada de tanto ouvir reclamação da gente, eles nem atendem mais. A gente cansa de ligar e não é atendido. Algumas vezes vem e outras não. Ontem foi diferente, Vitor estava muito incomodado”, conta. 

Após o disparo, Vitor chegou a ser socorrido ao Hospital Luís Eduardo Magalhães, mas não resistiu. O corpo da vítima foi enterrado na tarde de segunda-feira. O caso está sendo investigado pela 1ª Delegacia Territorial de Porto Seguro.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Porto Seguro informou "que não houve solicitação para liberação do evento conhecido como “paredão” em uma residência localizada na BR-367 após a Ponta Grande".  

A prefeitura informou ainda que quem organizou a festa foi o digital influencer de Porto Seguro Bell Cria. O humorista foi procurado pelo CORREIO, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem. Nos stories do Instagram, ele disse que o disparo não foi feito dentro do evento e afirmou que o dono da casa não informou que o local era território indígena.