Polícia conclui inquérito sobre caso Daniel e indicia sete

Os sete já estão presos. Quatro vão responder pelo homicídio

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  • Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2018 às 17:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/Curitiba

O inquérito sobre a morte do jogador Daniel Correa foi concluído na tarde desta quarta-feira (21) pelo delegado Amadeu Trevisan, da Delegacia de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. O documento, que indicia sete pessoas pelo crime, foi entregue ao Ministério Público, que agora deve fazer a denúncia. Daniel foi achado morto em uma estrada de terra no dia 27 de outubro. 

Os sete indiciados são os suspeitos que já estão presos - Edison Brittes, Cristiana Brittes, Allana Brittes, Eduardo da Silva, David da Silva, Ygor King e Eduardo Purkote. Os sete suspeitos foram indiciados por diferentes crimes, sendo homicídio qualificado, fraude processual, ocultação de cadáver, lesões graves e coação de testemunhas. Somadas, as penas passam de 40 anos de prisão.

O empresário Edison, que confessou a morte de Daniel, foi considerado o principal responsável pelo crime. Ele alegou que matou Daniel porque ele tentou estuprar sua mulher durante a festa que ocorria na casa da família. De acordo com o delegado, a versão é falsa. “Ninguém na casa ouviu os gritos de uma mulher sendo estuprada, o que seria normal, natural de uma reação feminina diante de uma agressão dessa natureza", diz Amadeu.

O delegado afirma que Daniel teve uma morte lenta e foi vítima de tortura. “Daniel ouviu sua sentença de morte dentro do porta-malas do carro”, diz.  “Daniel morreu aos poucos. Ele começou apanhando no quarto, ele apanha na calçada e, quando falo  isso é bastante tortura, tanto que ele se afoga no sangue quando é levado para o carro. Depois foi pelo menos mais uma hora até chegar ao local onde ele foi esquartejado e decepado”, acrescenta.

A investigação mostra que pelo menos quatro pessoas saíram da casa onde acontecia a festa, após o espancamento, sabendo que Edison tinha, pelo menos, a intenção de decepar o pênis do jogador. "Foram pelo menos quatro pessoas espancando uma pessoa pequena, um atleta, e embriagado”.

Durante a investigação, 21 pessoas foram ouvidas pela polícia, incluindo os suspeitos. O Ministério Público pediu sigilo ao relatório final. Laudos do IML que estão previstos para ficar prontos na próxima quinta-feira (22), devem ser anexados ao processo.

Veja quem são os indiciados:Edison Brittes, empresário que confessou ter matado Daniel. Ele responderá por homicídio qualificado e ocultação de cadáver; Eduardo da Silva, parente de Cristiana, que espancou o jogador na casa e estava no carro em que ele foi levado ao matagal. Foi indiciado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver; Ygor King, também espancou o jogador e estava no carro em que ele foi levado ao matagal. Vai responder por homicídio qualificado e ocultação de cadáver; David Willian da Silva, namorado de Allana, também espancou Daniel e estava no carro. É suspeito de homicídio qualificado e ocultação de cadáver; Cristiana Brittes, esposa de Edison. Indiciada por coação de testemunha e fraude processual; Allana Brittes, filha de Edison, vai responder por coação de testemunha e fraude processual; Eduardo Purkote, gêmeo que teria agredido na casa. Vai responder por lesão corporal grave. Em nota, o advogado da família Brittes, Cláudio Dalledone Junior, diz que Cristiana e Allana não têm envolvimento no crime. “A defesa técnica de Edison Brittes Júnior, Cristiana Rodrigues Brittes e Alana Brittes vem a público esclarecer que: Diante da conclusão do inquérito policial que investiga a morte do jogador Daniel Corrêa Freitas, o indiciamento de Alana e Cristiana destoam dos fatos ocorridos e tudo ficará provado. A defesa diz ainda que Edison Brittes irá justificar sua conduta em Juízo”.

Cronologia do crime Sexta (26): Daniel chega a Curitiba. Ele vai a duas festas, inclusive o aniversário de Allana em boate Sábado (27): A festa continua na casa da família de Allana, em São José. O crime aconteceu este dia. O corpo foi achado neste mesmo dia em um matagal. Segunda (29): Amigo reocnhece o corpo de Daniel Quarta (31): Corpo de Daniel foi velado em Minas Gerais Quinta (1): Suspeito de matar Daniel é preso e confessa crime. Mulher e filha também foram presas Sexta (2): Perícia é feita na casa onde Daniel foi espancado

Linha do tempo (com informações da TV Globo) 21h30: Daniel chegou a Curitiba na sexta à noite, por volta das 21h30. Ele deixou as malas na casa de um amigo, com quem iria se hospedar, e saiu depois de um banho para uma festa, a primeira da noite.

00h: Por volta de meia-noite, ele e o amigo seguiram para o aniversário de Allana, em uma boate da cidade. Eles tinham convites para a festa, entregues pelo próprio pai da aniversariante.

05h40: O amigo de Daniel vai embora da boate. O jogador prefere ficar e diz que vai seguir para a casa de Allana, na Região Metropolitana, onde a festa seguiria

06h36: Daniel avisa ao amigo por mensagem que já estava na casa de Allana. Uma testemunha  contou à polícia que os convidados estavam ouvindo música e bebendo. Cristiana, que segundo a família não estava bem, foi a primeira a ir deitar. Outras pessoas também se recolheram. Ficaram na festa Daniel, Edison e outras oito pessoas

08h07: Daniel começou uma conversa com outro amigo. Ele contou que estava em uma festa, com várias pessoas dormindo. Por áudio, ele respondeu ao amigo, que perguntou se estava bêbado, e disse que "não muito". Ele falou também que tinha uma "coroa" na casa, que era a mãe da aniversariante, e que faria sexo com ela. Afirmou ainda que o pai estava junto. O amigo diz para ele se cuidar e que poderia ser expulso da casa. Daniel mandou uma foto ao lado de Cristiana, que aparenta estar dormindo. O amigo quer saber se ele fará sexo com ela acordada ou dormindo

 08h34: Daniel manda uma nova foto ao lado de Cristiana para o amigo e diz que fez sexo com ela. Depois, ele manda a seguinte mensagem, a última: "O que aparecer amanhã é nóis". O amigo quer saber o que isso quer dizer, mas Daniel não responde mais. Posteriormente, o amigo disse à polícia que ele, Daniel e outros dois colegas tinham um grupo de WhatsApp onde mandavam fotos das "conquistas" amorosas, geralmente quando a mulher estava dormindo

10h30: Corpo do jogador é encontrado, ainda sem identificação, em um matagal, com mutilações, marcas de faca e sinais de tortura. 

À noite: O amigo que hospedou Daniel fica preocupado porque ele não deu mais notícias e eles tinham um compromisso. Ele manda mensagem para Allana, que afirma que o jogador foi embora sozinho da casa dela. Este amigo foi quem reconheceu o corpo do jogador, dois dias depois.