A polícia da Indonésia prendeu 141 homens para interrogatório na noite de domingo (21/5) em uma sauna gay em Jacarta, capital do país. As autoridades indonésias dizem que o espaço abrigava uma festa de sexo entre homossexuais. Dez dos detidos, incluindo o dono e funcionários da sauna, foram acusados de violar a lei da pornografia do país. Os outros foram detidos apenas para averiguação segundo o porta-voz da polícia indonésia, Argo Yuwono, já que a homossexualidade não é ilegal no país.
O episódio marca, no entanto, um período particularmente hostil vivido nos últimos meses pela comunidade LBGT indonésia, que tem sido alvo de uma onda de contestação e de atos discriminatórios com a detenção de uma série de gays. Em Abril, seguindo uma queixa feita por vizinhos, a polícia fez uma operação em Surabaya, a segunda maior cidade da Indonésia, que resultou na detenção de 14 pessoas — alegadamente envolvidadas numa orgia. De acordo com a Associated Press, as autoridades indonésias obrigaram estes homens a realizar testes de VIH/Sida.
Amanhã (23/5), dois homossexuais serão publicamente submetidos a uma sentença de 85 chicotadas cada, na cidade de Aceh. Ambos foram acusados de sodomia. É a primeira vez que o tribunal desta província aplica uma pena relacionada com a homossexualidade. Ainda que não seja ilegal na Indonésia, as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são punidas nesta província.
De acordo com o jornal inglês The Guardian, o grupo activista LGBT Arus Pelangi diz que a comunidade gay em Jacarta tem sido alvo de uma onda sem precedentes de discriminação e ataques. Yulita Rustinawati, membro do grupo, disse que estes episódios de violência “são maus para a democracia, para a liberdade de expressão e de associação”. “Não temos a certeza do que é que o governo tenta fazer”, acrescenta.
Ainda segundo o jornal britânico, a série de eventos violentos conrtra os gays tem origem na defesa de posições conservadoras por parte de alguns ministros do governo. Desde 2008 que o país aprovou uma lei sobre a pornografia exibida e praticada na Indonésia. Em 2012, o então presidente Susilo Bambang Yudhoyono, anunciou a criação de uma equipe responsável por apurar todas as publicações impressas ou virtuais de textos e imagens pornográficas e investigar sobre denúncias de comportamentos obscenos. Este organismo estaria presente em cada uma das 33 províncias indonésias. As penas podem chegar a 15 anos de prisão e as multas até aos US$ 218 mil.
Com informações do site do jornal O Público.