Polícia encontra 117 fuzis na casa de amigo do suspeito de atirar em Marielle e Anderson

A operação em que Lessa e Élcio foram presos ocorreu dois dias antes de o crime completar um ano

Publicado em 12 de março de 2019 às 20:36

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

A busca e apreensão na casa de um amigo do PM reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, acusado de participação nas mortes da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes levou à maior apreensão de fuzis da história do Rio nesta terça-feira (12). Nas caixas tinham grande quantidade de armamento, incluindo peças para montar 117 fuzis do tipo M-16.

A Operação Lume cumpriu nesta terça 34 mandados de busca e apreensão em endereços relacionados aos acusados no Estado. Esse trabalho levou a maior apreensão de fuzis da história do Rio e pode indicar que Lessa também estaria envolvido no tráfico de armas. Foram recolhidos documentos, celulares, armas, munições e outros objetos. Em um dos endereços ligados a Lessa, um apartamento no Méier cujo morador seria de um amigo do acusado, na zona norte, foram achadas caixas repletas de fuzis desmontados.

[[galeria]] O proprietário, Alexandre Mota de Souza, que acabou preso, afirmou para os policiais que aceitou fazer um favor para Lessa, que seria seu amigo de infância. Conforme seu advogado, teria guardado as caixas, sem se preocupar com o conteúdo. Na maior parte das peças, só faltavam os canos. Cada fuzil chega a custar R$ 30 mil e a descoberta única chega a superar as apreensões de todo um mês. O maior caso anterior foi registrado no Aeroporto Internacional do Rio em 2017, quando foram encontradas 60 armas vindas dos Estados Unidos dentro de aquecedores de piscinas.

O advogado Leonardo da Luz, responsável pela defesa de Alexandre, disse que o cliente não sabia o que havia dentro das caixas, que teriam sido mantidas lacradas. "Ele é amigo do [Ronnie] Lessa há anos e apenas lhe fez o favor de armazenar essa encomenda em seu apartamento. Ele não sabia do que se tratava. E foi uma surpresa para ele ver o que se encontrava dentro das caixas. Ele não tem nada a ver com esse episódio lamentável envolvendo a vereadora". Um dos mandados de busca foi na casa de Alexandre. "Ele me abraçou e chorou. Está impressionado e não sabe o que está fazendo aqui. De repente, ele está se vendo no meio dessa turbulência", disse o advogado.

Segundo Leonardo da Luz, Alexandre confiava em Lessa devido à relação de amizade entre ambos. "O Alexandre cuida do irmão dele [Lessa]. No caso, Alexandre tem a guarda do irmão dele, que tem uma deficiência mental infantil. Inclusive é pensionista do Estado", acrescentou . Como a prisão foi em flagrante, Alexandre deve ser ouvido em 24 horas em uma audiência de custódia, onde o juiz avaliará se há necessidade de mantê-lo detido. A defesa vai pedir sua soltura, alegando que ele não tem antecedentes criminais, tem residência fixa e está trabalhando.

Operação O policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, que foi expulso da corporação, foram presos preventivamente na Operação Lume. Eles foram apontados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) como participantes do assassinato de Marielle e Anderson. Lessa foi acusado de ser autor dos disparos e Élcio, de conduzir o veículo de onde partiram os tiros que atingiram a vereadora e o motorista. A operação em que Lessa e Élcio foram presos ocorreu dois dias antes de o crime completar um ano.

Ainda não há informação sobre uma possível transferência de Lessa e Élcio para alguma unidade penitenciária. Segundo a defesa dos dois, eles dormem nesta terça-feira na Delegacia de Homicídios. De acordo com os advogados, o delegado deverá colher os depoimentos amanhã (13). Os advogados negam que os clientes tenham se recusado a falar e afirmam que ainda não tiveram acesso à denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro e ao registro de ocorrência das prisões.