Polícia encontra 90% do corpo de médico esquartejado em Recife

Últimas partes encontradas, cabeça e tórax, são consideradas as mais importantes

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Publicado em 13 de julho de 2018 às 22:16

- Atualizado há um ano

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Quase completo. É assim que vai ficar o corpo do cardiologista Denirson Paes Silva, 54 anos, esquartejado e soterrado na cacimba de sua casa, no luxuoso condomínio Torquato Castro, em Aldeia, Camaragibe. Nesta quinta (12), nove dias após desenterrar do fundo do poço os primeiros pedaços dos membros inferiores, seguidos de partes dos superiores, a polícia encerrou as buscas, ao localizar – em uma profundidade superior a 25 metros – cabeça e tórax, partes consideradas fundamentais para ajudar os peritos a tentarem desvendar a causa da morte.

“Hoje foi dado um passo significativo nas investigações. Pelo volume do material encontrado, há possibilidade de o exame necroscópico a ser realizado por peritos do IML apresentar um posicionamento quanto a causa morte, que não tem nada a ver com a natureza jurídica, que já foi delineada como homicídio”, declarou o chefe da Polícia Civil, Joselito Amaral, em coletiva. “Podemos dizer que mais de 90% do corpo foi resgatado”. A data em que a família poderá enterrar o corpo, contudo, ainda não está definida, dependendo dos exames necessários.

As buscas, que começaram no dia 4 com o Corpo de Bombeiros, acabaram recebendo reforço de uma empresa de perfuração de poços, que Joselito não soube informar por quem estaria sendo paga. Segundo ele, as escavações foram até o ponto onde haveria riscos de desabamento se continuassem. “A dificuldade se deu porque jogavam partes do corpo depois a cobriam com areia e metralha para ocultá-lo e impedir a ação de bactérias e o mau cheiro”, observou o delegado.

Provas Questionado se havia provas suficientes para incriminar a esposa e o filho mais velho do médico, Jussara Rodrigues Silva Paes, 54, e o engenheiro Danilo Rodrigues Paes, 23, Joselito disse que a polícia trabalha com indícios. “E já temos o suficiente, tanto que a prisão temporária foi decretada e a Justiça negou o habeas corpus impetrado pela defesa. Exames podem robustecer as investigações e culminar com a prisão preventiva deles”, destacou.

Um dos indícios que ainda aguarda resultado da perícia são as manchas de sangue encontradas, com o reagente luminol, em três banheiros da casa e no corredor da área de lazer. “Não temos resposta do laboratório forense, foram quase 45 dias do desaparecimento e houve uso de produtos químicos, esperamos a confirmação se pertencem ou não a Denirson, mas já constatamos, por exame de DNA, que o corpo é dele”.

O delegado disse não ter sido procurado ainda pelo advogado de defesa de Jussara e Danilo para um possível depoimento, já que eles se recusaram a falar após localização do corpo e o defensor disse terem sido orientados por um outro advogado, mas que iriam depor. “A polícia não pode aguardar a decisão deliberada de ambos de se pronunciarem ou não, a investigação tem que avançar”. Restos mortais estavam dentro da cacimba (Foto: Polícia Civil/Divulgação) Queixa A polícia foi informada por Jussara no dia 20 de junho sobre o desaparecimento do marido, visto pela última vez em 31 de maio. Ela alegou que ele viajara para os Estados Unidos, mas o passaporte do médico estava com ela. E ele próprio cancelou a viagem, que faria com a mulher. No dia 4 de julho, ao realizar buscas na residência, partes do corpo foram localizado na cacimba, que tinha recebido um grosso tampo de concreto e dois vasos com plantas. Partes foram cobertas por várias camadas de areia e metralha, depois de receberem banhos de cloro para, segundo polícia, acobertarem provas.

Prisões Presos desde o último dia 5 sob acusação de homicídio qualificado e ocultação de cadáver, a farmacêutica Jussara Rodrigues Silva Paes, 54, e o filho mais velho, o engenheiro civil Danilo Rodrigues Paes, 23, devem quebrar o silêncio e prestar depoimento à polícia. A informação é do advogado Alexandre Oliveira, que aguarda decisão judicial sobre pedido de soltura ou prisão domiciliar (com uso de tornozeleira eletrônica) que impetrou ontem no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).

“Eles calaram por orientação do advogado deles na ocasião, antes de eu assumir. Mas, de toda forma, permanecer calado é um direito garantido pela constituição”, diz Alexandre Oliveira. Questionado se sua intenção é que eles prestem depoimento, o advogado diz que “com certeza absoluta”, mas não dá data, afirmando que vai “aguardar o resultado do habeas corpus”. Ele não vê motivos para a prisão. A polícia argumentou necessidade de preservar as provas, mas o advogado diz que os dois podem ir para o apartamento em vez de ficar na casa onde ocorreu o crime. Jussara e Danilo têm curso superior e estão em celas especiais. Até agora, há alegação de inocência na morte do médico.