Polícia investiga morte do assessor de deputada como execução

Embora pertences tenham sido levados, delegado afastou hipótese de latrocínio

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  • Tailane Muniz

Publicado em 16 de novembro de 2018 às 19:31

- Atualizado há um ano

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O assassinato do assessor parlamentar Jerrian Cunha Silva, 28 anos, na segunda-feira (12), no bairro de Narandiba, em Salvador, passou a ser investigado como execução. O rapaz, que trabalhava há oito meses na equipe de comunicação da deputada estadual Ivana Bastos (PSD), foi morto a tiros quando retornava da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Embora os pertences da vítima - uma mochila e celular -, tenham sido levados pelos atiradores, por meio da assessoria, a Polícia Civil informou que o titular da 2ª Delegacia de Homicídios (2ª DH) do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Guilherme Machado, afastou a hipótese de latrocínio das investigações. De acordo com testemunhas dois homens, a bordo de uma moto, aguardaram Jerrian descer do ônibus que transportava funcionários da Alba e, sem anunciar o assalto, atacaram a vítima, que morreu no local. Sem se identificar, um amigo do assessor comentou com o CORREIO que ele já havia sofrido "ameaças genéricas por se expor demais nas denúncias que fazia contra o coronelismo". Jerrian, que era natural de Boninal, na Chapada Diamantina, morava em Salvador há cerca de um ano, e estudava Ciências Sociais na Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

Segundo ele, que conhecia a vítima já cerca de dois anos, o assessor era uma pessoa discreta e não compartilhava detalhes da vida pessoal."Ele não data muitos detalhes da família, por exemplo, mas já tinha comentado que por se expor denunciando o coronelismo na Chapada, já foi genericamente ameaçado. Chegaram a falar pra ele: 'cuidado com o que você fala, você pode ter problemas'. Mas ele não levava a sério e nós também não. Mas desde o início imaginávamos que era um caso de execução", destacou.Jerrian, ainda conforme o amigo, morava sozinho em Narandiba. "Nós nos encontrávamos sempre em minha casa ou na casa de outros amigos nossos aqui em Salvador, mas que são de Seabra. Só soubemos da morte dele na terça-feira (13), depois que um amigo dele não conseguiu contato. Liguei, mandei mensagens, e já não tive retorno". Os amigos de Salvador, então, entraram em contato com o pessoal da Alba, que informaram que o rapaz não apareceu no trabalho."Fomos ao IML e o corpo dele estava lá, já identificado. Nós vamos fazer o possível para que isso não fique impune. Estamos apenas esperando o luto da família passar para que possamos nos unir e ir até o fim para descobrimos o que realmente aconteceu", pontuou o rapaz.O corpo do assessor foi enterrado na tarde de quarta-feira (14), em um distrito da Zona Rual de Seabra, onde parte da família de Jerrian mora. "Ele já chegou a ser processado por políticos, comentou, mas não disse especificamente quem o acionou judicialmente", lembra. Jerrian, segundo o amigo, vai ser sempre lembrado como alguém que lutava de maneira "ferrenha contra a corrupção e a injustiça". Em contato com o CORREIO, o chefe de gabinete de Ivana Bastos, Márcilio Sexias, afirmou que a deputada só retorna da China - onde foi participar de um evento político - na próxima semana. Ivana chegou a lamentar a morte do funcionário por meio das redes sociais.