Policiais atiraram para cima para pedir socorro quando barco começou a virar em Mar Grande

Passageiros alegam que não havia sinalização na embarcação

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  • Saulo Miguez

Publicado em 25 de agosto de 2017 às 08:36

- Atualizado há um ano

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Junto com os passageiros e tripulantes da lancha Cavalo Marinho I, quatro policiais militares embarcaram na viagem que acabou em tragédia, na manhã de quinta-feira (24). A presença deles, no entanto, não adiantou muita coisa, já que a segurança que as pessoas necessitavam, naquele momento, dizia respeito apenas às condições de navegabilidade, que não existiam, segundo o professor Kleber Pires Souza, 55 anos. “O mar tava bem revolto e a empresa não podia ter colocado a embarcação menor para navegar. Foi um erro”, comentou ele. 

Para ilustrar mais um exemplo da falta de segurança na lancha que naufragou, conta o professor, alguns dos PMs chegaram a atirar para o ar, por falta de sinalizadores. “Alguns policiais deram tiros pra cima, pra chamar a atenção de alguém pra nos prestar socorro”, comentou Kleber, que machucou o braço e não pôde acudir outros passageiros na lancha acidentada.

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Para ele, a falta do equipamento talvez tenha determinado a morte de algumas pessoas, já que o socorro demorou a chegar. “Uma lancha dessa não tem um sinalizador, pra prestar socorro... Muito pânico. Alguns corpos já submergindo... Ficamos quase duas horas à deriva. Certamente, se houvesse um socorro de emergência, que socorresse em 15 minutos, teria salvado muitas pessoas”, supõe.

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O acidente ocorrido ontem com a lancha Cavalo Marinho I, que fazia a travessia Mar Grande-Salvador, ainda não tem uma explicação oficial. Enquanto a Capitania dos Portos e órgãos estaduais e municipais continuam as buscas por possíveis sobreviventes e o atendimento aos feridos, os passageiros que escaparam da tragédia especulam que o mau tempo pode ter sido a principal causa do naufrágio, que ocorreu cerca de dez minutos após a saída da embarcação do terminal na Ilha, às 6h30, e a cerca de 200 metros  do ponto de embarque.

De acordo com pessoas que viajavam na lancha e conseguiram se salvar com botes e coletes, pouco depois da saída, a chuva e os ventos fortes levantaram grandes ondas, o que fez com que entrasse água no barco. Para não se molhar, os passageiros começaram a se aglomerar de um único lado da embarcação, que ficou instável devido à diferença de peso e emborcou de lado. A Capitania dos Portos não confirma essa hipótese e abriu uma investigação para apurar as causas do acidente. A Polícia Civil também está investigando o caso.

A distância da travessia Mar Grande-Salvador, que há 60 anos é feita por lanchas, é de cerca de 13 km, um pequeno trecho de mar  na imensidão de 1.223 km² da Baía de Todos os Santos, a maior do país.

No pedaço de litoral voltado para a capital, a Ilha tem um cinturão de recifes de coral e rochas de cerca de 500 metros de largura. Com a maré cheia, a profundidade nas áreas sem recifes chega a apenas cinco metros. Já na maré vazia, especialmente nas luas Cheia e Nova, a profundidade é menor que um metro e torna a navegação na área impossível.