Política e escândalos: conheça seis filmes essenciais de Bertolucci

Diretor italiano morreu nesta segunda-feira (26), aos 77 anos

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  • Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2018 às 12:40

- Atualizado há um ano

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Expressiva figura da cinematografia italiana da segunda metade do século XX, o cineasta Bernardo Bertolucci, morreu nesta segunda-feira (26), aos 77 anos. Único diretor italiano a ganhar o Oscar com o filme O Último Imperador (1987), Bertolucci conquistou fama nos anos 1970 com 1900 (1976), filme sobre a luta de classes na Itália que virou um clássico, com o escândalo mundia envolvendo o filme o Último Tango em Paris (1972). 

Pelo forte conteúdo erótico, o filme protagonizado por Marlon Brando sofreu proibições por uma série de países. Na Grã-Bretanha, os censores diminuíram a duração de algumas cenas. No Brasil, por conta da censura militar, o filme só foi liberado em 1979, enquanto que no Chile, na ditadura de Augusto Pinochet, passou trinta anos proibido.

Mas foi na Itália que o filme sofreu uma censura ainda maior. Só foi lançado em dezembro de 1975, para apenas uma semana depois todas as cópias serem confiscadas pela polícia. Bernardo Bertolucci foi processado por obscenidade, sendo condenado a quatro meses de prisão e teve seus direitos civis e políticos cassados por cinco anos.

Em 2013, passadas décadas do lançamento do filme, Bertolucci admitiu ter conspirado com Marlon Brando para humilhar a atriz Maria Schneider ao rodar a famosa cena da manteiga, em busca de uma "reação mais autêntica".

Política e escândalos marcaram a trajetória do cineasta, que iniciou sua paixão pelo cinema com o filme La Dolce Vita, de Federico Fellini. Seu pai, poeta, professor de História e crítico de cinema, o presenteou com sua primeira câmera 16mm aos 15 anos.

Em Roma, onde estudou Literatura, conheceu Pier Paolo Pasolini e foi seu assistente nas filmagens de Accattone. Também foi roteirista de Era uma Vez no Oeste, de Sergio Leone.

Autor de obras-primas, Bertolucci consagrou-se por trabalhos de forte carga erótica e política, com personagens em conflitos psicológicos e existenciais.

Com O Conformista (1970), Bertolucci recebeu sua primeira indicação ao Oscar, na categoria de melhor roteiro adaptado, além de ser nomeado ao Globo de Ouro de filme estrangeiro. O longa é inspirado em um romance de Alberto Moravia, e nele, Bertolucci, que foi membro do Partido Comunista italiano, aborda as motivações de um jovem burguês para comprometer-se com os fascistas de Mussolini.

Entretanto, a consagração de Bertolucci veio mesmo em 1987, com O Último Imperador, vencedor de todos os nove Oscar aos quais havia sido nomeado. Desde então o diretor rodou filmes como O Pequeno Buda, O Céu Que Nos Protege,  Beleza Roubada, Assédio e Os Sonhadores, sem a mesma repercussão. Seu último filme foi Eu e Você, lançado em 2012.

Último Tango em Paris (1972)

O Último Imperador (1987)

1900 (1976)

O Conformista (1970)

Beleza Roubada (1996)

Os Sonhadores (2003)