Política é o que movimenta os grupos de WhatsApp no Brasil, diz pesquisa

Levantamento ainda mostra que temas políticos relacionados à direita são mais frequentes nas discussões

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  • Kalven Figueiredo

Publicado em 20 de setembro de 2018 às 11:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Shutterstock

Uma pesquisa realizada por meio de uma parceria entre Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em conjunto com a PUC Minas, mostrou que em grupos públicos do WhatsApp há a predominância de debates políticos. O levantamento ainda mostra que os temas políticos relacionados à direita são mais frequentes na postagem de conteúdo. Foram analisados na pesquisa os grupos que a administração disponibiliza um link na internet para que qualquer pessoa possa ter acesso.

Até o momento, o Centro de Análise e Modelagem de Performance de Sistemas (Camps), da UFMG e o Human Behaviour Software Engineering (HUB-SE), - Engenharia de Software do Comportamento Humano, em tradução livre -, da PUC Minas, já realizou dois estudos. O primeiro considerou os grupos de Whatsapp dos três países que mais possuem usuários no aplicativo: Brasil, Índia e Indonésia. Na primeira pesquisa, 60 grupos públicos foram analisados e, a partir dela, foi possível traçar um foco de tema para se analisar os grupos públicos: política. 

O levantamento que possibilitou esta conclusão foi realizado com base nos tópicos das mensagens de texto e títulos de vídeos do Youtube compartilhados. Este mostrou que no Brasil o tema política foi o mais frequente. Outra conclusão da pesquisa é que os brasileiros passam mais tempo online no Whatsapp, que os indianos e indonésios. 

O doutorando em Ciência da Computação na UFMG, Josemar Alves Caetano, afirma que "as mensagens de texto eram ligadas à política, tanto do espectro da esquerda quanto da direita. As pessoas utilizavam muitas mensagens de texto com as palavras Lula, Dilma, golpe, impeachment, PT, Bolsonaro, e etc.". O pesquisador ainda ressalta que existe incidência maior no debate que envolve a direita.

Josemar ainda explica que esta análise foi possível graças a ajuda de alguns softwares, entre eles o programa LDA. “esse algoritmo retorna palavras que fazem parte de um tópico muito discutido. Além disso, utilizamos também outras técnicas de análise estatísticas, o que permitiu a descoberta que os brasileiros são mais ativos e ficam mais tempo online”, conclui. 

Perfil dos usuários Quando o grupo percebeu que política era o tema mais discutido, o próximo passo da pesquisa foi analisar grupos políticos e não políticos com o objetivo de entender como estes usuários se comportam. Para isso, 80 grupos foram analisados. As características das mensagens, dos usuários e dos grupos em si também foram consideradas. Os resultados obtidos pelos pesquisadores foram que os grupos políticos são mais movimentados do que os não-políticos. 

O também doutorando em Ciência da Computação na UFMG, Gabriel Magno, chama atenção para a baixa interação de alguns usuários nestes grupos. Embora alguns usuários postem com muita frequência, a maioria apenas observa, o que para ele indica a existência de usuários dominadores.

Caetano revelou que o próximo passo da pesquisa é “entender o compartilhamento de fake news e a incitação de ódio nas redes sociais”. Ele argumenta que uma vez que se sabe o que é mais discutido e o perfil destas pessoas, esta análise é facilitada.