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Eduardo Athayde
Publicado em 24 de outubro de 2018 às 10:25
- Atualizado há um ano
As informações sobre a construção da ponte Salvador-Itaparica, que voltam a circular na imprensa local, convidam a reflexões sobre os possíveis construtores chineses. Meticulosos e capacitados, investem em “pontes” geradoras de conhecimento, articulando suas universidades, centros de pesquisas e empresas para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras, atendendo ao mercado interno e aos clientes conquistados em prospecções graduais e precisas – estamos diante de prováveis negócios da China na Bahia.
Aos formuladores do edital da ponte Salvador Itaparica deve ser concedido “absoluta liberdade de sonhar”, como ensinava o famoso arquiteto Le Corbusier, desde que as propostas sejam sustentáveis, concretas e exequíveis.
Comprometida com a descarbonização da sua economia, a China, segundo maior PIB do mundo, 13 trilhões de dólares, crescendo 7% ao ano - meio Brasil por ano -, é recordista mundial em poluição. Com 8% das emissões globais, adotou uma abordagem de livre mercado para transformar carbono e energias renováveis em lucrativos negócios. No final de 2017, usando inteligência artificial (IA) e blockchain, os chineses revelaram planos para um programa nacional de comércio de emissões, anunciando a criação do maior mercado de carbono do planeta que terá o dobro do tamanho da União Europeia.
Neste novo cenário internacional descarbonizante, quanto será que vale a energia do vento, do sol e das marés da Baía de Todos os Santos (BTS)? Quantas cidades podem ser abastecidas com essas fontes limpas? Se for valorado e precificado o seu potencial energético natural poderá ser monetizado, ajudando a incrementar receitas da ponte-usina. Não faltarão investidores para uma ponte (outdoor) na Capital da Amazônia Azul.
Usuários de IA, a China Railway Construction Corporation (CRCC) e a China Railway (CR20), em contato com o governo baiano, não perderão a oportunidade de apresentar internacionalmente uma ponte rodoferroviária Salvador Itaparica (12,4 km de extensão) com uma triusina - eólica, solar e maremotriz - a primeira do mundo. Ganha a Bahia.
Se adotar o princípio low-carb, o novo sistema viário baiano incorporará o modal ferroviário com uma charmosa e turística estação de trem em Santo Antônio de Jesus, fazendo o percurso via Ilha de Itaparica até o metrô de Salvador, deslocando mais passageiros, mais rápido e diminuindo o indesejável e poluente engarrafamento de carros.
O transporte metroviário emite 50 vezes menos gases de efeito estufa por passageiro/km que os automóveis e quase 25 vezes menos que os ônibus. O metrô gera 2 gramas de CO2e (CO2 equivalente) por passageiro/km, enquanto os ônibus municipais emitem cerca de 52g de CO2e por passageiro/km, o que cabe como luva nos planos descarbonizantes chineses.
Autorizado por Le Corbusier a sonhar, a infraestrutura de um circuito rodoferroviário ligando Salvador-Feira de Santana-Santo Antônio de Jesus, interligado pela Ponte Amazônia Azul [assim será batizada a Salvador-Itaparica], funcionará como acelerador de riquezas, incentivando startups e criando ambiente favorável para novos negócios.
Se for construída, a ponte-usina será projetada e operada por supercomputadores de última geração (instalados no Senai-Cimatec) que informarão, além do trafego e volume de passageiros, a quantidade de quilowatts gerados por unidade tempo, mostrando, online, o valor da energia (recursos hoje dispersos) disponibilizada.
O complexo da ponte Amazônia Azul também abrigará uma estação de monitoramento da BTS em blockchain, o "Cimatec Mar", pesquisando, valorando e precificando os ativos ambientais, via processamento de bigdata, a fim de garantir recursos para pesquisas e conservação das áreas que precisam ser protegidas e desenvolvidas, como já fazem baias do mundo.
Com placas fotovoltaicas, turbinas eólicas e submarinas, construídas e operadas com tecnologias de última geração, a nova ponte-usina da BTS, gerando energia limpa e renovável, será destaque entre as baias parceiras do Clube das Mais Belas Baias do Mundo, sediado em Paris [world-bays.com/allsaints-bay], contando um pouco da história do nosso futuro.
*Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil.
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade exclusiva dos autores