Por 'obrigação da cidadania', eleitora de 96 anos vai às urnas

De acordo com o TRE-BA, mais de 16 mil pessoas com idade entre 95 e 99 anos estão aptas a votar na Bahia

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 7 de outubro de 2018 às 14:44

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mário Bittencourt/CORREIO

Filha de imigrantes libaneses que se estabeleceram em Itabuna (Sul da Bahia), a enfermeira aposentada Dalva Oliveira René, 96, foi às urnas neste domingo (7) em Vitória da Conquista, cidade da região Sudoeste que possui o terceiro maior colégio eleitoral do estado, com 221.849 eleitores, para, segundo ela, cumprir uma “obrigação do exercício da cidadania”. Ela está entre as 16.199 pessoas com idade entre 95 e 99 anos aptas a votar na Bahia, segundo informações do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA). Pelas regras das eleições, o voto é facultativo para pessoas com 70 anos ou mais e para quem tem entre 16 e 17 anos. No país, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos mais de 147 milhões de pessoas aptas a votar neste domingo, 17,9 milhões (12,1%) poderiam escolher entre comparecer ou não às urnas. No caso de dona Dalva, a opção ela sempre foi uma: votar.

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“Nunca deixei de comparecer a uma votação”, afirmou ela, para quem o melhor presidente do país foi Getúlio Vargas (1882-1954), que governou o país em dois períodos: de 1930 a 1945 (primeiro como chefe do “Governo Provisório”, depois eleito por Assembleia Constituinte e em seguida por meio de um golpe de estado) e de 1951 a 1954, quando foi eleito por voto direto, tendo governado até cometer suicídio.

“Depois de Getúlio, só o presidente Juscelino Kubitschek [que viveu entre 1902 e 1976, tendo governado o país entre 1956 e 1961]. Foram os melhores, disparado”, opinou dona Dalva, que era enfermeira do Ministério da Saúde e trabalhou na fundação do Estado do Acre, no início da década de 1960.

Ela diz que espera “ver o país crescer com mais igualdade para todos, e mais investimentos em educação”. Pensamento semelhante tem também o professor universitário aposentado Jovino Moura, 78, que também participou das eleições neste domingo. “A falta de investimentos em educação é a causa de muitos problemas, como falta de emprego, de mão de obra qualificada. Impacta na segurança, pois se houvesse mais educação, as pessoas teriam mais condições de conseguirem ter uma profissão digna e não se envolveriam com o crime”, afirmou seu Jovino. Da área de Administração, seu Jovino diz que “o Brasil precisa mais de administradores que economistas para governar o país”. “Os economistas também são importantes, mas em primeiro devem vir os administradores, e fazer os investimentos certos, de forma planejada, para que se colha resultados em longo prazo”, acrescentou. Aos 77 anos e caminhando com dificuldades por ter feito uma cirurgia no joelho há três dias, o médico pediatra Silas Araújo Matos, ainda na ativa, disse logo após votar que “o candidato deve ser escolhido pelo seu caráter, pela honestidade, defesa da família e que seja temente a Deus”. “Temos de ter consciência do nosso voto e exercer bem a cidadania. Acredito no Brasil e nos homens de bem que podem fazer com que ele tenha desenvolvimento em várias áreas, sobretudo em educação e saúde, que devem ser de qualidade para todos”, disse.