Por que Guto caiu e Mancini não? A pergunta é difícil, mas cabe uma análise

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Publicado em 7 de junho de 2018 às 09:04

- Atualizado há um ano

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Guto Ferreira caiu após perder do Grêmio, por causa da má campanha do Bahia na Séria A. E por que Vagner Mancini não perdeu o emprego depois da goleada por 5x2 para o Santos, considerando que o ano rubro-negro é bem pior que o tricolor?

A pergunta é um samba do crioulo doido em sua gênese, mas explico: curiosamente, a reação imediata de alguns amigos rubro-negros, ao saberem da demissão de Guto, foi falar de Mancini. Uma constatação em tom de lamúrio, do tipo “só Mancini não cai”.

Óbvio que cada clube tem sua diretriz e a postura do Vitória não precisa relação alguma com a do Bahia, nem vice-versa. Afinal, cada qual com seus problemas e com suas tentativas de solução. Mas é possível responder à pergunta através da análise de cada elenco.

Guto foi demitido porque a diretoria tricolor enxerga que o elenco não é tão ruim a ponto de ocupar o 18º lugar no Brasileirão - colocação que o Bahia iniciou esta 10ª rodada. De fato, se olhar no papel e também no que a equipe demonstrou com o próprio Guto, é quase consenso que o Bahia pode mais, como ficar na faixa intermediária, que classifica à Sul-Americana.

Isso é verdade, embora seja necessário fazer um longo parêntese. Primeiro, a ressalva de que o tricolor não é isso tudo que podem alguns imaginar. Segundo, que os reforços sub-23 disponibilizados para Guto não são exatamente o que convém chamar de reforços. São meras apostas que estouraram a idade de júnior e, aos 21 ou 22 anos, não se firmaram em clube nenhum. O achado de Gregore é uma exceção que não deveria ter virado regra.

Já Mancini não foi embora justamente pelo contrário: a diretoria rubro-negra enxerga que as deficiências do elenco não permitem exigir do treinador que o Vitória esteja em um patamar melhor que o atual, de brigar para não ser rebaixado (o Leão iniciou a rodada em 17º, antes de ganhar da Chapecoense). Isso não significa se conformar com pouco, e sim dar o frio conforme o cobertor.

Em poucas palavras, Mancini não caiu porque a diretoria do Vitória sabe que o time é ruim e Guto caiu porque a cúpula do Bahia sabe que o time é relativamente bom e perdeu a confiança de que o treinador recuperaria os bons resultados. É uma linha coerente de raciocínio dos dois lados.

Arrisco dizer que a postura nos jogos fora de casa foi crucial para a queda do nível de confiança em Guto Ferreira. Mais que os resultados, o Bahia perdeu porque entrou em campo para empatar. Foi assim contra Internacional, Palmeiras e Flamengo, este último com o treinador admitindo, após a derrota por 2x0, que tentou segurar o empate no primeiro tempo para tentar fazer algo no segundo. Esta é uma mentalidade que a torcida tricolor não aceita, e pelo visto a diretoria também não. Guto, sempre muito bom nos aspectos mentais do futebol, pecou nesse ponto. Faltou a ele captar esse desejo coletivo e sincronizar seu pensamento com o do clube.

Lógico que tudo isso só teve peso porque o Bahia tomou aquele gol de fora da área aos 47 minutos do 2º tempo, no 2x2 contra o São Paulo, e porque os atacantes não acharam o gol no empate por 0x0 contra o Atlético-PR, ambos na Fonte Nova. Tivesse ganhado os dois jogos em casa, a aceitação aos péssimos resultados como visitante seria diferente, tanto da torcida, quanto diretoria e imprensa. É assim o futebol.